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LITORAL BAIANO
Para artista, que falou do local em peça, viver lá nos anos 70 foi "diferente de tudo, inexplicável, muito bom"
Ator José de Abreu lembra da época em que morou na região
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando chegou ao Nordeste,
em 1972, José de Abreu, hoje
com 63 anos, não sabia muito
bem o que havia ido fazer lá.
Havia saído da prisão -fora
preso em congresso da UNE-
e, um pouco perdido por não
saber até que ponto era perseguido, resolveu fazer o movimento de "drop out". "Naquela
época, falava-se muito nisso, de
dar o fora", lembra. "E eu fui
para Itapuã [Salvador]", diz.
"Ficava muito em Arembepe.
Era uma época em que todo
mundo ia para Salvador. Era
um Woodstock brasileiro."
E foi essa uma das lembranças que ele trouxe na peça "Fala, Zé!", que passou por várias
cidades brasileiras. Misturando passagens de sua vida com
ficção, contou a sua experiência
com os hippies e pescadores
que viviam no local. "Era tão diferente de tudo. Aquilo foi inexplicável, muito bom."
Depois de seis meses, quando
voltou a São Paulo, onde sua
mãe morava, o ator lembra que
ela queimou as roupas dele.
No ano passado, o ator voltou
a Arembepe levando a mulher e
o filho. "Foi uma emoção muito
forte", afirma ele. "Mesmo precisando de mais infraestrutura,
Arembepe é muito bom."
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