São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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DE VOLTA AO FUTURO

Infância era descalça e com famosos

Para Ricardo Roman Júnior, que nasceu no Guarujá, crescimento da cidade fez a descontração diminuir

DA REDAÇÃO

Sem tênis, sem chinelos. Andava descalço, de bermuda, o dia todo! Essa é a lembrança mais marcante da infância no Guarujá para Ricardo Roman Júnior, 40, que seguiu os passos da família e hoje é quem comanda um dos hotéis mais tradicionais do balneário, o Delphin, na praia da Enseada.
"Eu precisava de praticamente nada para me se sentir feliz. Só aquela sensação que andar descalço me dava já era algo indescritível", lembra Roman, que morou até os sete anos no Guarujá e para quem a cidade praiana, nos anos de sua infância, era "um lugar para se sentir livre".
De lá para cá, seu vaivém entre São Paulo e essa cidade praiana quase não mudou. Se antes ele passava quase todos os verões e finais de semana se divertindo e surfando no Guarujá, agora ele se divide entre as duas cidades na administração do hotel, cuja história começou 44 anos atrás, quando seus avós -poloneses que viviam no Uruguai- vieram ao Brasil e abriram o negócio.
"Imagine o que foi ter passado a infância num lugar que eu adorava, convivendo com um monte de gente ilustre da época." Entre os personagens que povoam a recordação de Roman estão o ex-piloto de Fórmula 1 Ronnie Peterson e o pintor e arquiteto uruguaio Carlos Paez Vilaró, que morou dois anos no hotel Delphin nos anos 1970. "Ele veio fazer e vender quadros aqui no Guarujá. Meu pai cedeu um salão e ele improvisou um ateliê", conta. Ainda hoje podem ser vistas interferências de Vilaró nas dependências do hotel, em murais e paredes. Uma das obras deixadas ali pelo artista foi feita em homenagem ao compositor de tango argentino Astor Piazzola.
"Meu pai conta que todos os dias Vilaró fazia uma espécie de jornalzinho, escrevendo e desenhando as coisas que tinham acontecido no hotel."
Quando não estava perambulando entre os hóspedes, Roman estava na água. Numa cidade que dá ondas quase o ano inteiro, para um menino que tinha as praias de Pitangueiras, Astúrias, Guaiuba, Tombo, Pernambuco e Perequê praticamente como quintal de casa, nem tinha como ser diferente.
"Hoje não dá mais para andar descalço no Guarujá", diz, queixando-se do crescimento da cidade. "Mas dá para provar um pouco daquela sensação de liberdade do passado. Basta eu pegar minha prancha ou fazer um passeio de escuna..." (PPR)


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