São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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TURISTA APRENDIZ

Colégio doa dinheiro para construção de reservatórios, e alunos conferem reação dos moradores in loco

Renda de festa junina paga cisternas no PI

DA REPORTAGEM LOCAL

Um Palio Weekend custa perto de R$ 30.800. Com esse valor também é possível comprar 30 cisternas para moradores do Piauí. Foi o que fez o Colégio Rainha da Paz com o dinheiro arrecadado na festa junina do ano passado. Oficialmente foi construída uma cisterna por casa em locais como o município de Dirceu Arcoverde e a serra do Gavião, mas cada poço pode abastecer 50 pessoas, segundo a coordenadora da pastoral do colégio católico, Maria Amélia Fernandes.
Construídas as cisternas, espécies de reservatório de água, quatro alunos da quinta série, duas coordenadoras e uma freira da escola foram conferir, em uma viagem de cinco dias, como a população recebeu o presente.
"Foi muito legal ver a emoção das pessoas", diz Gabriela Bianchini, 12, uma das alunas sorteadas para ir ao Piauí. "Os moradores andavam pelo menos 2 km para pegar água suja num rio e viviam com dor nas costas."
Gabriela nunca tinha ido ao Piauí e se surpreendeu com o que viu. "Eu pensei que o chão fosse todo rachado e cheio de ossos de vacas mortas", comenta, acrescentando que, embora o local seja bem seco, não corresponde exatamente ao quadro que pintara. "Comi tapioca, maria bonita (arroz com carne), farofa, carne-de-sol. Adorei, nossa, é muito bom."
Como Dirceu Arcoverde fica a 40 km de São Raimundo Nonato, o grupo, que se alojou em casas paroquiais, também visitou as famosas pinturas rupestres do local. "Deu para ver detalhes delas", comenta Gabriela, que estudava o assunto nas aulas de história.
A compra das cisternas faz parte de um projeto chamado Água para Vidas Secas, o qual o colégio mantém neste ano e que discute em classe a questão da água, que, aliás, é tema da campanha da fraternidade deste ano.
Do Piauí, os representantes da escola telefonavam ou mandavam e-mail para os alunos da escola e chegaram a conversar com eles durante a aula de ciências, segundo relato de Maria Amélia, que também participou da viagem. O projeto ainda inclui a troca de informações entre os alunos do colégio paulistano e os de escolas de Dirceu Arcoverde.
Neste ano, deve aumentar o número de alunos e professores do Rainha da Paz a participar da viagem. Devem ir para o Piauí pelo menos dois alunos de cada série entre a quinta série e o terceiro ano do ensino médio. "Viajarão no máximo 20 pessoas", conta Maria Amélia, explicando que não cabe mais do que isso na casa paroquial que abriga os viajantes.
(MARISTELA DO VALLE)


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