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OCULTA
Graças a essas fortificações, romanos só tomaram a região em 19 a.C
Castro adiou a conquista da Galícia
DO ENVIADO ESPECIAL À ESPANHA
Viajar pela Galícia é voltar à
Idade do Ferro e do Bronze, época
à qual é remetido quem visita os
castros, guardiões, até hoje, dos
primeiros sinais de civilização na
península Ibérica, milênios antes
de Cristo.
Os castros são fortificações típicas do período anterior à tomada
da região pelos romanos, ainda
durante a Idade do Ferro e do
Bronze. O Império Romano estendeu suas fronteiras à península
Ibérica no século 2º a.C. Só muito
tempo depois, as legiões de Roma
chegaram ao norte e ao noroeste
da península -a região onde hoje se situa a Galícia. Oficialmente,
os romanos conquistaram essa
região no ano 19 a.C.
Os romanos demoraram mais
para se impor graças ao papel desempenhado por essas fortificações. A resistência, que ganhou
contornos românticos em relatos
posteriores, está retratada nos desenhos do Asterix. A realidade é a
mesma, com a diferença de que a
aldeia fictícia do herói ficava na
Gália. As fortificações, que visavam à defesa contra inimigos locais, revelaram-se eficazes contra
o Exército romano. Estima-se ter
havido até 6.000 castros na região.
Nenhum sobreviveu aos dias de
hoje, mas alguns deixaram ruínas
que podem reconstruir a vida daquele tempo. Cerca de 800 castros
podem ser visitados. Um deles, o
de Viladonga, fica 23 quilômetros
a nordeste de Lugo, na Galícia.
Como a maioria dessas fortificações, Viladonga está construído
sobre uma área naturalmente elevada, com o objetivo de facilitar a
defesa do povoado. Com cerca de
10 mil metros quadrados, é cercado por uma muralha e tem apenas duas saídas. Cerca de 600 pessoas viviam nessa área.
As ruínas mostram casas de pedra que, na época, eram cobertas
com palha. São construções circulares, porque o povo que habitava a fortificação desconhecia o
ângulo reto. A cultura dos castros
se estende do século 6º a.C até o
século 1º d.C.
A chegada dos romanos, porém, não significa uma ruptura.
Ocorre, antes, um período de acomodação entre as duas culturas.
Assim, é possível observar, no
castro de Viladonga, casas formando ângulos retos, uma contribuição dos romanos, que passaram a habitar aquelas edificações. Essa civilização galaico-romana perdura até o século 6º.
Não há certeza sobre a origem
dos povos que habitavam os castros. Possivelmente eram de origem celta, mas já misturados com
a população ibérica local. Deixaram muitos objetos ornamentais
de cerâmica e instrumentos. Esses
objetos estão expostos no Museu
do Castro de Viladonga, montado
a partir de trabalhos arqueológicos iniciados em 1971. O trabalho
continua. Ainda hoje, no verão,
equipes de arqueólogos voltam ao
sítio para novas escavações.
(OSCAR PILAGALLO)
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