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2 x mercadões
Em Istambul, calma, gogó e até sotaque derrubam os preços
PECHINCHAS RENHIDAS -> Comprar no Grande Bazar é aula ímpar no curso de como fazer, em turco, negócios da China
PRISCILA PASTRE-ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em Istambul, a ponte Galata
é alternativa de caminho para
chegar ao Grande Bazar (o Kapali Çarsi), tido como o maior
mercado coberto do mundo.
São 18h. Horário de final de
expediente, certo? Errado! Pelo
menos para um senhor de uns
70 anos que cumprimenta, um
a um, os passantes da ponte,
oferecendo os seus serviços.
Ele tem uma balança portátil
e fica grato em receber algumas
moedas de lira turca dos interessados em conferir o peso.
Como os turcos se recusam a
pedir esmola (eles têm sempre
mercadorias ou serviços para
oferecer em troca de dinheiro),
cenas assim não são raras.
Também são uma demonstração do quanto a arte do negócio está à flor da pele por ali.
Agitado e antigo, o Grande
Bazar tem 554 anos. É enorme
também: tem quase 5.000 lojas
distribuídas em 60 ruas que se
derramam entre mesquitas,
praças e fontes. E movimentado é apelido: recebe cerca de
200 mil visitantes por dia.
Churrasquinho grego, roupas -algumas bem coloridas,
em estilo odalisca-, tecidos,
lustres, tapetes, jóias, lenços e
os mais variados objetos em
madeira, cerâmica, cobre e metal disputam a atenção do visitante, que pode ainda esbarrar
em boxes que proporcionam
experiências da cultura local,
como o banho turco.
Cada grupo de mercadoria
tem a sua área específica -o
que não impede o turista de se
perder facilmente nesse labirinto de compras. Pedir ajuda
pode não dar em nada. Poucos
falam bem inglês. Para começar
a conversa, o jeito é tentar pelo
menos o "por favor" em turco
(vá treinando: "lütfen").
Missão um tanto quanto
complicada quando se trata de
um idioma que usa e abusa de
cedilhas no "s" e de tremas em
outras tantas consoantes.
As negociações, feitas em voz
alta -muito alta mesmo, quase
aos berros-, assustam os desavisados. Mas basta uma primeira experiência para que o freguês fique com gostinho de
"quero mais".
Logo ele estará entrando em
outras lojas, pronto para a próxima "briga", que não raramente é amenizada pelo próprio comerciante quando um de seus
empregados entra na lojinha
oferecendo uma xícara de chá.
O rosto enigmático com que
eles trazem a bandeja dá um
certo ar de mistério ao gesto.
Mas vá fundo e tome. É gostoso
-geralmente de maçã- e é
desrespeitoso não aceitá-lo.
Quem acha que durante as
andanças no mercadão da principal cidade desse país muçulmano vai encontrar mulheres
de burca na mesma proporção
que homens de bigode se engana. Muitas já saem para passear
e trabalhar de jeans e camiseta.
O Grande Bazar fica perto da
mesquita Azul e do museu Santa Sofia, num endereço difícil
de ler: Çarsikapi Cad, em Beyazit. Abre de segunda a sábado,
das 9h às 19h.
Na hora de agradecer pelos
bons negócios, a dica é respirar
fundo e caprichar no "muito
obrigada". Em turco, "tesekkür
ederim".
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