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SABOR PARÁ
Prédios revitalizados se perdem na paisagem confusa, marcada pela sujeira e pelo clima úmido e quente
Belém intercala encantos e problemas
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)
Bem no centro de Belém fica
o forte do Castelo, construção
ligada à origem da cidade. Erguido em 1616, está voltado para o encontro do rio Guamá
com o mar. De lá, das grossas
paredes que servem de apoio a
grandes canhões, se tem a melhor vista para o principal ponto turístico da capital paraense:
o mercado Ver-o-Peso.
Entre o forte e o mercado,
avista-se um trecho bastante
degradado, em que homens e
mulheres tomam banho nas
águas do rio, comem açaí em
barraquinhas e dormem em redes esticadas nos barcos que ficam ali atracados. Apesar de a
descrição soar algo bucólica, a
cena não é bonita. Tudo sujo, o
mau cheiro toma o ar e o moço
da farmácia no meio do cenário
avisa: cuidado com o "mão fina"
(batedor de carteira).
Belém é assim: intercala lugares lindos a trechos degradados. À primeira vista, a cidade é
feia. Suja, enlameada, quente,
bagunçada. As calçadas são tomadas por barracas, que, à noite, se transformam em amontoados de gente e desencorajam o turista de caminhar.
A reação é evitar o passeio.
Mas ela pode ser exagerada.
Um motorista de táxi se recusa
a fazer a corrida: "Mas a Estação das Docas [destino da corrida] é a cinco quadras daqui, vá
caminhando". Não é perigoso?
"Não. Pode ir", garante.
Ao passar dos dias, a cidade
vai mostrando seu lado bonito.
São museus, prédios, vistas do
rio. Lugares únicos, que só poderiam estar lá, mas são isolados. Não formam um conjunto
bonito, porque não estão colados uns aos outros. Ficam escondidos na bagunça geral, que
camufla também iniciativas de
revitalização, como a Estação
das Docas, uma praça de alimentação montada dentro das
docas reformadas, e o núcleo
Feliz Lusitânia -onde ficam o
forte, a Casa das Onze Janelas e
o Museu de Arte Sacra. Pontos
que são ilhas na cidade.
À terceira vista, na volta da
viagem, a primeira impressão é
confirmada. A cidade é feia.
Mas aqui e ali há lugares que
compensam a longa jornada.
A viagem, aliás, não é só longa
como é cara. A passagem aérea
pode custar R$ 1.440. Assim, é difícil
encarar a cidade como um destino turístico -exceto para fãs
de gastronomia e arquitetura.
Porém, aqueles que rumam a
destinos de natureza nos arredores passarão alguns dias na
cidade. E, nesse tempo, poderão reunir boas lembranças.
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