São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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BALEIA À VISTA

Companhia de filhote dá mais graça a espetáculo

PAULO RAMOS DERENGOSKI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No sul do Estado de Santa Catarina, a praia do Rosa era o local onde antigamente se matavam e carneavam baleias.
Contra a planície azul-esverdeada do mar, suas massas cinzentas mostravam as flores vermelhas abertas pelos arpões que rasgavam as entranhas desses mamíferos marinhos gigantescos.
Antes de morrer, as baleias se torciam e retorciam em espasmos de dor, até ficarem imobilizadas, boiando ao sabor das ondas.
Hoje, graças à mentalidade preservacionista, não só escaparam da extinção como também passaram a atrair milhares de turistas à praia do Rosa nesta época do ano.
O espetáculo que emerge do Atlântico seria único se não ocorresse em dose dupla, pois as baleias frequentemente estão acompanhadas de suas crias.
Elas foram salvas pela lei da Regulamentação Internacional de Caça à Baleia, datada de 1946. Mas existem países que não respeitam essa lei, embora pouquíssima gente hoje coma carne de baleia ou utilize o seu óleo como combustível. Como dizia o escritor Ernest Hemingway, o mar é o último lugar livre do planeta, um patrimônio da humanidade.
O exemplo da praia do Rosa -e a onda crescente representada pela observação de baleias ("whale watching") em diversos locais do mundo- prova que é mais rentável e pedagógico desenvolver o turismo em torno da preservação desses imensos mamíferos do que afogá-los num mar de sangue.
O litoral de Santa Catarina possui 500 km de praias emolduradas por lagoas, dunas, rios, costões e trechos de mata atlântica. Desde Itapoá, na divisa com o Estado do Paraná, até Passos de Torres, no limite com o Rio Grande do Sul, a vegetação exuberante realça o mar e a areia branca.
Embarcações coloridas e redes de pesca fazem parte do cenário. De fala cantada e rosto curtido pelo sol e pelo sal, os pescadores locais herdaram da sua origem luso-açoriana os segredos da lida com o mar e o imaginário recheado de crendices.


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