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internacional
Capa de neve do Kilimanjaro diminui e ameaça tribo
AQUECIMENTO GLOBAL Seca afeta vida dos maasai, povo que vive à base do monte e atribui a Deus mudanças do clima
Finbarr O'Reilly - 12.nov.2006/Reuters
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O chefe tribal Esiteti e sua mulher, Nasha Porboli, posam para foto, com o Kilimanjaro ao fundo |
DA REUTERS
Aos pés do monte Kilimanjaro, um velho chefe de tribo
maasai olha para o topo e fala
que só Deus pode explicar o encolhimento da capa de neve do
monte e a piora das secas.
"As neves estão diminuindo
ano a ano", diz Kinyaol Porboli,
o chefe da vila Esiteti, aos pés
do mais alto pico africano, no
Quênia, com 5.895 metros.
Muitos folhetos de turismo
mostram os pastores maasai,
com suas lanças e robes vermelhos, diante do pico, sua maior
fonte de sobrevivência e crucial
para o turismo africano. Agora,
ambos estão ameaçados.
"Vinte anos atrás, eu nunca
tinha visto secas que causassem a morte do nosso gado. Antigamente, as secas eram curtas", diz. "Está ligado com a
montanha", continua, enrolado
em seu robe vermelho e sentado sob uma árvore fora do vilarejo de 70 pessoas que vivem
em cabanas de galhos e esterco
de vaca seco sem janelas.
Questionado sobre a causa da
diminuição da neve, Porboli
afirma: "Somente Deus pode
mudar o clima. Somente Deus
pode parar as chuvas e trazer a
seca, ou dividir as estações".
Homem
A 240 km dali, em Nairóbi,
acontece até amanhã encontro
da ONU sobre as mudanças no
clima. A culpa da diminuição da
capa de neve do Kilimanjaro,
aqui, é atribuída ao aquecimento global ligado ao uso de combustíveis fósseis.
Em Nairóbi, um pôster da
ONU mostra fotos comparando a capa atual de neve, que
aparece apenas pertinho do topo do Kilimanjaro, com a branca capa que cobria grande parte
da montanha cem anos atrás.
Alguns pesquisadores afirmam que a diminuição da neve
pode estar ligada ao desmatamento da floresta ao redor da
base da montanha.
"É verdade que os fazendeiros estão espalhando suas plantações para cima dos pés do
monte", diz Rinkoine, 32, um
guerreiro maasai, com uma
longa faca presa ao cinturão,
apontando para terras de uma
fazenda nas encostas do monte.
Independentemente das
causas, os maasai temem pela
sobrevivência. Afirmam que as
fontes de água estão enxugando por conta das repetidas secas. "A seca é um grande problema, afeta tudo em nossas vidas. A pobreza vai crescer", diz
Porboli. "Quando as vacas morrem, nós só podemos vender a
sua pele por preços muito baixos", continua. "Quando há
chuvas, nós temos o suficiente
para comer e todos são felizes."
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