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POR DENTRO DE FORTALEZA
Provincianismo resiste à modernidade
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza
Visitar Fortaleza é entrar em
contato com uma espécie de balneário litorâneo pós-moderno, no
qual convivem praias selvagens e o
que existe de mais avançado em
tecnologia de serviços turísticos.
Sem possuir um passado colonial, a cidade é marcada pelo ecletismo de estilos e pela novidade.
Não por acaso, Fortaleza tem uma
praia chamada do Futuro. Como
contraponto, o mito de Iracema
evoca um passado idealizado pelo
escritor cearense José de Alencar.
O mar determina o cotidiano de
Fortaleza. Nas praias, que oferecem sol todos os dias do ano, estão
os pontos mais frequentados da
movimentada noite da cidade.
Quinta capital do país em população, Fortaleza é como uma
criança em corpo de adulto. Mesmo com porte de metrópole, a cidade ainda mantém características
de província. Ao lado de arranha-céus luxuosos, famílias ainda
se reúnem nas ruas para conversar. O trânsito é tranquilo.
A cidade expressa exemplarmente as contradições sociais do
Nordeste. Na zona leste, encontram-se prédios e casas que são
paradigmas do luxo e da sofisticação arquitetônica. Na zona oeste,
há oficialmente 550 mil favelados.
O barquinho vai
Um passeio de barco pela orla
marítima é um dos programas
mais agradáveis. Os barcos saem
diariamente da praia do Mucuripe
e oferecem serviço de bar e restaurante a bordo. Da praia do Futuro
à Barra do Ceará, passando pela
praia de Iracema e pelo cais do
porto do Mucuripe, o trajeto permite vislumbrar uma cidade que
cresce rodeada por dunas.
Para quem gosta de natureza, a
sugestão é passear pelo Parque
Ecológico do Cocó. Considerado o
maior parque ecológico urbano da
América Latina, tem área de camping, cooper e playground.
Chega-se ao parque, localizado
nos bairros do Papicu e do Cocó,
pelas avenidas Pontes Vieira ou
Santana Júnior.
A área deve ser evitada depois
das 19h, por conta dos mosquitos
e da falta de segurança.
Caminhar pela avenida Beira-Mar, entre as praias do Mucuripe e Iracema, é desfrutar da paisagem mais bela da cidade.
Diariamente, centenas de cearenses de classe média usam esse
trecho para a prática do cooper.
Nos dois pólos -Iracema e o Mucuripe-, é costume entre intelectuais, artistas e boêmios apreciar o
pôr-do-sol de um dos vários bares
da área.
Uma volta pelas ruas do centro
revela a radiografia cultural do
cearense, marcada pela molecagem e pelo bom humor. Na praça
do Ferreira, é comum encontrar
grupos que riem das sessões intermináveis de piadas ou dos personagens tipicamente cearenses que
passam por ali.
O humorista Tom Cavalcante, o
"brega-star" Falcão e o colunista
da Folha José Simão costumam
renovar seus estoques de maledicências e anedotas nessas rodas.
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