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Barcos de palha resumem Huanchaco
DO ENVIADO A HUANCHACO E TÚCUME
Não só de arqueologia vive o
turismo no Peru. Algumas tradições conseguiram sobreviver
à colonização. Conhecê-las é
um exercício melancólico de
antropologia nos igualmente
tristes trópicos peruanos.
No feio balneário de Huanchaco, a 12 km de Trujillo, a
atração são os pescadores e
seus minúsculos barcos de totora, palha também usada no
lago Titicaca. Os pescadores
saem às 6h, mas vale a pena
apreciar a técnica, desenvolvida há pelos menos 2.500 anos.
Ajoelhados sobre o "caballito
de totora", como são chamadas
as canoas, os pescadores demonstram destreza para vencer a arrebentação na praia de surfistas. O tamanho das ondas
do Pacífico e a fragilidade dos
barcos tornam a cena surreal.
Um dos pescadores mais antigos de Huanchaco, Alberto
Bucañan, 68, explica que é a pobreza, e não a tradição, que explica a técnica rudimentar.
Menos tristes e muito mais
estranhas são as cerimônias de
bruxaria, comuns na região de
Chiclayo, 200 km ao norte de
Trujillo. Um dos curandeiros
mais tradicionais é Victor Bravo, 73, há 20 anos na profissão
herdada do pai. Por cerca de R$
190, Bravo, radicado no povoado de Túcume, "prepara uma
mesa", como são chamadas as
sessões. Ele promete cura para
inveja, doenças e "sustos".
No caso da doença, usa-se um
cuy, espécie de porquinho-da-índia. Bravo passa o animal vivo por todo o corpo do doente.
Em seguida, o sacrifica e analisa seu corpo. "Se a pessoa tem
uma fratura, sai a fratura na
costela do cuy", explica.
(FM)
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