Inaugurado em 1883 e cenário também de filmes, o Expresso do Oriente cumpre hoje rota Veneza-Paris

DA REDAÇÃO

Um dos trens de maior importância histórica e aura luxuosa do mundo, o Expresso do Oriente (www.orient-express.com) inspirou grandes escritores, como os ingleses Agatha Christie (1890-1976) e Graham Greene (1904-1991).
"Assassinato no Expresso do Oriente" (ed. Nova Fronteira, R$ 32, 223 págs.), de 1934, é um dos livros mais famosos de Christie. Trata-se de uma memorável atuação do detetive belga Hercule Poirot, assíduo personagem dos livros da autora, na solução de um assassinato dentro do trem -todos os suspeitos, portanto, estão entre os passageiros.
Poirot descobre que a vítima era na verdade um fugitivo da Justiça dos EUA que havia seqüestrado e assassinado uma menina de três anos, causando a morte dos pais da garota.
Ele reúne os suspeitos no vagão-restaurante para expor a um médico e ao diretor da companhia, que o ajudaram com as investigações, duas teorias: a de que um estranho entrou no trem e a de que todos os suspeitos -que tinham ligações com a família da garotinha seqüestrada e morta pela vítima- eram culpados. O médico e o diretor da empresa decidem qual teoria é correta.
Christie era hóspede freqüente do hotel Pera Palas, em Istambul, inaugurado em 1892 para receber os passageiros do Expresso do Oriente. O hotel (onde Christie teria escrito "Assassinato no Expresso do Oriente") tem um quarto preservado em homenagem à escritora. O livro foi adaptado para as telas de cinema em 1974, com direção de Sidney Lumet e elenco estelar: Lauren Bacall, Albert Finney, Ingrid Bergman, Jacqueline Bisset, Sean Connery e Vanessa Redgrave.
A "rainha do crime" já havia colocado Poirot como passageiro de um trem em 1928, no menos conhecido "O Mistério do Trem Azul" (ed. Nova Fronteira, R$ 32, 298 págs.), no qual a filha de um milionário é estrangulada rumo a Nice.
Já Graham Greene publicou "Expresso do Oriente" em 1932 (ed. Record, esgotado). O escritor chamou-o de "entretenimento", para diferenciá-lo de seus trabalhos mais consistentes, e disse ter se dedicado "deliberadamente a escrever um livro para agradar e, com sorte, virar roteiro de um filme".
Dois anos depois, o diretor Paul Martin filmou a história, composta por um assassino em fuga, um jornalista em busca de uma grande reportagem, uma dançarina de cabaré, um médico que guarda um grande segredo e outros personagens afins -enfim, um coquetel clássico dos livros de crime e espionagem de Greene.

Veneza-Paris
Inaugurado em 1883, o Expresso do Oriente teve sua rota original (Paris-Constantinopla, atual Istambul) alterada diversas vezes e deixou operar durante as duas grandes guerras. Hoje, cumpre o trajeto Veneza-Paris. Há a opção de seguir até Londres de barco, e de lá viajar com outra parte do famoso trem pela Inglaterra.
Em algumas viagens durante o ano, há variações no roteiro, como passar por Praga ou Istambul. No Brasil, viagens com o Expresso do Oriente são agendadas com o escritório da Orient Express em São Paulo (0/xx/11/3898-2884). (THIAGO MOMM e MARINA DELLA VALLE)


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