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ALEMANHA
Obras do projeto que deve reerguer setor do muro em ocasião do 15º aniversário de sua queda já foram iniciadas
Memorial do Muro gera protesto em Berlim
TONY PATERSON
DO INDEPENDENT
A reconstrução de uma parte
do Muro de Berlim, no centro da
capital alemã, está causando uma
tempestade de protestos de políticos, de historiadores e de antigas
vítimas do comunismo que alegam que o projeto tem traços de
Disneylândia. A idéia de refazê-lo
foi lançada por um museu privado que pretende criar o Memorial
do Muro na cidade, coincidindo
com o 15º aniversário de sua queda, que será celebrado em 10 de
novembro deste ano. A decisão
reacende o debate sobre a necessidade de a capital alemã ter um
memorial do Muro de Berlim autêntico e permanente.
Trabalhadores já estão reinstalando 120 seções da antiga barreira em um local perto do "Checkpoint Charlie", o antigo posto militar de checagem entre o que, antes de 1989, dividia Berlim Oriental e Berlim Ocidental.
"A questão é construir um memorial para que as pessoas nunca
se esqueçam [do Muro]", disse
Alexandra Hildebrandt, diretora
do Museu de Checagem Charlie,
responsável pelo projeto.
Dezenas de vendedores de suvenires que utilizam o espaço como
um mercado de troca de objetos
da época do comunismo para turistas estão sendo obrigados a deixar o local para que o projeto seja
desenvolvido. Eles serão substituídos por 120 seções do concreto
original do antigo muro, que será
decorado por artistas norte-coreanos, sul-coreanos, israelenses e
palestinos.
"Esses países também sofreram
a experiência da divisão", diz Hildebrandt. O museu arrendou o
local até o final do ano. "Nós devemos brigar para manter o memorial pelo maior tempo possível."
Porém a ausência de torres de
vigilância, de arame farpado, da
então chamada faixa da morte e
sobretudo dos tiros de Kalashnikov dos soldados alemães na
fronteira, que tinham ordem de
atirar nos desertores para o lado
ocidental, têm enfurecido muitas
das vítimas do antigo regime comunista. Eles dizem que o projeto
não fez nada para informar as
pessoas de que mais de mil alemães orientais foram mortos tentando escapar para o lado ocidental durante o comunismo.
Peter Hussock, 61, um cidadão
da antiga Alemanha Oriental que
foi encarcerado ao tentar escapar
para o Ocidente disse: "O muro
reconstruído não tem nada a ver
com a coisa real, é preocupante
ver a verdade distorcida dessa
maneira".
Segundo Walter Momper, antigo prefeito de Berlim Ocidental à
época que o Muro veio abaixo em
1989, "o Muro era um instrumento de assassinato não uma atração
turística". "Existem alguns lugares em Berlim onde ele ainda está
de pé. Autêntico. O resto é Disneylândia", acrescentou.
A maioria dos turistas que visitam a nova locação do Muro é favorável ao projeto apresentado na
semana passada. O casal londrino
Renate e Oliver Farley disse achar
"maravilhoso que um memorial
para o Muro seja colocado nesse
local".
Para críticos como Hubertus
Knabe, do Museu Stasi, que representa mais de 250 mil vítimas
do comunismo da Alemanha
Oriental, "o Muro de Berlim foi
uma monstruosidade, mas esse
projeto o faz inofensivo e banal.
Qualquer jovem olhando para ele
pensaria: "Do que os alemães
orientais tinham tanto medo?'".
"O que precisamos é um um memorial adequado que revele o
completo horror do Muro", diz.
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