São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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internacional

Capa de neve do Kilimanjaro diminui e ameaça tribo

AQUECIMENTO GLOBAL Seca afeta vida dos maasai, povo que vive à base do monte e atribui a Deus mudanças do clima

Finbarr O'Reilly - 12.nov.2006/Reuters
O chefe tribal Esiteti e sua mulher, Nasha Porboli, posam para foto, com o Kilimanjaro ao fundo


DA REUTERS

Aos pés do monte Kilimanjaro, um velho chefe de tribo maasai olha para o topo e fala que só Deus pode explicar o encolhimento da capa de neve do monte e a piora das secas.
"As neves estão diminuindo ano a ano", diz Kinyaol Porboli, o chefe da vila Esiteti, aos pés do mais alto pico africano, no Quênia, com 5.895 metros.
Muitos folhetos de turismo mostram os pastores maasai, com suas lanças e robes vermelhos, diante do pico, sua maior fonte de sobrevivência e crucial para o turismo africano. Agora, ambos estão ameaçados.
"Vinte anos atrás, eu nunca tinha visto secas que causassem a morte do nosso gado. Antigamente, as secas eram curtas", diz. "Está ligado com a montanha", continua, enrolado em seu robe vermelho e sentado sob uma árvore fora do vilarejo de 70 pessoas que vivem em cabanas de galhos e esterco de vaca seco sem janelas.
Questionado sobre a causa da diminuição da neve, Porboli afirma: "Somente Deus pode mudar o clima. Somente Deus pode parar as chuvas e trazer a seca, ou dividir as estações".

Homem
A 240 km dali, em Nairóbi, acontece até amanhã encontro da ONU sobre as mudanças no clima. A culpa da diminuição da capa de neve do Kilimanjaro, aqui, é atribuída ao aquecimento global ligado ao uso de combustíveis fósseis.
Em Nairóbi, um pôster da ONU mostra fotos comparando a capa atual de neve, que aparece apenas pertinho do topo do Kilimanjaro, com a branca capa que cobria grande parte da montanha cem anos atrás.
Alguns pesquisadores afirmam que a diminuição da neve pode estar ligada ao desmatamento da floresta ao redor da base da montanha.
"É verdade que os fazendeiros estão espalhando suas plantações para cima dos pés do monte", diz Rinkoine, 32, um guerreiro maasai, com uma longa faca presa ao cinturão, apontando para terras de uma fazenda nas encostas do monte.
Independentemente das causas, os maasai temem pela sobrevivência. Afirmam que as fontes de água estão enxugando por conta das repetidas secas. "A seca é um grande problema, afeta tudo em nossas vidas. A pobreza vai crescer", diz Porboli. "Quando as vacas morrem, nós só podemos vender a sua pele por preços muito baixos", continua. "Quando há chuvas, nós temos o suficiente para comer e todos são felizes."


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