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AS BOAS DO "BONRA"
Olhar arara por arara garante boa compra
Região reúne 960 lojas de moda feminina; alguns endereços são certeiros, mas pechinchas exigem garimpo
DA REPORTAGEM LOCAL
Não adianta pedir muitas dicas. Na hora de fazer compras
pelo Bom Retiro, o único conselho que presta é: reúna paciência e afine os olhos. A maneira mais eficiente de comprar ali é olhar arara por arara,
vitrine por vitrine, loja por loja.
A boa compra nessas ruas
-porque a José Paulino é só a
mais famosa- é fruto de muito
garimpo. É aquela peça que,
quando perguntam onde foi
que você comprou, você enche
o peito e responde que foi lá e
que foi muito baratinho -apesar de nem todas as lojas serem
recheadas de pechinchas.
O campo é vasto: das 1.200
lojas do bairro, 80% são de moda feminina. Dessas, 20% -ou
192 das 960 lojas- vendem no
varejo todos os dias da semana.
As outras 768 trabalham apenas no atacado, ou seja, vendas
em quantidade e mediante
apresentação de CNPJ. É apenas aos sábados que as lojas de
atacado abrem uma brecha para o varejo, motivo pelo qual essas ruas borbulham nesse dia.
Para saber se a loja trabalha
no varejo basta olhar para a vitrine. A maior parte delas indica com um adesivo no vidro a
forma de venda que pratica.
Há algumas lojas que têm
acabamento mais caprichado e
roupas mais bonitas, mas isso
não significa que as menos regulares não mereçam visita,
pois podem conter surpresas.
Às lojas
Quem não tem paciência de
garimpar pode seguir a alguns
endereços certeiros. No entanto, elas são mais caras do que a
média e podem mesmo atingir
preços de shopping center.
Uma parada certeira -e cara- é a loja Elements, que fica
na Correia de Melo, 62. Ali, as
peças mais baratas -regatas ou
camisetas de malha- custam
entre R$ 70 e R$ 100. As mais
caras, vestidos de seda e outros
tecidos nobres, custam entre
R$ 200 e R$ 280. As peças são
bem acabadas, com forros caprichados e bonitos, geralmente estampados ou em cores vibrantes. É uma loja que poderia
estar nos Jardins, mas está no
Bom Retiro, numa casa grande,
com ambiente amplo e ar-condicionado. Não é bem garimpo,
mas vale a visita -ali, é possível
encontrar um vestido de festa
descolado, uma calça social nada careta e outras peças raras.
Outra boa loja é a La Loca, na
Ribeiro de Lima, 584. É atacadista, mas, em fins de coleção,
como agora, vende no varejo,
com preço de atacado. Isso significa que um vestido fino, com
combinação sob o tecido transparente, sai por R$ 129 -e trata-se de um modelo discreto,
elegante, com uma prega na
frente. Uma saia com ares sociais, enfeitada com três pregas
diagonais na frente, custa R$
30. E as camisas brancas -com
desenhos diferentes, acabamento impecável e nervuras,
pregas, recortes e outros quetais- custam em torno de R$
70 e estão com 30% de desconto. O provador é coletivo e vira
uma festa -"Você acha que está apertado? Ai, ficou lindo! A
outra ficou mais bonita em você". Aceita Visa e Redeshop.
Com lojas espalhadas pela cidade, a Bayard tem quatro endereços no Bom Retiro. Ali, é
possível encontrar, entre peças
de malha ou de tecido plano,
boas compras, como um vestido chemisier -como uma camisa abotoada na frente, mas
em forma de vestido- por R$
70. Ou uma regata listrada com
franzidinho, acabamento bem
cuidado e um viés colorido no
decote por R$ 29,90.
Boa pechincha
Agora, achado mesmo são esses dois endereços, de roupas
baratas, bonitas e bem acabadas na medida do possível
-diante dos preços.
A Vetigraph, na rua Prates,
396, é especializada em malha.
Regatas lisas e estampadas, de
malha canelada ou lisa e modelagem ajustada ao corpo, custam R$ 9,99. Batas coloridas,
com corte geométrico em forma de trapézio, custam R$
19,99. Vestidos de malha lisos
custam R$ 20. As estampas são
bonitas, vão de listras coloridas
a flores com toques orientais. E
o melhor: tem provador e aceita
cartão Visa e Redeshop.
A La Maria, na José Paulino,
285, não aceita cartão nem tem
provador. A loja tem regras severas: não deixa a cliente provar nem as blusas por cima da
roupa. O cliente não pode pegar
a roupa nos cabides. Deve
apontar para a peça e pedir para a atarefada atendente pegar
uma daquelas nas prateleiras.
Mas vale parar ali, pois os vestidinhos de tecido plano com
cortes modernos, golas grandonas ou botões enormes (entre
R$ 30 e R$ 60), as camisas folgadonas com estampas à havaiana ou xadrezes (R$ 20 a R$
40), os vestidos floridos com
cores vibrantes (R$ 65) e a saia
preta básica (R$ 10, atenção: R$
10) parecem saídos de uma loja
no shopping.
(HELOISA LUPINACCI)
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