São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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NO TABULEIRO

Na capital, pecado da gula tem acarajé, pirão e caranguejo

Estimam-se em 4.000 as quituteiras soteropolitanas que, a caráter, preparam o bolinho afro-baiano

Marcio Freitas/Folha Imagem
Convento de São Francisco, que passa por restauração; as paredes têm azulejos portugueses


SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Primeira capital do Brasil, Salvador tem hoje mais de três milhões de habitantes -e, calculam-se, 4.000 baianas que, a caráter, preparam o acarajé. Três dessas baianas, Dinha, Cira e Regina, em seus concorridos tabuleiros no bairro do Rio Vermelho, estão no topo da lista das quituteiras soteropolitanas especializadas no bolinho feito de macerado de feijão-fradinho e cebola, frito no azeite de dendê e recheado de camarão seco, de vatapá e de salada (de fato, um vinagrete sem vinagre, com cebola, tomate e, às vezes, pimentão verde, tudo picadinho). Há ainda quem sirva o acarajé com caruru, iguaria feita de quiabo.
Entre a cruz e o caldeirão, a barraca de Dinha fica no largo de Santana, diante da igreja antiga do Rio Vermelho; a de Regina é atrás dessa mesma capela, perto do estacionamento. Mais distante da igreja, Cira mostra seus dotes culinários no largo da Mariquita -e seus clientes, mais que fiéis, aproveitam as mesas dos botecos Mariquita Bacana e Cabral 500 para comer seu acarajé acompanhado das "roscas", caipirinhas de vodca feitas também com frutas locais, como graviola, umbu, umbu-cajá, caju, lima, sirigüela etc., ideais para espantar o gosto malvado da usual pimenta-malagueta.
Ali, vendedores ambulantes também oferecem a taboca (semelhante ao biju paulista, de polvilho doce), amendoins cozidos na casca e conezinhos de amendoins torrados e salgados. Nos restaurantes típicos, Salvador serve, tradicionalmente, pratos à base de frutos do mar e dendê, como moquecas e pirão, ou comidas sertanejas, nas quais as carnes-secas e as farinhas são ingredientes centrais.
Para degustar caranguejos cozidos acompanhados de pirão de camarão, ou mesmo uma panelinha de lambretas (moluscos brancos com caldo quase fosforescente), os restaurantes da rede Cabana da Cely, que inclui o Cabana do João, valem a viagem. Ao lado do Cabana do João, o Sentollas também prepara bons caranguejos. Quando a pedida é moqueca, logo vêem à mente o Yemanjá, meio caro e turístico em excesso, e os restaurantes da rede Ki-Mukeka, mais simples mas igualmente competentes. Ah, sim, as moquecas podem ser preparadas só com peixe ou camarão, ou podem ser mistas (peixe e camarão), de siri-mole ou catado, de lagosta e até de pitu. Para acompanhar, uma farofa de dendê faz a diferença.
Quem busca especialidades sertanejas pode ir ao A Porteira, na Boca do Rio, ou ao Gibão de Couro, na Pituba. Carne-seca e carne-de-sol com manteiga de garrafa, feijão-tropeiro e até bode assado integram os pratos nordestinos, acompanhados por guarnições como o purê de aipim. Veja abaixo endereços.


CABANA DA CELY
av. Otávio Mangabeira, 8.880, Patamares, tel.: 0/xx/71/3363-4427
www.cabanadacely.com.br

CABANA DO JOÃO
r. Manoel Antônio Galvão, 30, Corsário; tel.: 0/xx/71/ 3371-3020
www.cabanadojoao.com.br

CABRAL 500
pça. Augusto Severo, 10, Rio Vemelho
Tel.: 0/xx/71/3330-1618

GIBÃO DE COURO
r. Mato Grosso, 53, Peroba, tel.: 0/ xx/71/3240-6611
www.restaurantegibaodecouro.com.br

KI-MUKEKA
av. Otávio Mangabeira, 36, Pituba, tel.: 0/xx/71/3461-7037; av. Otávio Mangabeira, 907, Pituba, tel.: 0/xx/71/3240-0192; r. Vento Sul, s/nº; farol de Itapuã; tel.: 0/xx/ 71/3374-2147
www.kimukeka.com.br

YEMANJÁ
av. Otávio Mangabeira, 4.655, Boca do Rio, tel.: 0/xx/71/3461-9898
www.restauranteyemanja.com.br

SENTOLLAS
r. Manoel Antônio Galvão, 361, Corsário, tel.: 0/xx/71/3363-4343
www.sentollas.com.br

A PORTEIRA
r. Dom Eugênio Sales, 96, Boca do Rio, tel.: 0/xx/71/3461-3328; ou av. Marechal Costa e Silva, s/nº, Dique do Tororó, tel.: 0/xx/71/ 3382-7808
www.aporteira.com.br



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