São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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NORDESTE

"Terra de Gabriela", Ilhéus preserva espólio de Amado

No centro da costa do Cacau, a porção sul do litoral baiano, cidade conta com oito praias de areia branca

MÁRCIO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A ILHÉUS

Ilhéus é o centro da chamada costa do Cacau, porção do sul do litoral baiano que vai de Itacaré (65 km ao norte) a Canavieiras (135 km ao sul). A antiga cidade é limitada, de um lado, pelo mar verde-azul, e, do outro, pela mata atlântica.
Eternamente a "terra de Gabriela", personagem do romance de Jorge Amado ambientado na Ilhéus dos anos 1920, a cidade tem cenários encantadores e mistura memória e beleza.
Os 98 km de litoral são divididos em oito praias de areias brancas e coqueirais. As mais freqüentadas são as praias dos Milionários, batizada com esse nome em função das mansões dos barões do café, de São Miguel, que tem uma vila de pescadores e também é conhecida como praia da Barra, Batuba, que atrai surfistas com ondas que chegam a dois metros de altura, Canabrava, com dois resorts, recifes e ondas pequenas, apropriada para famílias, e da Avenida, a praia central que está dentro de um projeto paisagístico de Burle Marx.

Ficção
Gabriela, Juca Badaró, Ramiro Bastos, Fadul Abdala e tantos outros personagens criados por Jorge Amado parecem estar vivos em Ilhéus, e os cenários que inspiraram o escritor a narrar a cidade em seus romances estão de pé.
Antes freqüentado por coronéis e hoje por turistas, o cabaré Bataclan, antigo cassino que entrou em decadência com a proibição do jogo no país, virou espaço cultural.
O bar Vesúvio, ao lado da catedral de São Sebastião, aberto por volta de 1920 por dois italianos, Nicolau Caprichio e Vicente Queverini, também continua lá.
O bar passou pelas mãos de mais quatro proprietários até ser comprado, em 1945, por Emílio Maron, em que Amado baseou o personagem Nacib, de "Gabriela Cravo e Canela" (1958). Gabriela é uma mistura de duas mulheres, Lurdes Maron, a esposa de Emílio Maron, e a cozinheira Agapita.
O palacete onde hoje funciona a Casa de Cultura Jorge Amado, no centro histórico de Ilhéus, foi erguido pelo pai do escritor, João Amado de Faria, no ano de 1928.
Com estilo neoclássico, a Casa de Cultura ocupa 600 m2, tem cinco metros de pé direito, piso de jacarandá e azulejos ingleses na varanda.
Jorge Amado passou a primeira parte de sua vida ali. E foi nessa casa que ele escreveu seu primeiro livro, "O País do Carnaval", em 1931.
Hoje, funciona ali um pequeno museu, com objetos pessoais do escritor, vídeos de entrevistas e depoimentos em que Amado fala sobre a casa.
"Não é apenas uma casa... é aquela casa, onde as coisas aconteceram quando puderam acontecer", diz em um dos filmes. "Essa casa é o coração de Ilhéus, bate forte e acelerado."


MÁRCIO SAMPAIO viajou a convite da TAM e do Cana Brava Resort


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