São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Barcos de palha resumem Huanchaco

DO ENVIADO A HUANCHACO E TÚCUME

Não só de arqueologia vive o turismo no Peru. Algumas tradições conseguiram sobreviver à colonização. Conhecê-las é um exercício melancólico de antropologia nos igualmente tristes trópicos peruanos.
No feio balneário de Huanchaco, a 12 km de Trujillo, a atração são os pescadores e seus minúsculos barcos de totora, palha também usada no lago Titicaca. Os pescadores saem às 6h, mas vale a pena apreciar a técnica, desenvolvida há pelos menos 2.500 anos.
Ajoelhados sobre o "caballito de totora", como são chamadas as canoas, os pescadores demonstram destreza para vencer a arrebentação na praia de surfistas. O tamanho das ondas do Pacífico e a fragilidade dos barcos tornam a cena surreal.
Um dos pescadores mais antigos de Huanchaco, Alberto Bucañan, 68, explica que é a pobreza, e não a tradição, que explica a técnica rudimentar.
Menos tristes e muito mais estranhas são as cerimônias de bruxaria, comuns na região de Chiclayo, 200 km ao norte de Trujillo. Um dos curandeiros mais tradicionais é Victor Bravo, 73, há 20 anos na profissão herdada do pai. Por cerca de R$ 190, Bravo, radicado no povoado de Túcume, "prepara uma mesa", como são chamadas as sessões. Ele promete cura para inveja, doenças e "sustos".
No caso da doença, usa-se um cuy, espécie de porquinho-da-índia. Bravo passa o animal vivo por todo o corpo do doente. Em seguida, o sacrifica e analisa seu corpo. "Se a pessoa tem uma fratura, sai a fratura na costela do cuy", explica. (FM)

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