DA REPORTAGEM LOCAL

No mezanino da galeria que fica no número 345 da José Paulino funciona a Falafel Malka. A especialidade, como diz o nome, é o falafel, que pode vir no prato ou no pão. Prefira o que vem no pão, que proporciona a experiência mais intensa.
Não é bom ter pressa, porque esse lanche que vale por uma refeição é daquelas coisas memoráveis. Malka Nahum Levy, a dona do lugar e da receita, fica ali atrás do balcão, de avental e touca vermelhos. Ela mesma coloca o falafel, bolinho de grão de bico, para fritar assim que você fizer o pedido.
Eles demoram um pouco para ficar prontos. Depois de escorrido o óleo, ela monta o sanduíche com os bolinhos, pickles de pepino e de berinjela, salada de pepino e umas belas conchas de tahina -molho feito de gergelim, que também é conhecido como tahine ou como tarator.
Uma vez pronto, ela traz o sanduíche ao balcão e diz: "agora é só abrir a boca".
E ela tem mesmo de ser aberta no capricho para dar conta do tamanho da mordida. É bom já ir preparado para sujar a boca, as bochechas e o nariz. Depois de algumas mordidas é impossível não elogiar. Malka, que fica ali observando tudo, ao ouvir o elogio dá um sorriso orgulhoso. "A gente fica satisfeito de ver assim gente que gosta".
E muita gente gosta, porque a pequena lanchonete tem um movimento maior do que o esperado para um lugar tão escondido. Malka serve falafel há 31 anos. Já foi na rua Três Rios, na barraca que habita a memória de Claudio Galperin, e logo veio à galeria.
Guarde tempo para papear com Jacó, o filho de Malka, que ajuda a mãe na lanchonete. É ele que explica que o falafel ali segue a receita original do Iêmen, origem da família judaica.
É Jacó que dá a dica de segurar bem o fundo do sanduíche com papel, para que o pão não rasgue deixando vazar o molho.
Não deixe de provar o café turco, cortesia da casa. É preciso dar um tempinho, depois de ser servido, para a borra baixar e o café ficar pronto.
Na hora da despedida, Jacó tem a bondade de avisar: "tem tahina na ponta do seu nariz". (HELOISA LUPINACCI)