São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Honfleur revela origem do movimento

Balneário de 9.000 habitantes é berço do artista Eugène Boudin, que apresentou o impressionismo a Monet

Romântico e repleto de galerias de arte, local é ideal para ser explorado a pé durante o verão no hemisfério Norte


DO ENVIADO À NORMANDIA

Marcada por um portinho abrigado e ruelas com elementos arquitetônicos medievais que fizeram parte de uma fortaleza no século 15, Honfleur, balneário de apenas 9.000 habitantes, teve imensa importância na gênese do estilo artístico que ficou conhecido no século 19 como impressionismo.
Eugène Boudin nasceu em Honfleur, em 1824, e, filho de marinheiro, foi ele quem ungiu Claude Monet a pintar à maneira impressionista.
O surpreendente Museu Eugène Boudin (www.ville-honfleur.fr e www.musees-basse-normadie-fr), na parte mais alta da cidade, na praça Erik-Satie, abre diariamente das 10h às 12h30 e das 14h às 18h e documenta o nascer desse movimento.
Seu acervo mostra, até 6 de setembro, a arte impressionista do período 1820-1900, com obras dos inúmeros pintores que estiveram em Honfleur, caso de Corot, Bonington, Turner, Cals, Courbet e Jongkind, entre outros (entradas a 6,50).
Othon Friesz foi outro artista que desenhou o porto de Honfleur, que tem seu epicentro religioso na igreja católica de Santa Catarina, de origem normanda, construída entre 1466 e 1497, depois da Guerra dos Cem Anos, conflito que opôs ingleses e franceses.
Pintada por Monet, essa igreja ancestral pode ser vista no museu; visitada entre os tantos casamentos que ali acontecem, lembra um barco de madeira ou um grande mercado coberto.
Curiosa, a torre dessa igreja de Santa Catarina foi edificada ao lado, pois os construtores, de origem viquingue, acostumados à construção naval, temiam que ela desabasse com o peso e a vibração dos sinos.
Dentro, as imensas colunas da igreja são de madeira maciça, lembrando mastros -e há vitrais no altar, dedicado a santo Estêvão.
Para se ter uma ideia da engenhosidade de seus construtores, já em 1503 a elite que construiu a igreja de Santa Catarina pagou a expedição de Paulmier de Gouneville rumo ao Brasil.

MAIS SOLAR
Por volta de 1660, a muralha medieval ao redor do centro antigo foi destruída e o porto abrigado (ou Vieux Bassin), hoje dominado pela atracação de veleiros de luxo -e não mais pelos tradicionais pesqueiros-, foi alongado e ganhou a forma atual.
Ao redor dessa doca, diante de casarões normandos de seis andares, acontece um agitado mercado de rua.
Os banhos de mar começaram por volta de 1830, com a chegada de turistas ingleses, e Honfleur ganhou o aspecto mais disponível e turístico.
Pissarro, Renoir e Cèzanne costumavam se reunir no Ferme St. Siméon, hoje um hotel. Romântica, pontilhada por restaurantes de peixe e galerias de arte, Honfleur é ideal para ser descoberta a pé durante o verão europeu.
Ao lado do velho portinho recôndito, uma outra igreja remonta a 1369 e abriga, hoje, o minimuseu da Marinha.
Caminhando por lá, chega-se à rua da Prisão, onde um galpão para guardar sal, o Greniers à Sel, foi edificado em 1670 com algumas das pedras da muralha desfeita.
O rio Sena deságua no Atlântico não longe dali e também inspirou pintores, escritores, poetas, viajantes e casais enamorados.
(SILVIO CIOFFI)


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