São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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CURITIBA

Pesquisa para delinear o perfil dos visitantes do maior evento do tipo no Brasil deverá ser realizada neste ano

Festival de Teatro gera turismo temático

PEDRO IVO DUBRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ponto de descanso de tropeiros no passado, Curitiba ainda não sabe ao certo quantas pessoas "pousam" na cidade durante um de seus eventos culturais mais importantes, o Festival de Teatro, que começou na última quinta e se estende até o domingo.
Uma pesquisa, que não foi realizada nas 12 edições anteriores, deve ser encampada pela Diretoria de Turismo da prefeitura, a fim de trazer subsídios ao conhecimento dos que chegam. Visa a delinear melhor o perfil do visitante -de onde vem e se, na época, se dirige à capital paranaense só para assistir às peças teatrais, por exemplo.
Com um orçamento de R$ 1,8 milhão e aglutinando, em 2004, 156 encenações do Brasil, de Portugal e da Inglaterra, além de oficinas e outras atividades, o festival produz turismo temático. No ano passado, estima-se que 100 mil pessoas tenham acompanhado os espetáculos; 10 mil delas não seriam moradoras de Curitiba. A trabalho, integrando as fichas técnicas das montagens, há para este ano a previsão da vinda de mil forasteiros. Os dados são da Fundação Cultural de Curitiba.
O teatro anima a cidade. Por excelência anticarnavalesca, Curitiba parece receber um influxo festeiro desconhecido no período da folia mais tradicional. Não raro, há montagens que, logo no título, entregam que roçarão o sexo e/ou a escatologia, tal qual a válvula de escape própria do Carnaval.
Os moradores saem de casa, as ruas ficam cheias. Segundo a Diretoria de Turismo, março é uma das épocas em que a cidade mais acolhe turistas, perdendo, talvez, só para o Natal, com suas decorações e iluminações de fachadas.
De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba (Sindotel), o movimento do setor durante os 11 dias do Festival de Teatro cresce em torno de 15%. Há, porém, quem identifique nos últimos anos uma queda de demanda, pelo menos no que diz respeito à aquisição de pacotes turísticos.
A agência de turismo receptivo Onetur, que, nos primeiros anos do evento, realizava sozinha a recepção de grupos, ainda não havia, até o início das apresentações, recebido pedidos. Para a sua diretora-geral, Maria Luiza de Anunciação, outras atrações culturais -o Circuito Cultural do Banco do Brasil e o Festival de Cinema- têm trazido mais solicitações desse tipo de serviço.

Além do palco
Embora peças -das mais variadas regiões brasileiras- não faltem, o artista e o espectador não se restringem ao palco ou à platéia. Quem vai a Curitiba acaba também percorrendo as suas atrações turísticas.
Alguns dos espaços teatrais, aliás, acabam, por si sós, constituindo pontos de interesse. Há, por exemplo, o imponente teatro Ópera de Arame e o teatro Paiol -este último, algo afastado do centro, um antigo depósito de pólvora de 1874 que, por seu formato circular, transformou-se numa exata arena.
Boa parte dos teatros fica na região central curitibana, onde se localizam o histórico largo da Ordem (endereço da Casa Romário Martins, do final do século 18, da Casa Vermelha, de 1891, e do Museu de Arte Sacra, instalado na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, de 1737) e a afamada rua 15 de Novembro.
Mas ao largo dos tablados também há lugares dignos de apreciação. Embora bastante concentrados na programação teatral, os atores de São Paulo Thiago Fidanza e Tathiana Bott pretendem fruir outros aspectos da cidade.
Este é o terceiro festival dele e o quarto dela. Fidanza e Bott, no ano passado, se apresentaram na Mostra Oficial. Desta vez, deslocaram-se até Curitiba na condição de turistas-espectadores.
Viriam de carro, mas optaram pelo avião. "Tentamos pegar o Corujão da TAM [passagem noturna, mais barata], mas ele saía de Guarulhos e, por isso, pegamos outro vôo", afirma o ator.
Ele recomenda uma visita ao Passeio Público, no centro. De acordo com o artista, Curitiba apresenta uma boa sinalização para o turista. "Eu nunca tive problema com isso."
Sua amiga quer aproveitar a ocasião para fazer os passeios obrigatórios faltantes. "Nunca fui à Ópera de Arame." Ambos não participam das estatísticas dos pacotes turísticos e dos hotéis: estão hospedados na casa de um primo de Tathiana Bott.


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