São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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Filho de Elizabeth 2ª cuida pessoalmente de jardins de residência

Charles tem mãos de quem lida com a terra

DO ENVIADO ESPECIAL A HIGHGROVE

"O senhor já ouviu falar na vitória-régia?" A pergunta, dirigida ao príncipe de Gales durante uma visita à sua residência, nas cercanias de Cotswolds, interior da Inglaterra, foi respondida com vivo interesse pela natureza do Brasil.
Primogênito da rainha Elizabeth 2ª e primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, o príncipe, de 54 anos, é entusiasta da jardinagem e da agricultura -ou "agri-cultura", como fez questão de sublinhar durante o encontro na sua casa, em Highgrove.
Charles afirmou desconhecer a imensa planta amazônica flutuante, mas lembrou que havia estado há pouco no Brasil.
Citou o Estado de Tocantins e, bem-humorado, narrou o que lhe dissera o governador Siqueira Campos (PSDB-TO), com quem também estivera na ilha do Bananal: "Ele disse que colocaria uma estátua minha, com asas, em meio a uma região de parque nacional, você acredita?"
A visita à residência de "His Royal Highness" (Sua Alteza Real), que durou três horas, foi organizada por Jeff Hamblim, do BTA, para "líderes da indústria de viagens de mais de 20 países".
Foi inicialmente convocada como encontro privado -e os jornalistas foram conclamados a não tomar notas. Mas, diante do interesse jornalístico do evento, Col- leen Harris, secretária de imprensa de Charles, cedeu, concordando com a publicação do que foi discutido.
A casa de Highgrove não é um palácio, mas uma residência privada, rodeada por jardins que Charles cultiva pessoalmente, ao lado de jardineiros. A visita, aliás, começou pelos jardins, sem o príncipe, num dia de chuva, com os "líderes da indústria de viagens" pisando na terra -todos com seus melhores sapatos.
O propósito do encontro era discutir por que o número de visitantes estrangeiros no Reino Unido caiu de 25 milhões de turistas/ ano em 2000 para 23 milhões de pessoas em 2001 (o Brasil, aparentemente, se contenta em receber 5 milhões de visitantes/ano).
O príncipe de Gales apareceu quando todos já estavam no The Orchard Room, salão anexo à residência. Os convidados se dividiram em grupos de cinco ou seis pessoas, e Charles cumprimentou cada um, olhando as pessoas nos olhos, interessado em ouvir e em responder. O curioso é que suas mãos são algo duras, de quem realmente lida com a terra.
Depois, fez um pequeno discurso, dizendo que logo cedo, ao ver de sua janela as pessoas andando no jardim de guarda-chuva em punho, se perguntou: "Como é que isso poderia, afinal, ajudar a promover o turismo?"
Por fim, comentou as dificuldades vividas pela agricultura britânica, afirmando que acredita no homem do campo e que gosta de "agri-cultura" mais do que de "agri-business", porque acha que ela realmente encerra uma herança cultural. (SILVIO CIOFFI)


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