São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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TURISTA APRENDIZ

Muitos locais têm programas pedagógicos, embora certas estadas tenham como meta apenas integrar

Acampamentos não querem só divertir

DA REPORTAGEM LOCAL

Os bichinhos de pelúcia preferidos dos irmãos Alice, 9, Gabriel, 7, e Pedro Andreoli Hirata, 5, os ajudaram a aliviar as saudades de casa quando saíram pela primeira vez com a escola para um fim de semana num acantonamento, aos cinco anos de idade.
As crianças são alunas da Escola Carlitos, que tem como algumas das metas com a viagem desenvolver a capacidade de iniciativa da criança e solidificar as amizades do grupo, segundo a coordenadora de G4 a primeira série da escola, Laura Piteri.
De acordo com Simone Zaterka, diretora da escola, as crianças ainda exercitam "o respeito ao outro e aprendem desde pequenos que pertencem a um grupo".
Até o ano passado, os alunos de primeira a quarta série da Escola Santo Inácio costumavam ir para o Rancho Ranieri, com o objetivo de desenvolver o lado esportivo e a solidariedade, segundo a diretora-geral da instituição, Beka Kury. Neste ano a escola não deve oferecer a viagem porque, de acordo com a diretora, tem diminuído o interesse dos estudantes, que freqüentam esses locais em julho.
Também os alunos de primeira a quarta série do colégio Oswald de Andrade-Caravelas costumam viajar para um acampamento, normalmente o República Lago. "Eles ganham experiência de autonomia e aprendem a lidar com uma outra forma de organização", diz a diretora-geral da escola, Maria de Lourdes Trevisan.
Para Sibele Andreoli, mãe de Alice, Gabriel e Pedro, as crianças dessa idade gostam de se sentir capazes. Alice conta ter ajudado uma amiguinha a arrumar a cama e se orgulha de dizer que sua turma ganhou o concurso de quarto mais arrumado do local.
"A gente brincava muito, não tinha nada para escrever, nenhuma lição para fazer", lembra Alice.

Atividades pedagógicas
Mas hoje a maioria dos acampamentos não se destina apenas ao lazer, embora continue oferecendo brincadeiras, jogos, atividades aquáticas, cavalgadas e esportes radicais.
Hoje vários se auto-intitulam "acampamentos pedagógicos" para oferecer estudo do meio e viagens de formatura às escolas. Muitos desses estabelecimentos, inclusive, são membros da Abae.
No ano passado, os alunos da quinta série do Colégio Rainha da Paz estudaram no Sítio do Carroção, em Tatuí, a transformação daquele espaço geográfico, além da canalização e do tratamento da água, segundo a coordenadora de quinta e sexta séries da escola, Elvira Maria Godinho Aranha.
O República Lago, em Leme, oferece programas sobre arqueologia, cinema e cartografia, entre outros, e tem parceria com fazendas de café da região, que recebem os freqüentadores.
Já a especialidade do English Camp, em Itapetininga, é a imersão na língua inglesa durante os dias de estada do acampado. A experiência foi vivida por Luna Pasquale Ghinato, 12, nas férias de janeiro. Ela conta ter melhorado muito na língua enquanto praticava esportes como beisebol e desenvolvia atividades de artesanato, como tingimento de camiseta e confecção de pulseiras.
Aluna do Colégio Beatíssima, Luna também foi com os colegas de classe para a Fazenda Monjolinho, em São Pedro. Gincana, dança e teatro são algumas das atividades citadas pela estudante no acampamento. "À noite, a gente tinha tanto sono que nem dava para conversar com as amigas."
(MARISTELA DO VALLE)


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