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TURQUIA DUAL
Capadócia remete a cenário de ficção
A 700 km de Istambul, região é um dos principais destinos turísticos do país, com casas construídas na rocha
DA ENVIADA À CAPADÓCIA
Das planícies lunares elevam-se formações rochosas
longilíneas que se assemelham
a cogumelos, conhecidas como
"chaminés-de-fada". Nas encostas terrosas, casas são construídas dentro da rocha, umas
depois das outras, criando a ilusão de um gigantesco formigueiro, e, sob o chão, cidades escondidas. As cavernas também
abrigam igrejas -centenas delas- cristãs, muitas das quais
guardam afrescos bizantinos. E
no céu, balões pontuam o azul
limpo nas primeiras horas da
manhã. É mais ou menos isso a
Capadócia, região bem no centro da Turquia que poderia ser
o inacreditável cenário de um
filme de ficção científica.
A cerca de 700 km de Istambul, a região que tem em Göreme, Ürgüp, Nevsehir e Avanos
suas mais importantes cidades
é um dos principais destinos
turísticos do país e um de seus
pedaços de história mais rica.
Capital do império hitita até
1.100 a.C., a importante Província do Império Romano, com
direito à menção na Bíblia, é
terra de são Jorge -curiosamente, um desconhecido entre
os habitantes locais, que pasmam ao saber que o santo é um
dos mais venerados no Brasil. A
única representação de são
Jorge está na capela de Santa
Catarina, uma das dezenas que
compõem o Museu a Céu Aberto de Göreme, aliás, uma das
principais atrações capadócias.
A cerca de 1 km de Göreme,
em uma colina, espalham-se
dezenas de monastérios, capelas e igrejinhas do período bizantino, todas talhadas na rocha, algumas com menos de 5
m2, outras mais extensas. A
maioria traz afrescos em suas
"paredes", mas boa parte das
obras não passou incólume pelo Período Iconoclasta.
Outro passeio obrigatório é a
cidade subterrânea de Derinkoyu -uma das 35 da região.
Trata-se de cavernas subterrâneas interligadas que formam uma espécie de colméia,
onde comunidades inteiras viviam em tempo integral. Há cozinhas comunais, estábulos,
quartos, igrejas -tudo sob o
chão, sem uma fresta de luz.
Os estudos sobre essas habitações ainda são precários. De
concreto, sabe-se que eram
usadas por volta do século 7º
-mas alguns arqueólogos
crêem que elas remontem a
mais de 4.000 a.C., ainda da
época dos hititas. Serviam, sobretudo, para períodos de
guerra, quando aldeias inteiras
tinham de se esconder ali para
evitar o inimigo.
Essa quase-simbiose local
entre homem e pedra acontece
por conta do tipo de rocha dominante na região, de origem
vulcânica e textura areada,
muito suscetível à erosão.
A natureza única também fez
a região popular entre os adeptos das caminhadas -que podem passear entre seus vales
verdes (apesar da aparência
árida, o solo capadócio é bastante fértil)- e do balonismo.
Atenção apenas para as temperaturas: elas costumam ser
cerca de 10C abaixo das de Istambul na maior parte do ano.
Durante o outono e a primavera, as temperaturas amenas do
dia caem à noite, por vezes para
abaixo de zero.
(LUCIANA COELHO)
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