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CURITIBA
Pesquisa para delinear o perfil dos visitantes do maior evento do tipo no Brasil deverá ser realizada neste ano
Festival de Teatro gera turismo temático
PEDRO IVO DUBRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ponto de descanso de tropeiros
no passado, Curitiba ainda não
sabe ao certo quantas pessoas
"pousam" na cidade durante um
de seus eventos culturais mais importantes, o Festival de Teatro,
que começou na última quinta e
se estende até o domingo.
Uma pesquisa, que não foi realizada nas 12 edições anteriores, deve ser encampada pela Diretoria
de Turismo da prefeitura, a fim de
trazer subsídios ao conhecimento
dos que chegam. Visa a delinear
melhor o perfil do visitante -de
onde vem e se, na época, se dirige
à capital paranaense só para assistir às peças teatrais, por exemplo.
Com um orçamento de R$ 1,8
milhão e aglutinando, em 2004,
156 encenações do Brasil, de Portugal e da Inglaterra, além de oficinas e outras atividades, o festival
produz turismo temático. No ano
passado, estima-se que 100 mil
pessoas tenham acompanhado os
espetáculos; 10 mil delas não seriam moradoras de Curitiba. A
trabalho, integrando as fichas técnicas das montagens, há para este
ano a previsão da vinda de mil forasteiros. Os dados são da Fundação Cultural de Curitiba.
O teatro anima a cidade. Por excelência anticarnavalesca, Curitiba parece receber um influxo festeiro desconhecido no período da
folia mais tradicional. Não raro,
há montagens que, logo no título,
entregam que roçarão o sexo e/ou
a escatologia, tal qual a válvula de
escape própria do Carnaval.
Os moradores saem de casa, as
ruas ficam cheias. Segundo a Diretoria de Turismo, março é uma
das épocas em que a cidade mais
acolhe turistas, perdendo, talvez,
só para o Natal, com suas decorações e iluminações de fachadas.
De acordo com o Sindicato de
Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba (Sindotel), o
movimento do setor durante os 11
dias do Festival de Teatro cresce
em torno de 15%. Há, porém,
quem identifique nos últimos
anos uma queda de demanda, pelo menos no que diz respeito à
aquisição de pacotes turísticos.
A agência de turismo receptivo
Onetur, que, nos primeiros anos
do evento, realizava sozinha a recepção de grupos, ainda não havia, até o início das apresentações,
recebido pedidos. Para a sua diretora-geral, Maria Luiza de Anunciação, outras atrações culturais
-o Circuito Cultural do Banco
do Brasil e o Festival de Cinema-
têm trazido mais solicitações desse tipo de serviço.
Além do palco
Embora peças -das mais variadas regiões brasileiras- não faltem, o artista e o espectador não
se restringem ao palco ou à platéia. Quem vai a Curitiba acaba
também percorrendo as suas
atrações turísticas.
Alguns dos espaços teatrais,
aliás, acabam, por si sós, constituindo pontos de interesse. Há,
por exemplo, o imponente teatro
Ópera de Arame e o teatro Paiol
-este último, algo afastado do
centro, um antigo depósito de
pólvora de 1874 que, por seu formato circular, transformou-se
numa exata arena.
Boa parte dos teatros fica na região central curitibana, onde se
localizam o histórico largo da Ordem (endereço da Casa Romário
Martins, do final do século 18, da
Casa Vermelha, de 1891, e do Museu de Arte Sacra, instalado na
Igreja da Ordem Terceira de São
Francisco das Chagas, de 1737) e a
afamada rua 15 de Novembro.
Mas ao largo dos tablados também há lugares dignos de apreciação. Embora bastante concentrados na programação teatral, os
atores de São Paulo Thiago Fidanza e Tathiana Bott pretendem
fruir outros aspectos da cidade.
Este é o terceiro festival dele e o
quarto dela. Fidanza e Bott, no
ano passado, se apresentaram na
Mostra Oficial. Desta vez, deslocaram-se até Curitiba na condição
de turistas-espectadores.
Viriam de carro, mas optaram
pelo avião. "Tentamos pegar o
Corujão da TAM [passagem noturna, mais barata], mas ele saía
de Guarulhos e, por isso, pegamos
outro vôo", afirma o ator.
Ele recomenda uma visita ao
Passeio Público, no centro. De
acordo com o artista, Curitiba
apresenta uma boa sinalização
para o turista. "Eu nunca tive problema com isso."
Sua amiga quer aproveitar a
ocasião para fazer os passeios
obrigatórios faltantes. "Nunca fui
à Ópera de Arame." Ambos não
participam das estatísticas dos pacotes turísticos e dos hotéis: estão
hospedados na casa de um primo
de Tathiana Bott.
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