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NORDESTE
"Terra de Gabriela", Ilhéus preserva espólio de Amado
No centro da costa do Cacau, a porção sul do litoral baiano, cidade conta com oito praias de areia branca
MÁRCIO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A ILHÉUS
Ilhéus é o centro da chamada
costa do Cacau, porção do sul
do litoral baiano que vai de Itacaré (65 km ao norte) a Canavieiras (135 km ao sul). A antiga
cidade é limitada, de um lado,
pelo mar verde-azul, e, do outro, pela mata atlântica.
Eternamente a "terra de Gabriela", personagem do romance de Jorge Amado ambientado
na Ilhéus dos anos 1920, a cidade tem cenários encantadores e
mistura memória e beleza.
Os 98 km de litoral são divididos em oito praias de areias
brancas e coqueirais. As mais
freqüentadas são as praias dos
Milionários, batizada com esse
nome em função das mansões
dos barões do café, de São Miguel, que tem uma vila de pescadores e também é conhecida
como praia da Barra, Batuba,
que atrai surfistas com ondas
que chegam a dois metros de altura, Canabrava, com dois resorts, recifes e ondas pequenas,
apropriada para famílias, e da
Avenida, a praia central que está dentro de um projeto paisagístico de Burle Marx.
Ficção
Gabriela, Juca Badaró, Ramiro Bastos, Fadul Abdala e tantos outros personagens criados
por Jorge Amado parecem estar vivos em Ilhéus, e os cenários que inspiraram o escritor a
narrar a cidade em seus romances estão de pé.
Antes freqüentado por coronéis e hoje por turistas, o cabaré Bataclan, antigo cassino que
entrou em decadência com a
proibição do jogo no país, virou
espaço cultural.
O bar Vesúvio, ao lado da catedral de São Sebastião, aberto
por volta de 1920 por dois italianos, Nicolau Caprichio e Vicente Queverini, também continua lá.
O bar passou pelas mãos de
mais quatro proprietários até
ser comprado, em 1945, por
Emílio Maron, em que Amado
baseou o personagem Nacib, de
"Gabriela Cravo e Canela"
(1958). Gabriela é uma mistura
de duas mulheres, Lurdes Maron, a esposa de Emílio Maron,
e a cozinheira Agapita.
O palacete onde hoje funciona a Casa de Cultura Jorge
Amado, no centro histórico de
Ilhéus, foi erguido pelo pai do
escritor, João Amado de Faria,
no ano de 1928.
Com estilo neoclássico, a Casa de Cultura ocupa 600 m2,
tem cinco metros de pé direito,
piso de jacarandá e azulejos ingleses na varanda.
Jorge Amado passou a primeira parte de sua vida ali. E
foi nessa casa que ele escreveu
seu primeiro livro, "O País do
Carnaval", em 1931.
Hoje, funciona ali um pequeno museu, com objetos pessoais do escritor, vídeos de entrevistas e depoimentos em
que Amado fala sobre a casa.
"Não é apenas uma casa... é
aquela casa, onde as coisas
aconteceram quando puderam
acontecer", diz em um dos filmes. "Essa casa é o coração de
Ilhéus, bate forte e acelerado."
MÁRCIO SAMPAIO viajou a convite da TAM e
do Cana Brava Resort
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