São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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2 x mercadões

Em Istambul, calma, gogó e até sotaque derrubam os preços

PECHINCHAS RENHIDAS -> Comprar no Grande Bazar é aula ímpar no curso de como fazer, em turco, negócios da China

PRISCILA PASTRE-ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em Istambul, a ponte Galata é alternativa de caminho para chegar ao Grande Bazar (o Kapali Çarsi), tido como o maior mercado coberto do mundo.
São 18h. Horário de final de expediente, certo? Errado! Pelo menos para um senhor de uns 70 anos que cumprimenta, um a um, os passantes da ponte, oferecendo os seus serviços.
Ele tem uma balança portátil e fica grato em receber algumas moedas de lira turca dos interessados em conferir o peso.
Como os turcos se recusam a pedir esmola (eles têm sempre mercadorias ou serviços para oferecer em troca de dinheiro), cenas assim não são raras.
Também são uma demonstração do quanto a arte do negócio está à flor da pele por ali.
Agitado e antigo, o Grande Bazar tem 554 anos. É enorme também: tem quase 5.000 lojas distribuídas em 60 ruas que se derramam entre mesquitas, praças e fontes. E movimentado é apelido: recebe cerca de 200 mil visitantes por dia.
Churrasquinho grego, roupas -algumas bem coloridas, em estilo odalisca-, tecidos, lustres, tapetes, jóias, lenços e os mais variados objetos em madeira, cerâmica, cobre e metal disputam a atenção do visitante, que pode ainda esbarrar em boxes que proporcionam experiências da cultura local, como o banho turco.
Cada grupo de mercadoria tem a sua área específica -o que não impede o turista de se perder facilmente nesse labirinto de compras. Pedir ajuda pode não dar em nada. Poucos falam bem inglês. Para começar a conversa, o jeito é tentar pelo menos o "por favor" em turco (vá treinando: "lütfen").
Missão um tanto quanto complicada quando se trata de um idioma que usa e abusa de cedilhas no "s" e de tremas em outras tantas consoantes.
As negociações, feitas em voz alta -muito alta mesmo, quase aos berros-, assustam os desavisados. Mas basta uma primeira experiência para que o freguês fique com gostinho de "quero mais".
Logo ele estará entrando em outras lojas, pronto para a próxima "briga", que não raramente é amenizada pelo próprio comerciante quando um de seus empregados entra na lojinha oferecendo uma xícara de chá. O rosto enigmático com que eles trazem a bandeja dá um certo ar de mistério ao gesto. Mas vá fundo e tome. É gostoso -geralmente de maçã- e é desrespeitoso não aceitá-lo.
Quem acha que durante as andanças no mercadão da principal cidade desse país muçulmano vai encontrar mulheres de burca na mesma proporção que homens de bigode se engana. Muitas já saem para passear e trabalhar de jeans e camiseta.
O Grande Bazar fica perto da mesquita Azul e do museu Santa Sofia, num endereço difícil de ler: Çarsikapi Cad, em Beyazit. Abre de segunda a sábado, das 9h às 19h.
Na hora de agradecer pelos bons negócios, a dica é respirar fundo e caprichar no "muito obrigada". Em turco, "tesekkür ederim".


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