São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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LOUISIANA, 200

Propriedades entre Nova Orleans e Baton Rouge do século 19 traduzem herança da vida francesa e dos escravos

Fazendas recriam passado no sul dos EUA

DO ENVIADO ESPECIAL À LOUISIANA

A visita à fazenda que se auto-denomina Laura, a Creole Plantation (www.lauraplantation.com), na altura do 2.247 da Highway 18, é o que o guia "Lonely Planet" chamou de "o melhor tour histórico dos EUA".
Exageros à parte, a propriedade recria o passado -alegre e trágico- de como era a vida numa propriedade rural que produzia açúcar na Louisiana a partir de diários deixados por Laura Locoul Gore (1861-1963).
Originalmente habitada por índios colapissas, a área -que fica a meio caminho entre Nova Orleans e Baton Rouge- foi colonizada por proprietários de origem francesa e por escravos negros vindos primordialmente da região do Senegal, mas também de Guadalupe e da Martinica.
De madeira e voltada para o rio, a sede da fazenda foi construída em 1805 e tem hoje aspecto original, com a fachada pintada de amarelo e as janelas, de verde.
Outros 27 prédios compõem o conjunto, ficando atrás da casa-grande e respeitando um código de cores. Os galpões de animais eram vermelhos, os prédios comerciais, verdes, os depósitos tinham cor cinzenta e as cozinhas, externas, eram cor-de-rosa.
Em casas como essa, cuja visita guiada dura uma hora, os fazendeiros viviam nove meses por ano. Nos outros três meses mudavam para Nova Orleans, sobretudo para brincar no Carnaval (Mardi Gras). Há fotos em que a própria Laura aparece vestindo fantasia.

Outras "plantations"
Na Louisiana, dezenas de velhas fazendas estão abertas à visitação, cobrando entradas em torno de US$ 10. Quase ao lado da propriedade onde Laura morou, a Oak Alley Plantation (www.oakalleyplantation.com) é uma casa aristocrática de alvenaria edificada em 1839, com colunas na fachada e frente emoldurada por duas fileiras de carvalhos de 200 anos.
Em outra propriedade chamada Nottoway (www.nottoway.com), na saída 182 da Highway 1, funcionam uma pousada e um restaurante elogiados pela revista "Condé Nast Traveler".
Edificada em estilo europeu em 1859, tem na decoração interna inúmeras obras de arte, lustres de cristal e mobiliário de época.
Já a Oakley Plantation, que fica a 30 minutos de carro de Baton Rouge, na rodovia LA 965, encerra todo um complexo que recria a época das fazendas e é mantida pela sociedade Audubon (www.crt.state.la.us). O próprio naturalista John James Audubon esteve lá, em 1821.

A velha casa
Mais nova que as sedes de fazendas, outra mansão de época que vale ser vista é a Old Governor's Mansion (www.oldgovernorsmansion.com). Conservada pela Foundation for Historical Louisiana (www.fhl.org), fica dentro de Baton Rouge, na altura do número 502 do North Boulevard.
Construída pelo governador Huey P. Long -o mesmo que legou à capital o prédio que é sede do governo da Louisiana -, a mansão custou US$ 150 mil em 1930.
O projeto de estilo algo georgiano, elaborado pela empresa Weiss, Dreyfous and Sieferth, de Nova Orleans, é nitidamente inspirado nas "plantations" seculares que dominavam a paisagem diante do rio Mississippi.
Mas é na decoração interna dessa mansão, nos seus imensos lustres de cristal, que reside seu maior interesse. A sala dos jantares oficiais é coberta por um papel de parede que mostra cenas de "Panoramas da América do Norte", pintado originalmente em 1834 e contendo inclusive cenas alusivas a cidades como Nova York e Boston, além de vistas das cataratas de Niágara.
(SILVIO CIOFFI)


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