Até o final deste ano, o acervo está fechado à visitação, e o parque das Esculturas, parcialmente interditado

DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Aperte o botão de pausa do aparelho carnavalesco. A próxima trilha é de artes visuais e jazz. O Museu de Arte Moderna da Bahia já vale a visita por sua localização -fica na encosta do morro, de frente para a baía de Todos os Santos.
Conhecido também como Solar do Unhão, o espaço foi adaptado para se tornar um museu de arte por Lina Bo Bardi. Antes disso, serviu como engenho de cana-de-açúcar pertencente a Pedro de Unhão Castelo Branco, que morou no solar a partir de 1690.
No acervo, há obras de Candido Portinari, Tarsila do Amaral e Carybé, entre outros, além de uma sala dedicada a Rubem Valentim. O artista, nascido em Salvador em 1922, foi um grande nome da arte construtiva brasileira. Resultado de sua cultura afro-baiana, sua obra é carregada de misticismo, de ritual e de atavismo. "Procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico que flui continuamente dentro de mim", afirmou Valentim em seu "Manifesto Ainda que Tardio", de 1976.
Fica ali também o parque das Esculturas, inaugurado em 1997, à beira-mar, com obras de Chico Liberato, Emanuel Araújo, Mestre Didi e Tati Moreno, entre outros. Mas só é possível chegar a três obras, pois a passarela que contorna o morro onde fica a maioria das esculturas está interditada. Acontece que todo o complexo está em restauração e muitas obras de arte não podem ser vistas pelo público. O próprio acervo não está aberto para visitação. O parque das Esculturas está em condições muito precárias, desde a passarela até as placas que identificam as obras. Os poucos bancos de concreto que existem no lugar estão se desfazendo.
Assessor técnico do museu, Daniel Rangel afirma que as obras de restauração começaram em caráter emergencial em maio, dois meses após a nova administração assumir. Ainda segundo ele, a situação encontrada no museu era péssima, o acervo não tinha um local adequado para conservação e foi preciso interditar alguns espaços para iniciar a reforma. Rangel também afirma que uma grande reestruturação de todo o espaço será iniciada ainda neste ano. O arquiteto André Vainer é o responsável pelo projeto. Ele trabalhou por 16 anos com Lina Bo Bardi. A obra prevê a criação de novos espaços, além da recuperação dos já existentes e da adequação do restaurante ao público do museu. A intenção é terminar até 2009, ano em que o MAM da Bahia completará 50 anos.

Jam session
Até lá, aproveite as exposições temporárias e as apresentações musicais das tardes de sábado, a céu aberto, com vista para o mar. O Solar do Unhão tem ainda sala de cinema, espaço para cursos e programação infantil, o Pinte no MAM. (MARCIO FREITAS)