São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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AS BOAS DO "BONRA"

Olhar arara por arara garante boa compra

Região reúne 960 lojas de moda feminina; alguns endereços são certeiros, mas pechinchas exigem garimpo

DA REPORTAGEM LOCAL

Não adianta pedir muitas dicas. Na hora de fazer compras pelo Bom Retiro, o único conselho que presta é: reúna paciência e afine os olhos. A maneira mais eficiente de comprar ali é olhar arara por arara, vitrine por vitrine, loja por loja.
A boa compra nessas ruas -porque a José Paulino é só a mais famosa- é fruto de muito garimpo. É aquela peça que, quando perguntam onde foi que você comprou, você enche o peito e responde que foi lá e que foi muito baratinho -apesar de nem todas as lojas serem recheadas de pechinchas.
O campo é vasto: das 1.200 lojas do bairro, 80% são de moda feminina. Dessas, 20% -ou 192 das 960 lojas- vendem no varejo todos os dias da semana. As outras 768 trabalham apenas no atacado, ou seja, vendas em quantidade e mediante apresentação de CNPJ. É apenas aos sábados que as lojas de atacado abrem uma brecha para o varejo, motivo pelo qual essas ruas borbulham nesse dia.
Para saber se a loja trabalha no varejo basta olhar para a vitrine. A maior parte delas indica com um adesivo no vidro a forma de venda que pratica.
Há algumas lojas que têm acabamento mais caprichado e roupas mais bonitas, mas isso não significa que as menos regulares não mereçam visita, pois podem conter surpresas.

Às lojas
Quem não tem paciência de garimpar pode seguir a alguns endereços certeiros. No entanto, elas são mais caras do que a média e podem mesmo atingir preços de shopping center.
Uma parada certeira -e cara- é a loja Elements, que fica na Correia de Melo, 62. Ali, as peças mais baratas -regatas ou camisetas de malha- custam entre R$ 70 e R$ 100. As mais caras, vestidos de seda e outros tecidos nobres, custam entre R$ 200 e R$ 280. As peças são bem acabadas, com forros caprichados e bonitos, geralmente estampados ou em cores vibrantes. É uma loja que poderia estar nos Jardins, mas está no Bom Retiro, numa casa grande, com ambiente amplo e ar-condicionado. Não é bem garimpo, mas vale a visita -ali, é possível encontrar um vestido de festa descolado, uma calça social nada careta e outras peças raras.
Outra boa loja é a La Loca, na Ribeiro de Lima, 584. É atacadista, mas, em fins de coleção, como agora, vende no varejo, com preço de atacado. Isso significa que um vestido fino, com combinação sob o tecido transparente, sai por R$ 129 -e trata-se de um modelo discreto, elegante, com uma prega na frente. Uma saia com ares sociais, enfeitada com três pregas diagonais na frente, custa R$ 30. E as camisas brancas -com desenhos diferentes, acabamento impecável e nervuras, pregas, recortes e outros quetais- custam em torno de R$ 70 e estão com 30% de desconto. O provador é coletivo e vira uma festa -"Você acha que está apertado? Ai, ficou lindo! A outra ficou mais bonita em você". Aceita Visa e Redeshop.
Com lojas espalhadas pela cidade, a Bayard tem quatro endereços no Bom Retiro. Ali, é possível encontrar, entre peças de malha ou de tecido plano, boas compras, como um vestido chemisier -como uma camisa abotoada na frente, mas em forma de vestido- por R$ 70. Ou uma regata listrada com franzidinho, acabamento bem cuidado e um viés colorido no decote por R$ 29,90.

Boa pechincha
Agora, achado mesmo são esses dois endereços, de roupas baratas, bonitas e bem acabadas na medida do possível -diante dos preços.
A Vetigraph, na rua Prates, 396, é especializada em malha. Regatas lisas e estampadas, de malha canelada ou lisa e modelagem ajustada ao corpo, custam R$ 9,99. Batas coloridas, com corte geométrico em forma de trapézio, custam R$ 19,99. Vestidos de malha lisos custam R$ 20. As estampas são bonitas, vão de listras coloridas a flores com toques orientais. E o melhor: tem provador e aceita cartão Visa e Redeshop.
A La Maria, na José Paulino, 285, não aceita cartão nem tem provador. A loja tem regras severas: não deixa a cliente provar nem as blusas por cima da roupa. O cliente não pode pegar a roupa nos cabides. Deve apontar para a peça e pedir para a atarefada atendente pegar uma daquelas nas prateleiras. Mas vale parar ali, pois os vestidinhos de tecido plano com cortes modernos, golas grandonas ou botões enormes (entre R$ 30 e R$ 60), as camisas folgadonas com estampas à havaiana ou xadrezes (R$ 20 a R$ 40), os vestidos floridos com cores vibrantes (R$ 65) e a saia preta básica (R$ 10, atenção: R$ 10) parecem saídos de uma loja no shopping. (HELOISA LUPINACCI)


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