São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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UM LUGAR AO SUL

Conexão em ATL pode virar visita a Atlanta

Sede da Coca-Cola e da CNN, capital informal do Sul dos EUA, Atlanta pode ser mais do que uma escala

Mark William Penny/Shutterstock
Centro de Atlanta no fim da tarde

HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A ATLANTA

"Ya'll" -soa como "iól"- é como você será chamado a partir do momento que chegar a Atlanta. Acostume-se também a dizer como vai, de onde vem e quanto tempo vai ficar.
Atlanta é uma cidade grande, a maior do pedaço, centro de uma área metropolitana que concentra mais de 5 milhões de pessoas. Mas, mesmo assim, todo mundo faz essas perguntas, da caixa do supermercado ao garçom, do porteiro ao policial, sempre com um sorriso no rosto e um sotaque sulino.
"Ya'll" é a contração de "you all", ou todos vocês. E não importa que esteja sozinho, o tratamento será no plural. Todos vocês, portanto, chegaram à cidade que carrega o status de capital do Sul dos Estados Unidos, o centro de tudo aquilo que está abaixo e à direita no mapa do país -para o lado esquerdo, já vira Centro-Oeste.

Gringa
E Atlanta não se faz de rogada, abraça o título de capital sem fingir cosmopolitismo.
É norte-americana, com tudo o que vem com isso. Aqui o carro é mais importante que o pedestre -três rodovias interestaduais cruzam o coração da metrópole e atravessar a rua é difícil até para o pedestre paulistano mais tarimbado -, e uma via pode ficar congestionada por causa de uma fornada de rosquinhas. Os parques são bem cuidados -o Piedmont (www.piedmontpark.org) ocupa 765 mil metros quadrados, se mescla a casas e ostenta boa programação cultural.
E a glória é comer tomates verdes fritos e frango frito com molho apimentado e farofa de peru -que lembra, a última, o gosto do dia de Ação de Graças. Nada mais típico.
Para reforçar, símbolos norte-americanos desfilam por ali. Em primeiro lugar, essa é a cidade-sede da Coca-Cola. Em segundo, é ali também a sede da rede televisiva de notícias CNN. Em terceiro, foi ali perto, a 144 km, que morreu, em 1945, o presidente Franklin Delano Roosevelt, um dos mais populares do país. Por último, em Atlanta nasceu, em 1929, o ativista dos direitos civis Martin Luther King.

De novo e de novo
Se tem uma graça passadista, Atlanta também teima em se reinventar. Foi assim após o fim da Guerra Civil, em 1865 -a cidade foi destruída pelas tropas da União que ficaram ali durante meses e colocaram fogo em tudo antes de desocupar a área-, foi assim para a Olimpíada de 1996 e está sendo assim de uns anos para cá, quando o museu de arte foi ampliado, o da Coca-Cola teve nova sede inaugurada e o aquário da Geórgia, maior do mundo em volume de água, abriu as portas.
Desde a primeira reconstrução -que legou o dizer "resurgens", ressurgir em latim, e o símbolo da fênix ao brasão da cidade- Atlanta se propõe como face moderna do Sul do país. Com algumas alcunhas, como "Hotlanta", trocadilho com o calor que faz ali, o apelido do momento é ATL.
A sigla é vista em canecas que imitam o logo "Eu coração NY", substituindo o NY por ATL. E, não por acaso, ATL é a sigla do aeroporto local. Muito da modernização da cidade se deve ao seu aeroporto, um dos maiores hubs dos EUA, onde a companhia aérea Delta centraliza suas operações.
É por causa dele, do aeroporto, que um turista pode acabar ficando uns dias a mais ali.
Em vez de encarar ATL como uma simples conexão de um vôo para outro lugar, vale esticar a mergulhar por uns dias em Atlanta.


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