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Gantois é Vaticano da Roma Negra
DO ENVIADO ESPECIAL
A beleza do mundo está no
Gantois, cantou Dorival Caymmi
na "Oração de Mãe Menininha"
(1972). Bem divulgado turisticamente, mas nem por isso menos
autêntico e cativante, o Gantois,
na Roma Negra que é Salvador,
perfaz uma espécie de imprescindível Vaticano baiano.
Situado no bairro da Federação,
o terreiro de candomblé mais afamado do país foi capitaneado entre 1926 e 1986 por Escolástica
Maria da Conceição Nazaré, a
mãe Menininha (1894-1986), e
hoje é regido por mãe Carmem,
sua filha. Notabilizou-se pelos freqüentadores ilustres e poderosos:
entre eles, Jorge Amado e Antonio Carlos Magalhães.
Desde a sua fundação por Maria
Júlia da Conceição Nazaré em
1849, o Ilê Iyá Omin Axé Iyamassê
(o nome Gantois evoca a antiga
família dona do terreno) foi sempre dirigido por mulheres da
mesma família. Maria Júlia integrava o Ilê Iyanassô, a Casa Branca do Engenho Velho hoje ainda
em atividade, quando perdeu a
disputa da sucessão e decidiu
inaugurar domínio próprio.
O ideal é tentar descobrir as datas das festas abertas ao público
não-iniciado (rua Mãe Menininha do Gantois, 23, tel. 0/xx/71/
331-9231). A Folha acompanhou
duas celebrações: a de Omolu
(sincretizado com são Lázaro, são
Roque e, algumas vezes, com são
Sebastião) e outra dedicada ao
dual Ibeji (no sincretismo, os gêmeos Cosme e Damião).
A primeira, hierática, solene, foi
dedicada ao orixá das pragas e das
doenças, que se manifesta por
uma dança dolorosa e com o rosto coberto por uma palha que lhe
oculta a lepra. No Dia das Crianças, que ocuparam o recinto em
massa, Ibeji foi festejado com um
tom dionisíaco, zombeteiro. Detalhe fundamental para antes da
partida para o candomblé: os homens ali presentes devem sempre
usar calça comprida.
(PID)
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