|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Busca das origens une búlgaros, sírios e libaneses
free-lance para a Folha
Os descendentes brasileiros de
búlgaros, sírios e libaneses podem
conhecer os países de origem de
seus ancestrais participando de
uma das excursões organizadas
por entidades representativas das
três nacionalidades.
A Fearab (Federação das Entidades Árabe-Brasileiras) marcou
duas saídas para este ano: uma em
26 de abril e outra no fim de junho
ou começo de julho.
Já a Associação Cultural do Povo
Búlgaro programou sua viagem
para o dia 24 de maio.
"Nossa programação visa mostrar as raízes para os descendentes, mas também abrimos a viagem para pessoas que não têm nenhum vínculo com os países do
Oriente Médio", explica a agente
de viagem da Fearab (tel. 011/
889-7617), Leila Chama.
O pacote para o mês de abril inclui visitas à Síria e ao Líbano, com
esticadas opcionais para a Turquia
ou a Jordânia. O grupo visita Damasco, Homs, Palmira, Aleppo,
Antióquia (em território turco) e
Beirute, entre outras cidades.
Os preços, por pessoa, variam de
US$ 3.500 a US$ 4.500.
"Estão incluídas as passagens aéreas, hospedagem em hotéis cinco
estrelas, traslados, ingressos para
os locais visitados e guias em espanhol", afirma Leila.
Já o pacote com saída em julho,
direcionado principalmente para
estudantes em férias, é composto
por Síria, Líbano e Jordânia.
"É a continuidade de um projeto
que iniciamos no ano passado,
com apoio e subsídio do governo
sírio", diz Eduardo Felício Elias,
vice-presidente da Fearab.
O preço por pessoa, US$ 2.100,
inclui passagens aéreas, hospedagem, ingressos para museus e
atrações turísticas, traslados, um
médico e guia.
Taxas de embarque e vistos de
entrada, exigido para brasileiros
nos quatro países, ficam a cargo
do interessado.
De pai para filha
A estudante e descendente de sírios da cidade de Homs Ymaê Maria Kaba, 11, esteve nessa primeira
viagem, em julho de 97. "Gostei da
cultura e das cidades antigas, além
de conhecer a minha família."
Para o descendente de libaneses
Raul Fajuri, 60, o fato de sua filha
Micaela, 21, ter acompanhado a
excursão foi positivo.
"Antes, ela era completamente
desligada da nossa colônia e, após
a viagem, voltou encantada com
as tradições."
Segundo Nelson Grecov, 49,
presidente da Associação Cultural
do Povo Búlgaro no Brasil, a idéia
da viagem surgiu depois do sucesso da exposição sobre os 70 anos
da imigração búlgara no Brasil.
A mostra, uma iniciativa do imigrante búlgaro naturalizado brasileiro Julio Dimov, 86, foi realizada
há dois anos no Museu da Imigração, em São Paulo.
"Para realizar a viagem, nós conseguimos o apoio da Friendship
Force, uma entidade com sede em
Atlanta (EUA) que promove o intercâmbio de amizade entre pessoas de todas as etnias", explica
Grecov. O grupo com 26 pessoas já
está fechado.
Em 15 dias os participantes vão
conhecer três capitais da Europa
Oriental: Kiev (Ucrânia), Kichinev
(Moldova) e possivelmente Sófia
(Bulgária).
Mas a excursão não é de descendentes de búlgaros? Nelson Grecov explica: "Há 300 anos, os turcos invadiram a Bulgária, e uma
parte dos búlgaros se refugiou na
Bessarábia, na época pertencente
ao império russo." A região da
Bessarábia é atualmente a República da Moldova.
"Eles se fixaram nessa área por
diversas afinidades com os russos,
entre elas a linguística (usam o
mesmo alfabeto, o cirílico) e a religiosa (praticam o cristianismo ortodoxo), e por isso não perderam
suas tradições e são considerados
búlgaros", diz Grecov.
No início do século, os romenos
conquistaram a região e começaram a taxar pesadamente os agricultores de origem búlgara. Segundo Grecov, em 1925 e 1926 o
governo brasileiro fez propaganda
na região, oferecendo emprego,
escola e outros atrativos, o que impulsionou a emigração.
Os integrantes da Associação
Cultural do Povo Búlgaro no Brasil se reúnem periodicamente no
Museu da Imigração de São Paulo,
tel. (011) 692-7804.
(CSc)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|