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Filho de Elizabeth 2ª cuida pessoalmente de jardins de residência
Charles tem mãos de quem lida com a terra
DO ENVIADO ESPECIAL A HIGHGROVE
"O senhor já ouviu falar na vitória-régia?" A pergunta, dirigida ao
príncipe de Gales durante uma visita à sua residência, nas cercanias
de Cotswolds, interior da Inglaterra, foi respondida com vivo interesse pela natureza do Brasil.
Primogênito da rainha Elizabeth 2ª e primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, o príncipe, de 54 anos, é entusiasta da
jardinagem e da agricultura -ou
"agri-cultura", como fez questão
de sublinhar durante o encontro
na sua casa, em Highgrove.
Charles afirmou desconhecer a
imensa planta amazônica flutuante, mas lembrou que havia
estado há pouco no Brasil.
Citou o Estado de Tocantins e,
bem-humorado, narrou o que lhe
dissera o governador Siqueira
Campos (PSDB-TO), com quem
também estivera na ilha do Bananal: "Ele disse que colocaria uma
estátua minha, com asas, em meio
a uma região de parque nacional,
você acredita?"
A visita à residência de "His Royal Highness" (Sua Alteza Real),
que durou três horas, foi organizada por Jeff Hamblim, do BTA,
para "líderes da indústria de viagens de mais de 20 países".
Foi inicialmente convocada como encontro privado -e os jornalistas foram conclamados a não
tomar notas. Mas, diante do interesse jornalístico do evento, Col-
leen Harris, secretária de imprensa de Charles, cedeu, concordando com a publicação do que foi
discutido.
A casa de Highgrove não é um
palácio, mas uma residência privada, rodeada por jardins que
Charles cultiva pessoalmente, ao
lado de jardineiros. A visita, aliás,
começou pelos jardins, sem o
príncipe, num dia de chuva, com
os "líderes da indústria de viagens" pisando na terra -todos
com seus melhores sapatos.
O propósito do encontro era
discutir por que o número de visitantes estrangeiros no Reino Unido caiu de 25 milhões de turistas/
ano em 2000 para 23 milhões de
pessoas em 2001 (o Brasil, aparentemente, se contenta em receber 5
milhões de visitantes/ano).
O príncipe de Gales apareceu
quando todos já estavam no The
Orchard Room, salão anexo à residência. Os convidados se dividiram em grupos de cinco ou seis
pessoas, e Charles cumprimentou
cada um, olhando as pessoas nos
olhos, interessado em ouvir e em
responder. O curioso é que suas
mãos são algo duras, de quem
realmente lida com a terra.
Depois, fez um pequeno discurso, dizendo que logo cedo, ao ver
de sua janela as pessoas andando
no jardim de guarda-chuva em
punho, se perguntou: "Como é
que isso poderia, afinal, ajudar a
promover o turismo?"
Por fim, comentou as dificuldades vividas pela agricultura britânica, afirmando que acredita no
homem do campo e que gosta de
"agri-cultura" mais do que de
"agri-business", porque acha que
ela realmente encerra uma herança cultural.
(SILVIO CIOFFI)
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