São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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CHAME GENTE

Volume de turistas pode ter diminuído em até 20 vezes sem a vinda dos vizinhos e após falência da Soletur

Crise argentina atinge até Porto Seguro

CAROL FREDERICO
ENVIADA ESPECIAL À BAHIA

Oito meses após a falência da Soletur, Porto Seguro ainda sente o forte impacto no turismo local. Vedete dos formandos de primeiro e segundo graus, a cidade já não consegue mais se bancar com a mistura explosiva do axé com o capeta (típica bebida local).
A Grou, maior agência de receptivo da Bahia, recebeu 2.000 turistas por semana em junho do ano passado, número que baixou para cem neste ano, 20 vezes menos.
Como se fosse vítima de uma onda de azar, a cidade também está sofrendo com a crise na Argentina. "Todos os 12 vôos fretados vindos de lá foram cancelados", diz Marcio Motta, gerente geral da Grou.
Nem os atentados de 11 de setembro, que fez crescer o turismo interno, salvaram o destino.
Tanto o Porto Seguro Convention & Visitors Bureau quanto agências e hotéis de Porto Seguro acreditam que a imagem da cidade tenha sido desgastada com os estereótipos da Passarela do Álcool, das barracas de axé e do grande número de adolescentes.
Para Fernando del Cistia, gerente comercial da CVC, a falência da Transbrasil também ajudou a provocar um descrédito no setor. "A CVC absorveu pelo menos 50% dos clientes da Soletur, mas o risco ainda é grande, já que Porto Seguro é vista como local de turismo barato, depois que pousadas e hotéis começaram a praticar planos tarifários suicidas."
Na cidade alta, até o índio que cobra R$ 2 por cada foto tirada sente o baque; à noite, Arraial d'Ajuda não chega a ficar vazia, mas não é mais como antes.
É bem provável que Porto Seguro não consiga se recuperar para o verão 2002/2003, mas os responsáveis pelo turismo local estão se mexendo para virar o jogo na temporada seguinte.
Segundo Rosane Schneider, gerente de captação do Convention, a estratégia agora é investir nos arredores da cidade, com o apelo de que a região faz parte da Costa do Descobrimento, e esquecer um pouco os antigos chamarizes, como axé, lambada e praias.
"Queremos fazer de Porto Seguro um lugar para a família", diz Jonas de Carvalho, gerente-geral da rede Tropical, com dois hotéis na cidade que pertenciam à Soletur e que hoje são do Grupo Varig.
Porto Seguro aposta também no Centro Cultural e de Eventos do Descobrimento, inaugurado em 2000 e ainda pouco divulgado, como atrativo para o turismo de negócios.


Carol Frederico viajou a convite da rede Tropical e do Grupo Varig.

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