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RAÍZES
Cantor registrou visita em livro
Martinho vê
ancestrais
em Angola
free-lance para a Folha
O cantor e compositor Martinho
da Vila, 60, viajou a trabalho para
Angola em 1972. Nessa visita, ele
diz ter realizado um "grande sonho": conhecer o país -que na
época ainda era colônia portuguesa- de onde vieram seus bisavós.
"Tive certeza da minha ancestralidade angolana com o estado
emocional em que fiquei quando
estive em Angola pela primeira vez
e pelas vibrações que sinto, até hoje, quando piso naquele solo."
A origem precisa da família, no
entanto, o compositor desconhece. "Além da capital Luanda, fui a
cidades e vilas no interior do país e
ouvi muitas histórias iguais às que
meus avós contavam."
Pagode
Outra cena que remete às suas
origens, pela emoção, ocorreu
após um show no mesmo ano de
1972. Os angolanos queriam levá-lo para uma festa numa favela
de Luanda. Foi desaconselhado
pelos portugueses, que diziam não
se responsabilizar pelo cantor.
"Lá, eu me senti em casa. Comi
mufete de carapau, um delicioso
peixe frito sem ser aberto e ainda
escamado. Bebi caporroto, uma
espécie de cachaça. Conversei com
aquela gente, como se estivesse
num pagode em Vila Isabel."
Natural de Duas Barras, perto de
Friburgo (RJ), Martinho acredita
que a maioria dos negros que chegaram ao Rio de Janeiro, na época
da escravidão, veio de Angola.
Mais África
Essas lembranças e histórias de
suas viagens à África estão no livro
"Martinho da Vila - Kizombas,
Andanças e Festanças", lançado
em 1992.
O cantor teve a oportunidade de
visitar outros países africanos: Nigéria, Cabo Verde, Moçambique e
África do Sul.
No Benin, Martinho lembra e indica a cidade de Uidá.
"Após a abolição da escravatura
no Brasil, ex-escravos conseguiram voltar para esse lugar. Há um
museu muito interessante que
conta essa história", conta.
"Os brasileiros deveriam ir mais
para a África, pois há lugares agradáveis e bonitos", afirma Martinho da Vila.
LIVRO - Difícil de ser encontrado
nas livrarias paulistanas, o livro
"Martinho da Vila - Kizombas, Andanças e Festanças" pode ser adquirido diretamente da editora Léo Christiano, pelos telefones (021) 234-8594
ou 568-1979. A obra, de 276 páginas, é
vendida por R$ 20. Além de descrever
a visita a Angola, Martinho fala de escolas de samba e do desfile de Carnaval de 88, vencido pela Vila Isabel.
(CLAUDIO SCHAPOCHNIK)
Home page de Martinho da Vila:
www.uol.com.br/martinho
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