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CHAME GENTE
Volume de turistas pode ter diminuído em até 20 vezes sem a vinda dos vizinhos e após falência da Soletur
Crise argentina atinge até Porto Seguro
CAROL FREDERICO
ENVIADA ESPECIAL À BAHIA
Oito meses após a falência da
Soletur, Porto Seguro ainda sente
o forte impacto no turismo local.
Vedete dos formandos de primeiro e segundo graus, a cidade já
não consegue mais se bancar com
a mistura explosiva do axé com o
capeta (típica bebida local).
A Grou, maior agência de receptivo da Bahia, recebeu 2.000 turistas por semana em junho do ano
passado, número que baixou para
cem neste ano, 20 vezes menos.
Como se fosse vítima de uma
onda de azar, a cidade também
está sofrendo com a crise na Argentina. "Todos os 12 vôos fretados vindos de lá foram cancelados", diz Marcio Motta, gerente
geral da Grou.
Nem os atentados de 11 de setembro, que fez crescer o turismo
interno, salvaram o destino.
Tanto o Porto Seguro Convention & Visitors Bureau quanto
agências e hotéis de Porto Seguro
acreditam que a imagem da cidade tenha sido desgastada com os
estereótipos da Passarela do Álcool, das barracas de axé e do
grande número de adolescentes.
Para Fernando del Cistia, gerente comercial da CVC, a falência da
Transbrasil também ajudou a
provocar um descrédito no setor.
"A CVC absorveu pelo menos
50% dos clientes da Soletur, mas o
risco ainda é grande, já que Porto
Seguro é vista como local de turismo barato, depois que pousadas e
hotéis começaram a praticar planos tarifários suicidas."
Na cidade alta, até o índio que
cobra R$ 2 por cada foto tirada
sente o baque; à noite, Arraial
d'Ajuda não chega a ficar vazia,
mas não é mais como antes.
É bem provável que Porto Seguro não consiga se recuperar para o
verão 2002/2003, mas os responsáveis pelo turismo local estão se
mexendo para virar o jogo na
temporada seguinte.
Segundo Rosane Schneider, gerente de captação do Convention,
a estratégia agora é investir nos
arredores da cidade, com o apelo
de que a região faz parte da Costa
do Descobrimento, e esquecer
um pouco os antigos chamarizes,
como axé, lambada e praias.
"Queremos fazer de Porto Seguro um lugar para a família", diz
Jonas de Carvalho, gerente-geral
da rede Tropical, com dois hotéis
na cidade que pertenciam à Soletur e que hoje são do Grupo Varig.
Porto Seguro aposta também
no Centro Cultural e de Eventos
do Descobrimento, inaugurado
em 2000 e ainda pouco divulgado,
como atrativo para o turismo de
negócios.
Carol Frederico viajou a convite da rede Tropical e do Grupo Varig.
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