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TERRA GRANDE
Beleza e aventura levam ao Alasca
Anualmente, mais de 1 milhão de passageiros de cruzeiros aportam em Juneau, Skagway e Ketchikan
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Não foi só no Alasca: Sarah
Palin, 45, candidata derrotada à
vice-presidência na chapa do
Partido Republicano nas últimas eleições norte-americanas, deixou, de novo, todo o
mundo político boquiaberto ao
anunciar sua renúncia ao governo do Alasca, devendo deixar o posto no próximo dia 26.
Primeira mulher -e a mais
jovem- a ocupar o cargo, tem
governado o mais extenso Estado norte-americano, de
1.518.800 km2 (área semelhante à da Amazônia brasileira),
mais de olho na mídia do que
na economia e na "realpolitik".
Fazendo as vezes de "a verdadeira americana", essa ex-miss foi guindada em 2008 à
condição de celebridade e, inúmeras vezes, ridicularizada por
suas declarações infelizes em
programas humorísticos.
Mas, a despeito da política
atabalhoada e dos estereótipos
largamente disseminados de
que o Alasca é uma terra gelada
e inóspita, o 49º Estado dos
EUA esbanja saúde nos quesitos turismo de cruzeiro e turismo de aventura.
Nostálgicas e imersas num
cenário natural grandioso, as
cidades de Juneau, capital e antigo centro madeireiro e de mineração; Ketchikan, um pitoresco entreposto de pesca no
sopé das montanhas; e Skagway, a porta de entrada para o
outrora selvagem território de
Yukon - todas elas na região
da "Inside Passage"-, atraem
1,2 milhão de passageiros/ano
a bordo de transatlânticos.
Pela proa são vistos glaciares
e fiordes, as paisagens idílicas
dos parques nacionais e oportunidades de passeios que colocam o viajante em contato com
a cultura dos antigos habitantes nativos em locais que mostram totens e em museus bastante bem organizados.
Durante os cruzeiros são oferecidos tours de charrete, de
barco, de helicóptero, de carro-anfíbio, de trenó e de hidroavião em cada um desses portos
da "Inside Passage".
E, fora do circuito propriamente turístico, há Anchorage,
a maior cidade do Alasca, que,
servida por voos da Alaskan
Airlines, faz as vezes de centro
financeiro e industrial.
Reviravoltas da história
Quando, em 1959, o então
presidente Dwight Eisenhower
decidiu pela emancipação do
Alasca e transformou em Estado esse território cuja área
equivale a 20% dos EUA, houve
quem considerasse a medida
inoportuna, temendo o excesso
de regulamentação e o aumento das taxações sobre as principais atividades da economia de
então: a mineração, a extração
de madeira e a pesca de salmão.
O Alasca, que havia pertencido à Rússia dos czares até 1867,
quando foi comprado pelos
EUA por US$ 7,2 milhões, dista
apenas 90 km do extremo
oriental da Sibéria e foi, desde
tempos imemoriais, habitado
por povos nativos, como os esquimós e os aleuts, para quem o
termo "alaskhak" significava
terra grande.
Foi, a partir do final século
18, objeto da cobiça de várias
potências, caso da Espanha, do
Reino Unido e até da França.
Já como território dos EUA,
entrou para o mapa-múndi da
economia com a Corrida do
Ouro e, com o tempo, além da
produção aurífera, encontrou
prata, petróleo, minério de ferro e minerais considerados estratégicos, como tungstênio,
antimônio, grafite e enxofre.
A pesca do salmão e dos caranguejos "king crab" e dungeness, junto da extração de madeira, alavancam o progresso
desde antes da Segunda Guerra
(1939-1945).
Nessa época, por sua posição
geopolítica estratégica, os EUA
decidiram tirar o Alasca de sua
relativa ingenuidade extrativista e lá construíram diversas
instalações militares.
Em 1942, ano em que os EUA
se envolveram mais diretamente na guerra mundial, três
das ilhas do arquipélago das
Aleutas foram ocupadas pelo
exército japonês.
O Alasca foi, a rigor, a única
área do continente americano a
ser invadida pelas forças do Eixo Roma-Berlim-Tóquio durante o conflito.
Os EUA reconquistaram esse
território um ano depois, em
1943. À época, eram 150 mil os
soldados ali alocados -e, finda
a Segunda Guerra, muitos deles
ficaram na região, considerada
uma terra de oportunidades.
Relativamente isolado, o
Alasca ostenta o título de um
dos menos populosos Estados
dos EUA: com cerca de 660 mil
habitantes, tem 0,42 hab/km2.
Montanhoso e cercado pelas
águas, é realmente um local
ideal para ser desvendado a
bordo dos transatlânticos de
cruzeiro que, de agora até setembro singram as águas calmas da "Inside Passage".
Ali, entre os mamíferos marinhos, há baleias jubarte (ou
"humpbacks"), orcas, golfinhos, focas e leões-marinhos. Um dos pássaros mais comumente avistados é a águia-careca, ou águia-de-cabeça-branca, que faz seu
ninho nas proximidades de
Ketchikan e de Juneau, onde o
viajante que sobe no teleférico
de Mount Roberts ou vai de
carro até o glaciar de Mendenhall se depara com avisos de
que é ilegal alimentar os ursos.
SILVIO CIOFFI viajou ao Alasca a convite U.S.
Travel Association, da American Airlines e da
Celebrity Cruises.
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