São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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NA LINHA DO EQUADOR

Altitude e patrimônio são de tirar o fôlego

Centro de Quito é, segundo a Unesco, o mais inalterado entre os de todas as cidades latino-americanas

Rodrigo Buendia - 2.abr.2008/ France Presse
Vista do domo principal e da nave da igreja da Companhia de Jesus

MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

EM QUITO

Quem não está acostumado com grandes altitudes como a de Quito, que fica 2.850 m acima do nível do mar, sente falta de ar e tontura ao chegar à cidade. Mas não é só isso que deixa o turista tonto nessa cidade.
O interior da igreja e colégio da Companhia de Jesus tem efeito similar, mas por outros motivos. Aqui não é a falta de oxigênio, mas a profusão de adornos, característico do estilo barroco da chamada escola de Quito, que usa elementos dos estilos espanhol, italiano, mourisco, flamengo e indígena, que tira o fôlego do visitante.
O prédio integra o centro histórico de Quito, que, há 30 anos, foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A porção antiga da capital equatoriana foi o primeiro conjunto do tipo, ao lado do centro histórico de Cracóvia (Polônia), a receber o título, na primeira sessão de tombamentos do comitê responsável -realizada em 7 de junho de 1978, que reconheceu como patrimônio outros cinco locais. No mesmo ano, no segundo encontro da comissão, em 9 de outubro, o arquipélago de Galápagos foi tombado.

Preservação
Segundo o site da Unesco, Quito mantém "o mais preservado e menos alterado centro histórico de cidades latino-americanas". A organização indica que, além da igreja da Companhia de Jesus, os monastérios de San Francisco e de Santo Domingo são exemplos puros do barroco quitenho.
A avaliação da comissão que julgou se o conjunto deveria ser tombado elogia: "As ações do homem e da natureza criaram uma obra única" na cidade.
Quito foi fundada no século 16, sobre uma cidade inca. Em 1917, um terremoto devastou a região, mas poupou grande parte das edificações históricas.
Há dez anos, um relatório de estado de conservação chamou a atenção para o risco de o vulcão Pichincha, a oeste da cidade e de volta à atividade depois de 300 anos, entrar em erupção.
Cobrou, da cidade, um pacote de medidas preventivas e um plano de manejo para a crise após uma possível erupção.
Um ano depois, novo relatório informa que o plano de prevenção foi feito e que as autoridades locais devem manter a comissão da Unesco informada sobre as atividades do vulcão. Por enquanto, vai tudo bem.

Pelas ruas
Estando nas ruas do centro antigo, compre o milho tostado que as vendedoras ambulantes vendem por US$ 0,50 para entrar no clima. Ou, ainda, prove o "choclo", sopa preparada com queijo, batata, ovos e abacate, que custa US$ 5 (R$ 7,5), servido em lanchonetes modestas. Alimentado, encare a sucessão de prédios históricos -são 40 igrejas, 16 monastérios, 17 praças, 12 praças de convento e 12 museus em 3,2 km2. Entre os 40 templos, o mais importante é a igreja e colégio da Companhia de Jesus. A construção da igreja começou em 1605 e só terminou 163 anos depois. Depois de dois terremotos e um incêndio, ela foi reaberta, restaurada, em 2006.
A fachada foi talhada em pedra vulcânica andina e, no interior, os adornos foram cobertos de ouro -somam-se, ao todo, sete toneladas do metal nobre. Outro destaque é o monastério de San Francisco, onde está a igreja mais antiga de Quito, cuja construção começou algumas semanas depois da fundação da cidade, em 1534. A igreja foi concluída somente 70 anos depois do início das obras.


IGREJA DA COMPANHIA DE JESUS -
Esquina das ruas García Moreno e Sucre. De seg. a sex., das 9h30 às 17h30; aos sáb., das 9h às 16h; e aos dom., das 13h às 16h. Tel.: 00/xx/593/2/258-4175
www.ficj.org.ec

MONASTÉRIO DE SAN FRANCISCO
Rua Cuenca, 477. De seg. a sex., das 9h às 13h e das 14h às 18h; aos sáb., das 9h às 18h; e aos dom., das 9h às 13h Tel.: 00/xx/593/2/228-1124


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