São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008

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internacional

Arrabalde parisiense ecoa voz de Edith Piaf

FORA DO ROTEIRO - Apesar de ter boas atrações, Belleville ainda é pouco explorado pelos turistas que passeiam por Paris

DA ASSOCIATED PRESS

Turistas atrás de um gostinho de "La Vie en Rose" em Paris podem achá-lo em Belleville, região que escapa do roteiro da maior parte dos visitantes e onde nasceu Edith Piaf.
Belleville mantém a identidade de bairro de trabalhadores e fervilha de casas de show, teatros e bares -alguns dos quais foram palco de Piaf. Adicione a essa mistura sucessivas ondas de imigrantes e jovens estilosos perambulando pelas ruas. O clima lembra o do East Village de Nova York.
O bairro oferece muito ao turista, como a vista de Paris que quase rivaliza com a de Montmartre. Ainda assim, poucos extrapolam os arredores do cemitério Père Lachaise, onde Piaf está enterrada, para explorar essas ruas. "A área ainda não foi descoberta pelos turistas", diz Sophie Millot, do escritório de cultura do 20º arrondissement (nome dado às regiões que dividem Paris), no leste da cidade, onde fica grande parte de Belleville.
Desde os tempos em que Piaf era viva, Belleville sofre de má-reputação. Já no filme "Casque d'Or", de 1952, o bairro aparecia como lugar perigoso, onde bandos rivais se enfrentavam.
Perto de local em que há uma violenta cena no filme, foi inaugurado o Mamashelter (www.mamashelter.com), hotel com design de Philippe Starck.
Antes uma vila no topo de um morro com uma "belle vue" de Paris -de onde vem seu nome-, Belleville foi anexado à cidade em 1960, quando o barão Haussmann quis acalmar os ânimos revolucionários dos moradores, dividindo a ex-vila ao meio, rachando seu centro administrativo.
O homem responsável pela abertura dos amplos bulevares parisienses deixou as ruas de Belleville do jeitinho que elas estavam. As vias tortuosas que devem seu traçado ainda à Idade Média são hoje parte do charme do distrito.
De acordo com a lenda, Piaf nasceu Edith Giovanna Gassion a céu aberto, na rua 72, no auge do inverno -uma placa indica o local. A realidade, porém, é mais banal. A certidão de nascimento de Piaf diz que ela nasceu no hospital Tenon.
O documento está no museu Edith Piaf (00/xx/33/1/4355-5272), dois quartos repletos de memorabilia, em um apartamento em Belleville que pertence a Bernard Marchois, autor de biografias da cantora. Entre as lembranças expostas estão um disco de ouro e um de platina, fotos, cartas e até um urso de pelúcia, presente do marido de Piaf, Theo Sarapo.
Uma placa do lado de fora do Nouveau Palais de Belleville, um enorme restaurante chinês na rua 46, relembra que o Teatro Nacional de Belleville funcionava ali. Piaf não está mais no menu -hoje, em cartaz, pernas de rã com gengibre.
Descendo a rua Belleville, no número 8, fica o Aux Folies. Tome uma cerveja no terraço e imagine Piaf cantando no supermercado na porta ao lado, onde antes funcionava o cabaré Folies-Belleville.
Descendo até o número 105 da rua du Faubourg du Temple, há o La Java (www.la-java.fr). A trilha hoje é de rock e electro, mas já foi a voz de Piaf. Ecos da cantora também podem ser encontrados na rua Rebeval, onde sua avó materna morou, na rua Ofila, na rua des Panoyaux ou na Ramponeau, onde, dizem, ela teria se hospedado.
Perto de sua lápide no Père Lachaise, uma estátua mostra Piaf na praça que leva seu nome. Locais e fãs vão ao bar Edith Piaf, atrás da imagem.
A organização Ca se visite! (www.ca-se-visite.fr) oferece tours guiados ao bairro em francês e em inglês.


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