São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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TAXIANDO NA CAPITAL

Obras raras e livreiros aptos são ingredientes comuns tanto em lojas grandes como em outras discretas

Livraria contenta sedento da alma portenha

Rafael Alves Pereira/Folha Imagem
A Librería de Ávila é o lugar onde primeiro se vendeu um livro em toda a história da Argentina


RAFAEL ALVES PEREIRA
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Com ares europeus, Buenos Aires é também um dos mais importantes pólos literários e editoriais da América Latina. Grandes editoras estão baseadas na Argentina, e a capital é pródiga em livrarias e em sebos. Mesmo a crise não afetou o incondicional apreço que os argentinos têm pelas letras.
Talvez tão tradicionais quanto os famosos cafés portenhos, livrarias antigas compõem parte do rico histórico literário da cidade. Algumas remontam ao início do século passado e seguem funcionando no centro vibrante de Buenos Aires. Outras, mais novas, mantêm a forte tradição que faz do argentino, entre todos os latino-americanos, um dos principais amantes das letras.
Outra figura importante é a do livreiro, que comanda a própria livraria, tem contato com o cliente, troca dicas de leitura e trata de encomendar e encontrar as publicações mais raras. Eles sobrevivem escondidos em diminutas e discretas lojas espalhadas pela cidade. Pequenas preciosidades, escondem um universo mágico, onde podem ser encontrados edições de mapas franceses do século 16, cancioneiros religiosos em latim do período colonial e, menos pitoresco, mas de importância inefável para a história argentina, as primeiras edições de obras de gigantes como Julio Cortázar e Jorge Luis Borges. Esses personagens ajudam a transmitir às novas gerações da capital o gosto pela leitura.
Vale lembrar que em Buenos Aires não existe o sebo tal qual o conhecemos no Brasil. Lá, várias livrarias vendem livros novos e usados, e algumas se especializaram em obras antigas e edições históricas. Essas são bastante numerosas e chamadas de livrarias-antiquário.
O viajante que quiser conhecer um pouco mais da alma recôndita dos portenhos precisa, mais que simplesmente se fartar com suculentas carnes e comprazer ao olhar com os belíssimos espetáculos de tango, mergulhar no universo literário. Seja nas novas livrarias comerciais, naquelas que ocupam edifícios históricos ou nas livrarias-antiquário, haverá sempre parte da história e da cultura do país repousada nas estantes, à espera do viajante curioso.
Visitar algumas dessas livrarias chega a ser uma aventura saborosa. Algumas têm cafés e permitem que os ávidos leitores se entorpeçam com os livros entre uma "lágrima" (xícara de leite com uma gota de café, a "lágrima") e uma xícara de "mate-cocido" (a tradicional erva, fervida e servida com limão e um pouco de açúcar).


Rafael Alves Pereira viajou a convite do hotel Park Tower e da Varig

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