Voos começam às 7h, quando o sol e o vento ainda estão suaves; pouso é feito na área rural de Piracicaba

DA ENVIADA ESPECIAL A PIRACICABA

São 7h da manhã de domingo e o sol começa a ficar mais forte. No campus da Escola de Engenharia, 16 passageiros esperam enquanto uma grande chama esquenta o ar e infla o balão que os levará para um passeio de uma hora por Piracicaba. O balão, da AirBrasil, é considerado o maior da América Latina, com 9.250 metros cúbicos de volume. A subida é suave, e o vento que embala o balão passa despercebido pelos passageiros. Apesar da hora e da altura, é possível dispensar a blusa, já que a chama também esquenta os que estão a bordo. Lá embaixo, Piracicaba começa a acordar. Os cachorros da cidade parecem latir todos ao mesmo tempo. O sol amarelado da manhã destaca o principal cartão-postal da cidade, o salto do rio Piracicaba, e seu entorno: a passarela pênsil, os mirantes do parque e o complexo do Engenho Central. Outros dois balões começam a subir ao longe, despertando uma sinfonia de cliques das máquinas fotográficas a bordo. O balonismo tem tradição em Piracicaba, que foi sede, em 2004, do 17º campeonato brasileiro do esporte. Durante o trajeto, o piloto Feodor Nenov Jr., 43, que tem no currículo mais de mil horas no comando de balões, explica detalhes técnicos do voo e os mecanismos das competições de balonismo, que em geral envolvem alvos pré-determinados. O objetivo é acertar os alvos com a maior precisão possível. O passeio turístico custa R$ 240 por pessoa e deve ser reservado com antecedência. Quem define o roteiro do balão é o vento, e o piloto passa o voo todo em contato com uma equipe de apoio que segue no chão, pronta para auxiliar na hora do pouso. Os passeios são feitos sempre no começo da manhã porque o vento e o sol são mais suaves até as 8h. O voo continua, e a paisagem urbana lentamente vai se transformando em pastos, lagos e canaviais. E é exatamente num canavial o pouso do balão, deixando uma marca quadrada na cana ainda molhada pelo orvalho. O momento da aterrissagem é o único durante todo o passeio que pode causar alguma tensão nos menos afeitos a aventuras, já que envolve, além de encontrar um local seguro, alguns trancos na hora de encostar no chão. A equipe de apoio está a postos para redirecionar o balão, que sobe alguns metros novamente e é puxado por auxiliares no chão até a traseira de uma caminhonete. Molhados pelo canavial ainda cheio de orvalho, os passageiros desembarcam para o café da manhã, um brinde de espumante -e, como o grupo incluía uma aniversariante, um bolo de morango. (MARINA DELLA VALLE)