São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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CONFUSÃO NO AR

Check in internacional causa transtorno

Passageiros ainda desconhecem novas regras sobre conteúdo da mala de mão em vôos para Europa e EUA

THIAGO MOMM
DA REPORTAGEM LOCAL

A paranóia com a segurança nos vôos internacionais chegou à água, ao shampoo e à pasta de dente que o passageiro leva em sua bagagem de mão. Agora, as embalagens desses e de outros produtos líquidos podem ter, no máximo, 100 ml cada, somar um total de 1 litro e ser transportadas num saco plástico transparente com "zip". Embalagens maiores, ainda que quase vazias, não são permitidas.
É o que você fica sabendo no check in, e o que fez com que o transtorno, definitivamente, aterrissasse no saguão dos aeroportos que operam vôos para Europa e Estados Unidos.
Desde o último dia 6, passageiros com escala num dos 25 países da União Européia, além de Noruega, Islândia e Suíça, estão tendo que seguir diversas restrições, válidas também para conexões em solo norte-americano.

Alerta mundial
As novas regras são resultado da tentativa de atentado no dia 10 de agosto, em Londres, quando supostos terroristas foram pegos com explosivos líquidos. Tanto que, sobre esses novos procedimentos, o site do aeroporto londrino Heathrow, www.heathrowairport.com, é referência. Mas, mesmo a leitura minuciosa desse site não é conclusiva, pois as regras variam de aeroporto para aeroporto da Europa. O Heathrow, por exemplo, afirma categoricamente que comidas de bebê têm que ser experimentadas.
"Devido a essas normas, existem filas enormes no controle de segurança lá fora", afirma Luigi Ferro, subgerente da Alitalia, explicando que as orientações dadas aqui pelas companhias aéreas visam diminuir o tamanho dessas filas.
Em Guarulhos, esperando um vôo para Madri, de onde iria para Santiago de Compostela, o estudante Hidelbrando Veloso Neto não estava informado sobre as mudanças. Carregava na mochila que levaria no vôo para a Europa um perfume numa sacola comum, não-transparente. Ouviu as recomendações de um atendente da Iberia e resolveu despachar o perfume na bagagem principal.
Confusos ao conversar sobre as regras com uma pessoa que mora em Nova York, os empresários Wlanir e Flávia Santana, de partida para lá, retiraram e colocaram um remédio diversas vezes na nécessaire. Decidiram afinal levá-lo, arriscando, já que fariam conexão antes do destino final.
Adiante, vendedoras de uma loja de perfume também não estavam inteiradas do assunto. Sabiam que as medidas estavam em vigor, mas não haviam entendido para quais vôos -e chegaram a alertar erroneamente uma passageira que desceria na Europa sem conexão. Quase perderam a venda.
Mas as vendas, de qualquer jeito, diminuíram. Mesmo que alguns perfumes não ultrapassem 100 ml e possam ser colocados nas sacolas com "zip", parte dos clientes -de passagem por ali depois de ter feito o check in e despachado a bagagem- evita comprar.

Na dúvida
A opinião dos passageiros vai de classificar as medidas de "absurdas" a suspirar que, "em nome da segurança, valem a pena". "Eu me preocupo mais com a infra-estrutura dos aeroportos. [Isso] Me dá mais medo do que terrorismo", diz o dentista Nelson José Oppermann. "Me sinto mais seguro", argumenta o advogado norte-americano Manlon Fowler.
A solução de muitas pessoas, para evitar chateações, tem sido abrir mão de pastas de dente, maquiagem e afins ainda que, somando dois vôos e mais um aeroporto no exterior, eventualmente fiquem mais de 24 horas em trânsito. "Na dúvida, despachei tudo", diz Lilian Ayabe, que mora há nove anos em Tóquio e estava voltando para lá via Atlanta (EUA).
A passageira Silvana Shu, que havia entrado no site da Air France e se preocupado em seguir as regras, escolheu tubos de cosmético quase vazios para levar na mão. Estava indo para Paris e de lá para Xangai, com previsão de oito horas de espera no aeroporto Charles De Gaulle. "Já trouxe os restinhos pensando em não exceder o limite", diz, "porque não podia deixar de levar comigo no vôo esses produtos".
Shu foi precavida, mas errou: conforme mencionado, embalagens que excedam 100 ml (a passageira carregava uma de 125 ml) não podem ser transportadas na mala de mão, não importando o quanto estejam pesando.


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