São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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Cidade recebeu 1º milagre de madre Paulina

DO ENVIADO ESPECIAL

Eluísa Rosa de Souza, 59, foi peça-chave na canonização de madre Paulina, ocorrida em maio deste ano. Ela protagonizou, em Imbituba, o primeiro milagre da santa, confirmado no ano passado pelo Vaticano, e contou à Folha a sua experiência. (MP)

Folha - Como foi o milagre?
Eluísa Rosa de Souza -
Está fazendo 36 anos! Deu-se assim: desde que eu me casei, sempre estive muito doente. Já tinha dado à luz a quatro filhos quando comecei a apresentar uma anemia muito forte. Engravidei outras vezes e perdi os bebês. Na terceira vez fui ao médico e comecei um tratamento. Era setembro de 1966, quando, na última visita, o médico me examinou e disse que eu estava grávida de seis meses, mas nas minhas contas eram nove!
Procurei outros médicos então. Eu estava com o neném morto dentro de mim. Vários médicos constataram isso. Eu precisava ser internada urgentemente e decidi que seria aqui mesmo.
Nenhum tratamento teve resultado. Na curetagem, antes da operação, tive hemorragia. Fui às pressas para a mesa de operação, mas o sangue não coagulava.
Depois de muito tempo, os médicos desistiram. O chefe da equipe até tirou o guarda-pó. Eu não tinha mais oxigênio no cérebro. Nessa hora, as irmãs de Nossa Senhora da Conceição falaram que iam operar com o céu. Colocaram uma relíquia no meu peito e começaram a rezar. Chamaram minha família e foram todos à capela invocar a interseção de madre Paulina. Fiquei dois dias moribunda e voltei. Eu tinha 24 anos.

Folha - Você já tinha ouvido falar de madre Paulina nessa época?
Eluísa -
Não. Conheci a madre nesse dia. Eu já gostava de participar de orações, mas não tinha condições, estava sempre muito doente. Só a partir daquele susto eu passei a me dedicar mais à religião. Meu marido e eu.

Folha - Como foi a sua participação na canonização?
Eluísa -
Fiquei uma semana na casa das irmãs fazendo exames, só para comprovar que eu não tinha sequelas. Se você fica com alguma sequela, o Vaticano não aceita o que aconteceu como milagre. Fizeram muitos exames no meu rim. Passei por muitos médicos.

Folha - Como foi a emoção de conhecer o papa?
Eluísa -
Ai, eu olho aquela foto (Eluísa e o marido cumprimentado João Paulo 2º) e estranho que sou eu que está ali. Parece que é outra pessoa, mas sou eu. Quando subi aquela rampa, não tinha noção do que estava acontecendo. Jamais me passaria pela cabeça que eu viveria tudo isso.
Durante o processo de canonização, parece que não vivi, só viajava. Só me dei conta depois. Quando eu estava em Roma, falei para o meu marido: "Olha o que essa Paulina faz, eu aqui do outro lado do mundo. Esse é o verdadeiro milagre". Eu, que sou muito simples, sempre achava que estava em segundo plano nas coisas. Quando irmã Célia foi avisar meu chefe que eu teria de me ausentar por alguns dias do serviço, entendi que o auge da história era eu.

Folha - Vocês estão montando um local de oração aqui em Imbituba?
Eluísa - Tem uma comissão que está fazendo isso. Vão fazer um barracão para fazer oração. Vai ter uma imagem dela. É numa pedreira. A gente já se reúne. É a Famapa, Família Madre Paulina. Fazemos orações e conversamos sobre madre Paulina. Fazemos uma adoração por mês. Já chegou a ter 400 pessoas. Quem quiser vir sempre será bem-vindo.


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