São Paulo, segunda, 16 de março de 1998

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Busca das origens une búlgaros, sírios e libaneses

free-lance para a Folha

Os descendentes brasileiros de búlgaros, sírios e libaneses podem conhecer os países de origem de seus ancestrais participando de uma das excursões organizadas por entidades representativas das três nacionalidades.
A Fearab (Federação das Entidades Árabe-Brasileiras) marcou duas saídas para este ano: uma em 26 de abril e outra no fim de junho ou começo de julho.
Já a Associação Cultural do Povo Búlgaro programou sua viagem para o dia 24 de maio.
"Nossa programação visa mostrar as raízes para os descendentes, mas também abrimos a viagem para pessoas que não têm nenhum vínculo com os países do Oriente Médio", explica a agente de viagem da Fearab (tel. 011/ 889-7617), Leila Chama.
O pacote para o mês de abril inclui visitas à Síria e ao Líbano, com esticadas opcionais para a Turquia ou a Jordânia. O grupo visita Damasco, Homs, Palmira, Aleppo, Antióquia (em território turco) e Beirute, entre outras cidades.
Os preços, por pessoa, variam de US$ 3.500 a US$ 4.500.
"Estão incluídas as passagens aéreas, hospedagem em hotéis cinco estrelas, traslados, ingressos para os locais visitados e guias em espanhol", afirma Leila.
Já o pacote com saída em julho, direcionado principalmente para estudantes em férias, é composto por Síria, Líbano e Jordânia.
"É a continuidade de um projeto que iniciamos no ano passado, com apoio e subsídio do governo sírio", diz Eduardo Felício Elias, vice-presidente da Fearab.
O preço por pessoa, US$ 2.100, inclui passagens aéreas, hospedagem, ingressos para museus e atrações turísticas, traslados, um médico e guia.
Taxas de embarque e vistos de entrada, exigido para brasileiros nos quatro países, ficam a cargo do interessado.
De pai para filha
A estudante e descendente de sírios da cidade de Homs Ymaê Maria Kaba, 11, esteve nessa primeira viagem, em julho de 97. "Gostei da cultura e das cidades antigas, além de conhecer a minha família."
Para o descendente de libaneses Raul Fajuri, 60, o fato de sua filha Micaela, 21, ter acompanhado a excursão foi positivo.
"Antes, ela era completamente desligada da nossa colônia e, após a viagem, voltou encantada com as tradições."
Segundo Nelson Grecov, 49, presidente da Associação Cultural do Povo Búlgaro no Brasil, a idéia da viagem surgiu depois do sucesso da exposição sobre os 70 anos da imigração búlgara no Brasil.
A mostra, uma iniciativa do imigrante búlgaro naturalizado brasileiro Julio Dimov, 86, foi realizada há dois anos no Museu da Imigração, em São Paulo.
"Para realizar a viagem, nós conseguimos o apoio da Friendship Force, uma entidade com sede em Atlanta (EUA) que promove o intercâmbio de amizade entre pessoas de todas as etnias", explica Grecov. O grupo com 26 pessoas já está fechado.
Em 15 dias os participantes vão conhecer três capitais da Europa Oriental: Kiev (Ucrânia), Kichinev (Moldova) e possivelmente Sófia (Bulgária).
Mas a excursão não é de descendentes de búlgaros? Nelson Grecov explica: "Há 300 anos, os turcos invadiram a Bulgária, e uma parte dos búlgaros se refugiou na Bessarábia, na época pertencente ao império russo." A região da Bessarábia é atualmente a República da Moldova.
"Eles se fixaram nessa área por diversas afinidades com os russos, entre elas a linguística (usam o mesmo alfabeto, o cirílico) e a religiosa (praticam o cristianismo ortodoxo), e por isso não perderam suas tradições e são considerados búlgaros", diz Grecov.
No início do século, os romenos conquistaram a região e começaram a taxar pesadamente os agricultores de origem búlgara. Segundo Grecov, em 1925 e 1926 o governo brasileiro fez propaganda na região, oferecendo emprego, escola e outros atrativos, o que impulsionou a emigração.
Os integrantes da Associação Cultural do Povo Búlgaro no Brasil se reúnem periodicamente no Museu da Imigração de São Paulo, tel. (011) 692-7804. (CSc)



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