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TURISTA APRENDIZ
Viagens de estudo do meio despertam interesse nos alunos e fortalecem amizades
Tour educacional integra currículos
MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL
Viagem de estudo do meio, turismo pedagógico ou educacional, as antigamente chamadas excursões escolares agora têm esses
nomes pomposos para deixar nítido aos pais e aos alunos que se
trata de mais um recurso para o
aprendizado, e não simples saídas
de lazer -embora em certos casos as escolas adotem também esse tipo de programa, visando
principalmente a integração.
"É importante que o projeto pedagógico da escola esteja muito
claro para garantir a qualidade da
viagem", afirma Elvira Maria Godinho Aranha, coordenadora pedagógica de quintas e sextas séries
do Colégio Rainha da Paz.
As saídas costumam se adequar
ao currículo anual de cada série,
com a vantagem de misturar várias disciplinas. Normalmente as
viagens incluem uma preparação
anterior em classe, com aulas teóricas sobre o que vai ser visto, e
um trabalho na volta. "A vivência
em campo é uma ferramenta
muito forte e útil para o professor", comenta Demian Topel, sócio-proprietário da Terra Nativa,
operadora especializada nesse tipo de viagem.
A diretora-geral do colégio Oswald de Andrade-Caravelas, Maria de Lourdes Trevisan, diz perceber um envolvimento muito
grande dos alunos em tudo o que
diz respeito a viagens de estudo
do meio. Em geral, a garotada
aprova esse método de ensino.
"Saindo do ambiente escolar,
você aprende de um jeito muito
mais descontraído", comenta Vera Bain, 15, aluna do colégio I. L.
Peretz, que foi para Goiás no ano
passado. "Quando você vê, não
tem erro, é aquilo mesmo."
Muitas escolas exigem, durante
a pesquisa in loco, o preenchimento de apostilas, que podem
ser formuladas pela própria escola, pela operadora que organiza a
viagem ou por ambas em conjunto. Porém a eficácia do procedimento é discutível. "Os estudantes já vivem com papel em classe.
Em campo, eles têm que sujar a
mão", opina Ana Lucia Ugrinovich, dona da operadora Uggi. Para ela, mais importante do que estudar as disciplinas é o aluno viver
novas sensações e vencer desafios.
"Se chover, melhor. Hoje ninguém mais toma chuva."
Mas as novas experiências
acontecem mesmo em saídas carregadas de conteúdo. "Os alunos
acham muito divertido o banho
de lama no mangue [da região de
Parati]. É a coisa mais esperada da
viagem", comenta Cecília Lennan, orientadora pedagógica de
quinta a oitava série do Madre
Alix, referindo-se a uma viagem
para estudar o ecossistema do
manguezal.
Fora da escola, os estudantes
têm a oportunidade de observar
os limites de outros espaços, na
opinião de Maria Celina Cattini,
diretoria da unidade do Morumbi
do Colégio Visconde do Porto Seguro, que, porém, não tem mais
realizado saídas com pernoite
porque, segundo ela, os pais têm
reclamado dos seus custos.
O auto-conhecimento e o trabalho de valores de cidadania como
respeito e sociabilidade estão entre os objetivos da Escola da
Granja Viana ao organizar essas
viagens, segundo sua proprietária, Odete Leiko Nakassima.
Nesse contexto, o envolvimento
do grupo marca os estudantes.
Para Bruno Villamea Santos, 16, o
mais importante da sua viagem
para as escolas da Natureza e do
Mar do colégio Objetivo, onde estuda, foi ter
aprendido a fazer amizades. "Eu
era um pouco isolado."
Esse aspecto também marcou a
estudante Isabella Affonso, 16,
que em 2001, quando estava na oitava série, foi para as serras gaúchas com os colegas do Instituto
Divina Pastora. "Consegui entrar
em várias "panelinhas" novas."
O fortalecimento de amizades
nessas viagens é muito importante para Fernanda Pasquale, mãe
de Luna Pasquale Ghinato, 12, que
no ano passado foi para a Fazenda
Monjolinho com o Beatíssima.
"Não devia ter a opção de não ir. É
caro, sacrificado, mas os pais precisam dar um jeito. É muito triste
para o aluno ficar de fora."
Normalmente quem fica faz trabalhos paralelos. Mas alguns colégios consideram tão importante
esse tipo de viagem que embutem
o preço delas na mensalidade escolar, segundo Thiago Vidigal,
um dos donos da operadora Chão
Nosso. E às vezes os próprios estudantes se solidarizam com
quem não pode pagar o programa. Certa vez os alunos da Santo
Inácio fizeram rifas e coisas do gênero para pagar a viagem de formatura de oitava série de um colega, segundo a diretora-geral Beka
Kuri. "Ele ficou muito feliz."
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