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Sotaque dos habitantes e relevo montanhoso emprestam à cidade características do Estado vizinho
São José do Rio Pardo tem jeitinho mineiro
DA ENVIADA A SÃO JOSÉ DO RIO PARDO
Quase na divisa com Minas Gerais, São José do Rio Pardo tem
um quê de cidade mineira: o sotaque da população e o relevo montanhoso lembram o Estado vizinho. Tem quase 50 mil habitantes, 41 mil deles na zona urbana. O
centro é charmoso, com casas coloridas e bem conservadas. Nos
últimos anos, os rio-pardenses
ganharam cinco prédios residenciais e um comercial, mas a cidade não perdeu o ar acolhedor dos
municípios interioranos.
A melhor maneira de conhecer
a cidade é a pé, apesar da inclinação das ruas. Nada que uma parada em algum café não ajude a restabelecer as forças. Em São José
do Rio Pardo não há nenhum semáforo, prova de que lá reina a
tranquilidade.
Até mesmo na ponte metálica,
construída por Euclides da Cunha, os motoristas tendem a respeitar uns aos outros: a ponte só
aceita o trânsito em um sentido
de cada vez e, enquanto os carros
de uma margem do rio transitam,
os da outra ficam esperando até
que um motorista dê passagem.
Próximo à Casa Euclidiana,
bem no centro da cidade, fica a
igreja matriz, na praça Quinze de
Novembro. Em estilo gótico, seus
vitrais representam a via-sacra. A
parte externa é decorada com esculturas em tamanho natural dos
12 apóstolos, de Nossa Senhora e
de são José, todas elas em cimento, esculpidas pelo artista rio-pardense Guido Bozzini.
Na praça onde fica a igreja, a cada dois meses, a Associação Rio-Pardense de Artes e Artesanato
(tel. 0/xx/19/3684-1199) monta
mais de 70 barracas de artesãos
da região durante uma semana.
São vendidos desde doces, salgados e pinga artesanal até sandálias, bolsas e bijuterias. Artistas
nativos também se apresentam.
Atrás da igreja, do outro lado da
rua, está o Museu Rio-Pardense
Arsênio Frigo, que ocupa o antigo
prédio da Casa de Câmara e Cadeia (praça Capitão Vicente Dias,
9, tel. 0/xx/19/3608-8888).
O museu preserva dados relacionados à história da cidade,
além de uma hemeroteca, uma biblioteca e o arquivo de imagem e
som da cidade, com uma coleção
de discos em vinil, gravações com
personagens ilustres (artistas, políticos e tipos curiosos que fizeram parte da história da cidade) e
um sistema de vídeo e som que
pode ser utilizado pelo público. O
museu conta ainda com uma pinacoteca de 300 obras.
Se você decidir pegar o carro,
antes de passar pela ponte metálica, dê uma parada na ilha São Pedro (funciona de ter. a dom., das
10h às 17h. Grátis). Localizada
muito próxima ao centro, o acesso final é a pé por uma ponte pênsil sobre o rio Pardo, de onde se
tem uma vista da ponte metálica e
da cidade. Na ilha, fica um minizoológico e uma área de lazer.
O passeio dura o quanto a sua
vontade de descansar lhe permitir. Se depender do guarda que
cuida dos animais, você ficará desanimado para entrar no minizôo: "Aqui só há um leão bem velho e alguns outros animais". O
guarda é sincero, característica
rio-pardense, mas nada que a curiosidade não permita uma visita.
Além do felino, tartarugas, macacos e algumas aves habitam a ilha.
As crianças adoram o arborizado minizôo, que fica à beira do rio
Pardo. É um lugar ótimo para
quem quer ler um livro ou apenas
se dar o direito de não fazer nada.
Mas já que a proposta é conhecer São José do Rio Pardo, a vista a
partir do Cristo Redentor apresenta a dimensão da cidade. Para
chegar até ele, é preciso atravessar
o rio pela ponte metálica. A estátua tem 17 m de altura, e é a segunda maior do Brasil, perdendo
apenas para o Corcovado, no Rio,
que mede 38 m (com o pedestal).
Segundo os registros, o sesmeiro capitão Alexandre Luis de Melo e seu clã teriam sido os primeiros a se instalar na região do vale
do rio Pardo, em 1815, entre os
afluentes dos rios Fartura e Peixes. Depois chegaram agricultores de outras Províncias, principalmente de Minas Gerais, atraídos pelo solo fértil da região.
Em 1865, reuniram-se para a
construção de uma capela sob a
invocação de são José, liderados
pelo coronel Antonio Marçal Nogueira de Barros, fundador da cidade. O nome São José foi dado
em homenagem ao santo e Rio
Pardo, pela cidade ser cortada pelo rio homônimo. A capela criada
em São José do Rio Pardo foi elevada a vila, que só pôde ser instalada em maio de 1886, quando ficou pronta a Casa de Câmara.
São José do Rio Pardo atraiu
inúmeros imigrantes, principalmente italianos, que foram substituindo a mão-de-obra escrava.
Os agricultores criaram o Ramal
Férreo do Rio Pardo, para o escoamento do café ali produzido.
A cidade se projetou no cenário
nacional em 11 de agosto de 1889,
quando seus moradores republicanos prenderam o subdelegado
e tomaram a Casa de Câmara e
Cadeia, proclamando a República três meses antes de ela vigorar
no Brasil. O local do episódio
abriga hoje o hotel Brasil.
Em decorrência desse acontecimento, a vila foi elevada à categoria de cidade em 1891, com a denominação de Cidade Livre do
Rio Pardo, nome rejeitado pelos
rio-pardenses, que preferiram o
atual.
(MIRELLA DOMENICH)
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