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PROMOÇÃO
Argentino não vem ao Brasil, mas quer vizinho
CHIAKI KAREN TADA
DA REPORTAGEM LOCAL
É uma gangorra de oportunidades em que o turista aproveita onde e quando seu dinheiro vale
mais. A festa que acabou no país
vizinho no ano passado lançou
nuvens sobre o último verão do
turista argentino no Brasil, mas
promete levar mais brasileiros à
Argentina neste inverno. Lá, pensando em dólares, os preços despencaram, e hoje um peso vale
cerca de US$ 4.
Enquanto para a Argentina o
turista brasileiro é mais que bem-vindo, o ministro do Turismo
brasileiro, Caio Luiz de Carvalho,
quer substituir os viajantes vizinhos pelos europeus.
Segundo dados da Subsecretaria de Turismo de Buenos Aires,
32 mil estrangeiros chegam por
semana ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, na capital. Espera-se um aumento de 30% neste inverno em relação a 2001.
Nesta temporada haverá ainda
20 vôos fretados do Brasil (contra
12 no ano passado) direto para os
centros de esqui, especialmente
Bariloche, totalizando 3.740 passageiros (ida e volta), de acordo
com a subsecretaria.
Em vôos regulares, por semana
são mais de 10 mil passageiros que
chegam ao país pela Varig, TAM e
Aerolíneas Argentinas.
"A chegada de brasileiros cresce
dia a dia e as expectativas são
muitas", diz Marco Palacios, da
Associação Argentina de Agências de Viagens e Turismo
(AAAVYT), que diz que até agora
há 30% mais chegadas de brasileiros que no ano passado.
Nos centros de esqui, a presença
de brasileiros está 40% maior, segundo a Secretaria de Turismo e
Esporte da Nação (argentina).
Na operadora Agaxtur, a venda
de pacotes para o vizinho está
50% maior que o mesmo período
em 2001, e os preços, 30% mais
baixos, diz o diretor Aldo Leone
Filho. Além disso, "o custo de vida está chamando a atenção", diz.
Uma camisa Lacoste em Buenos
Aires, por exemplo, custa 75 pesos (US$ 21), e uma refeição no
restaurante El Mirasol, com vinho
e sobremesa, 40 pesos (US$ 11).
Verão nublado
"Este ano, no Brasil, o desastre
foi total", afirma Tasso Gadzanis,
presidente da Abav (Associação
Brasileira de Agências de Viagens), quando fala de turistas do
país vizinho. Segundo ele, eram
esperados 800 mil argentinos no
último verão -vieram 200 mil.
Dos 5 milhões de estrangeiros que
visitam anualmente o Brasil, 30%
são da Argentina.
Santa Catarina foi um dos Estados mais afetados. Recebeu 113
mil argentinos neste verão, contra
490 mil no de 2001, segundo a
Santur, órgão oficial de turismo
do Estado. Em Balneário Camboriú, um dos redutos argentinos, a
queda foi de 72% no período.
As associações de agentes dos
dois países chegaram a criar uma
Câmara Permanente Brasil e Argentina de Turismo após a crise.
Europa
O Brasil concentra agora esforços nos turistas europeus e, no caso de Santa Catarina e do Rio
Grande do Sul, também em pólos
nacionais emissores de turistas.
O Ministério do Esporte e Turismo estima que o país receberá
neste ano somente 700 mil argentinos, contra 1,3 milhão em 2001,
ou menos US$ 322 milhões. O argentino gastava em média US$ 69
por dia, com uma estada de 7,8
dias. Já o europeu gasta US$ 90
por dia, com estada de 12,5 dias.
"Esperamos que um europeu
possa compensar a perda de dois
argentinos", diz Carvalho. Segundo o ministro, foram investidos
R$ 13,5 milhões em propagandas
veiculadas em cinemas e catálogos de viagem e em workshops e
feiras. Outros R$ 10 milhões devem ir para comerciais de TV.
O escritório argentino do comitê Visite Brasil, de divulgação do
país no exterior, iniciará trabalhos
com a América Latina, diz Marco
Lomanto, diretor de marketing
da Embratur. Chile, Uruguai, Paraguai e México estão na mira do
órgão de fomento turístico.
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