São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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DESTINO BRASIL/SE

Estância domina pirotecnia sergipana

A 68 km da capital, cidade promove queima de buscapés, espadas e barcos de fogo nas noites de São João

DO ENVIADO ESPECIAL A SERGIPE

Apesar de perder para Aracaju em público, a festa junina da cidade de Estância, a 68 km de Acaraju, é a mais tradicional do Estado. É muito conhecida por seus shows pirotécnicos. São milhares de buscapés, espadas e barcos de fogo queimados todas as noites.
Os barcos de fogo são as estrelas. Feitos de madeira e papelão e decorados com bandeirolas, são fixados em um arame suspenso e impulsionados por foguetes de pólvora. Há concursos que medem a capacidade do barco de ir e voltar sem que incedeie completamente ou que apague no meio do caminho.
As espadas e os buscapés são feitos de pólvora misturada com barro, pilados em um tronco de bambu seco. As espadas são seguradas com a mão mesmo. São giradas para que as fagulhas criem efeito visual. A queima dura menos de um minuto e produz muita fumaça.
O buscapé é feito da mesma forma. A única diferença na fabricação é que uma das extremidades do bambu é selada, o que faz com que o objeto gire sem parar e em torno de si mesmo, impulsionado pelo fogo, em uma rota imprevisível. Por isso, deve ser solto somente em áreas cercadas por grades altas de arame. Mesmo assim, acidentes acontecem. No ano passado, uma mulher morreu após ser atingida por um buscapé que escapou da grade.
Adenilson da Conceição, 33, fabricante de fogos (ou fogueteiro) há 18 anos, garante que qualquer um pode manusear as espadas ou os buscapés, desde que com cuidado. Mas admite que já se queimou feio. Os fogueteiros não usam roupas de proteção. No ano passado, Adenilson bateu seu recorde de produção: foram 350 dúzias de fogos. Neste ano, arrumou um emprego de vigia em uma escola e irá reduzir a produção para "apenas" 150 dúzias.
A espada custa R$ 5 a unidade. Já os barcos de fogo chegam a custar R$ 300. Ele conta que chega a ganhar mais de R$ 10 mil no mês de junho só com a venda de fogos.
Para se ter uma idéia da quantidade de fogos que são soltos em Estância, há 17 fogueteiros registrados pelo Corpo de Bombeiros na cidade. Há ainda os clandestinos. Segundo estimativas dos bombeiros, são produzidas cerca de 5.000 dúzias de fogos. Parte é "exportada" para várias outras cidades do Estado, incluindo Aracaju.
O forródromo de Estância é capaz de receber até 70 mil pessoas, mas o público fica em torno dos 20 mil nos principais dias de festa (31 de maio e 23 e 24 de junho). Os visitantes vêm principalmente da Bahia.

Adjacências
Já em Areia Branca, a 36 quilômetros da capital, o São João leva o nome de "Paz e Amor". É que lá não há queima de fogos. Talvez seja por isso que a cidade perdeu tantos visitantes nos últimos anos.
Itaporanga d'Ajuda, a 29 quilômetros de Aracaju, possui concursos tradicionais de quadrilhas juninas e casamentos caipiras.
Em todo o Estado de Sergipe, o acesso a qualquer festa junina é sempre gratuito, mesmo nos eventos maiores, ao contrário dos outros Estados. O São João é tão importante para a população sergipana que tem, por lá, o valor das festas natalinas no resto do país. É época de fazer ceias fartas e de usar roupa nova. (LEONARDO WEN)


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