São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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PROMOÇÃO

Argentino não vem ao Brasil, mas quer vizinho

CHIAKI KAREN TADA
DA REPORTAGEM LOCAL

É uma gangorra de oportunidades em que o turista aproveita onde e quando seu dinheiro vale mais. A festa que acabou no país vizinho no ano passado lançou nuvens sobre o último verão do turista argentino no Brasil, mas promete levar mais brasileiros à Argentina neste inverno. Lá, pensando em dólares, os preços despencaram, e hoje um peso vale cerca de US$ 4.
Enquanto para a Argentina o turista brasileiro é mais que bem-vindo, o ministro do Turismo brasileiro, Caio Luiz de Carvalho, quer substituir os viajantes vizinhos pelos europeus.
Segundo dados da Subsecretaria de Turismo de Buenos Aires, 32 mil estrangeiros chegam por semana ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, na capital. Espera-se um aumento de 30% neste inverno em relação a 2001.
Nesta temporada haverá ainda 20 vôos fretados do Brasil (contra 12 no ano passado) direto para os centros de esqui, especialmente Bariloche, totalizando 3.740 passageiros (ida e volta), de acordo com a subsecretaria.
Em vôos regulares, por semana são mais de 10 mil passageiros que chegam ao país pela Varig, TAM e Aerolíneas Argentinas.
"A chegada de brasileiros cresce dia a dia e as expectativas são muitas", diz Marco Palacios, da Associação Argentina de Agências de Viagens e Turismo (AAAVYT), que diz que até agora há 30% mais chegadas de brasileiros que no ano passado.
Nos centros de esqui, a presença de brasileiros está 40% maior, segundo a Secretaria de Turismo e Esporte da Nação (argentina).
Na operadora Agaxtur, a venda de pacotes para o vizinho está 50% maior que o mesmo período em 2001, e os preços, 30% mais baixos, diz o diretor Aldo Leone Filho. Além disso, "o custo de vida está chamando a atenção", diz.
Uma camisa Lacoste em Buenos Aires, por exemplo, custa 75 pesos (US$ 21), e uma refeição no restaurante El Mirasol, com vinho e sobremesa, 40 pesos (US$ 11).

Verão nublado
"Este ano, no Brasil, o desastre foi total", afirma Tasso Gadzanis, presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), quando fala de turistas do país vizinho. Segundo ele, eram esperados 800 mil argentinos no último verão -vieram 200 mil. Dos 5 milhões de estrangeiros que visitam anualmente o Brasil, 30% são da Argentina.
Santa Catarina foi um dos Estados mais afetados. Recebeu 113 mil argentinos neste verão, contra 490 mil no de 2001, segundo a Santur, órgão oficial de turismo do Estado. Em Balneário Camboriú, um dos redutos argentinos, a queda foi de 72% no período.
As associações de agentes dos dois países chegaram a criar uma Câmara Permanente Brasil e Argentina de Turismo após a crise.

Europa
O Brasil concentra agora esforços nos turistas europeus e, no caso de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, também em pólos nacionais emissores de turistas.
O Ministério do Esporte e Turismo estima que o país receberá neste ano somente 700 mil argentinos, contra 1,3 milhão em 2001, ou menos US$ 322 milhões. O argentino gastava em média US$ 69 por dia, com uma estada de 7,8 dias. Já o europeu gasta US$ 90 por dia, com estada de 12,5 dias.
"Esperamos que um europeu possa compensar a perda de dois argentinos", diz Carvalho. Segundo o ministro, foram investidos R$ 13,5 milhões em propagandas veiculadas em cinemas e catálogos de viagem e em workshops e feiras. Outros R$ 10 milhões devem ir para comerciais de TV.
O escritório argentino do comitê Visite Brasil, de divulgação do país no exterior, iniciará trabalhos com a América Latina, diz Marco Lomanto, diretor de marketing da Embratur. Chile, Uruguai, Paraguai e México estão na mira do órgão de fomento turístico.


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