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Cidade recebeu 1º milagre de madre Paulina
DO ENVIADO ESPECIAL
Eluísa Rosa de Souza, 59, foi peça-chave na canonização de madre Paulina, ocorrida em maio
deste ano. Ela protagonizou, em
Imbituba, o primeiro milagre da
santa, confirmado no ano passado pelo Vaticano, e contou à Folha a sua experiência.
(MP)
Folha - Como foi o milagre?
Eluísa Rosa de Souza - Está fazendo 36 anos! Deu-se assim: desde
que eu me casei, sempre estive
muito doente. Já tinha dado à luz
a quatro filhos quando comecei a
apresentar uma anemia muito
forte. Engravidei outras vezes e
perdi os bebês. Na terceira vez fui
ao médico e comecei um tratamento. Era setembro de 1966,
quando, na última visita, o médico me examinou e disse que eu estava grávida de seis meses, mas
nas minhas contas eram nove!
Procurei outros médicos então.
Eu estava com o neném morto
dentro de mim. Vários médicos
constataram isso. Eu precisava ser
internada urgentemente e decidi
que seria aqui mesmo.
Nenhum tratamento teve resultado. Na curetagem, antes da operação, tive hemorragia. Fui às
pressas para a mesa de operação,
mas o sangue não coagulava.
Depois de muito tempo, os médicos desistiram. O chefe da equipe até tirou o guarda-pó. Eu não
tinha mais oxigênio no cérebro.
Nessa hora, as irmãs de Nossa Senhora da Conceição falaram que
iam operar com o céu. Colocaram
uma relíquia no meu peito e começaram a rezar. Chamaram minha família e foram todos à capela
invocar a interseção de madre
Paulina. Fiquei dois dias moribunda e voltei. Eu tinha 24 anos.
Folha - Você já tinha ouvido falar
de madre Paulina nessa época?
Eluísa - Não. Conheci a madre
nesse dia. Eu já gostava de participar de orações, mas não tinha
condições, estava sempre muito
doente. Só a partir daquele susto
eu passei a me dedicar mais à religião. Meu marido e eu.
Folha - Como foi a sua participação na canonização?
Eluísa - Fiquei uma semana na
casa das irmãs fazendo exames, só
para comprovar que eu não tinha
sequelas. Se você fica com alguma
sequela, o Vaticano não aceita o
que aconteceu como milagre. Fizeram muitos exames no meu
rim. Passei por muitos médicos.
Folha - Como foi a emoção de conhecer o papa?
Eluísa - Ai, eu olho aquela foto
(Eluísa e o marido cumprimentado João Paulo 2º) e estranho que
sou eu que está ali. Parece que é
outra pessoa, mas sou eu. Quando
subi aquela rampa, não tinha noção do que estava acontecendo.
Jamais me passaria pela cabeça
que eu viveria tudo isso.
Durante o processo de canonização, parece que não vivi, só viajava. Só me dei conta depois.
Quando eu estava em Roma, falei
para o meu marido: "Olha o que
essa Paulina faz, eu aqui do outro
lado do mundo. Esse é o verdadeiro milagre". Eu, que sou muito
simples, sempre achava que estava em segundo plano nas coisas.
Quando irmã Célia foi avisar meu
chefe que eu teria de me ausentar
por alguns dias do serviço, entendi que o auge da história era eu.
Folha - Vocês estão montando um
local de oração aqui em Imbituba?
Eluísa - Tem uma comissão
que está fazendo isso. Vão fazer um
barracão para fazer oração. Vai ter uma
imagem dela. É numa pedreira. A gente
já se reúne. É a Famapa, Família Madre
Paulina. Fazemos orações e conversamos sobre madre Paulina. Fazemos
uma adoração por mês. Já chegou a ter
400 pessoas. Quem quiser vir sempre
será bem-vindo.
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