São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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EXCURSÃO DOS BICHOS

Fama do dono garante transporte e hospedagem do mascote; regalia inclui biscoitos e passeios

Totós e bichanos viram hóspedes de luxo

JULIANA DORETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Mas, hoje-em-dia, agora, agorinha mesmo, aqui, aí, ali, em toda parte, poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por mim... ?", indaga Guimarães Rosa, em "Sagarana". Bem, mesmo sem falar, eles são muito bem entendidos. Tanto que até decidem o destino da viagem dos donos e, para não sentirem muita falta de casa, recebem certas regalias.
Os hotéis que aceitam de bom grado coleiras e casinhas não estão em todo o canto, mas, naqueles que os abrigam, os bichos são tratados quase como um hóspede comum. Para facilitar a escapada de fim de semana de quem não quer deixar o cãozinho para trás, veja na próxima página alguns desses hotéis, situados a até 262 km de São Paulo -além de alguns na capital.
A hospedagem animalesca pode incluir até passeio com os funcionários do hotel, como no spa Sete Voltas (que não cobra pelo serviço), e presentes, caso do kit com futon e brinquedo no Unique Garden, em Mairiporã. Tudo para agradar aos proprietários, que às vezes só viajam com o totó a tiracolo ou se sentem muito mais confortáveis com a companhia do amigo.
Se o dono for famoso, melhor ainda. A modelo Gisele Bündchen, por exemplo, carrega sua cadelinha yorkshire Vida para todo o lado (sempre na primeira classe, claro) e confessa: às vezes quase passa a bolsa em que a carrega pelo raio-X.
O problema é que Vida ainda não é reconhecida se não está com a proprietária. A assessora e agente da modelo, Mônica Monteiro, já teve que suar para provar a um funcionário de uma companhia aérea que carregava uma cachorra "especial", que não poderia viajar no compartimento de carga. "Se ela é da Gisele, aquele cachorro ali deve ser do Leonardo DiCaprio então", respondeu o funcionário incrédulo.
A apresentadora de TV Astrid Fontenelle levou seu cãozinho lhasa apso Guru para o Pestana, na Bahia, e o bicho foi recebido com tigelinha personalizada, brinquedos e tapetinho. Mas, oficialmente, a rede não aceita animais de estimação.
Outra apresentadora, Luisa Mell, conseguiu hospedar-se com um labrador em um hotel da rede Atlantica, mas não foi fácil. "Eles só aceitavam animais pequenos. Na hora do café, tive de amarrar o cachorro na cadeira, para evitar que ele incomodasse alguém."
Mas os luxos tupiniquins ainda não se comparam aos do hotel de Crillon (www.crillon.com), em Paris, que oferece cartão de boas-vindas, medalhinha com o logotipo do hotel, serviço de acompanhante para passeios, cama e duas opções de refeição: carne moída com arroz ou peito de frango desfiado com legumes, sempre com uma garrafa de água mineral (pelo custo de US$ 13).
Ou às massagens e à cabana portátil (que pode até ser levada para a beira da piscina) do Las Ventanas al Paraiso (www.lasventanas.com), no México. O custo é de US$ 50, pela estada.
Em geral, a hospedagem é no quarto ou nos chalés (mas quase nunca sozinhos, porque o latido ou o miado pode incomodar os outros hóspedes); enquanto os canis ficam reservados para os cachorros grandes. Nos hotéis-fazenda, há ainda baias específicas para os cavalos dos visitantes.
Os donos precisam trazer de casa a alimentação e a cama e são responsáveis pela limpeza das fezes nos "tours" pela parte externa do hotel -que, aliás, devem ser feitos sempre com coleira ou focinheira, no caso dos cães maiores.
Os animais também são obrigados a seguir regras: passeios por halls, restaurantes, quadras e áreas das piscinas estão proibidos, assim como brincadeiras que destruam o travesseiro ou o tapete do quarto. Mas, se o bicho se exaltar, e algo do hotel for danificado, o dono cobre o prejuízo -em alguns hotéis, é necessário até assinar um termo de responsabilidade por eventuais danos. Sacrifício que a bicharada parece tolerar sem problemas, só para ter a família por perto. Os donos entendem o recado.


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