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Arquitetura moderna marca Le Havre
Destruída durante a Segunda Guerra Mundial, cidade portuária foi reconstruída e tombada pela Unesco
O brasileiro Oscar Niemeyer assina complexo que leva seu nome; espaço funciona como centro cultural
DO ENVIADO À NORMANDIA
No estuário do rio Sena, o
porto de Le Havre (www.lehavretourisme.com), cidade de 200 mil habitantes, remonta a 1517. Mas rigorosamente nada por ali lembra o
passado medieval, nem pode ser reconhecido nos quadros dos pintores impressionistas.
E o curioso é que Eugène
Boudin e Claude Monet, de
certa maneira pais desse movimento artístico, se conheceram em Le Havre, onde o
primeiro tinha uma papelaria. Monet, aos 16 ou 17 anos,
ganhava a vida como chargista nos jornais locais, e, para tanto, comprava lápis e
material na loja de Boudin.
Ocupada pelos nazistas e
bombardeada pelos aliados,
em 13 de setembro de 1944, a
essa grande cidade portuária
foi destruída na Segunda
Guerra -80 mil pessoas ficaram desabrigadas.
Reconstruída no pós-guerra em concreto armado, material então em voga, acabou
tombada pela Unesco em
2005 pelo significativo conjunto de prédios contemporâneos -nem todos um consenso em termos de estética.
O passeio pela metrópole
não deixa, entretanto, de ser
agradável. Na costa, as marinas de veleiros atestam a vocação marítima de Le Havre
-e há quem aproveite o mar
para praticar kitesurfe.
Perto dos jardins públicos
e diante da prefeitura há fontes modernas e calçadas largas para caminhar.
A igreja de São José, uma
torre de concreto, é bonita
por dentro, onde refletem as
luzes das janelas retangulares. Projetada por August
Perret, em 1957, tem cem metros e lembra um farol.
Outro marco moderno, o
complexo que leva o nome
de Oscar Niemeyer é chamado de "Vulcão" e faz as vezes
de centro cultural.
O projeto tem as linhas
que caracterizam o arrojo do
arquiteto, mas poderia estar
mais conservado: a escultura metálica em forma de mão
onde havia uma fonte estava
desligada na visita.
ARTE NA VEIA
Já o ponto alto do passeio,
o Museu de Belas Artes André Malraux (http://musee-malraux.ville.lehavre.fr),
esse sim, tem estreita relação
com os impressionistas -e
vale por si só a viagem.
Prédio de vidro e concreto
no boulevard Clemanceau,
2, abre de segunda a sexta,
das 11h às 18h, e, aos sábados e domingos, das 11h às
19h. Além de uma imensa coleção de quadros do pioneiro
Boudin, tem obras de Monet,
Sisley, Pissarro, Dufy etc.
Artista múltiplo -impressionista, fauvista e seguidor
de Cezànne-, Raoul Dufy,
que nasceu em Le Havre, em
1877, teve, após sua morte,
em 1963, 70 de suas obras
doadas a esse museu.
A coleção reunida pelo político e pensador André Malraux (1901-1976), que lutou
na China e na Guerra Civil
Espanhola, não se atém, entretanto, ao impressionismo.
Estão ali esculturas de
proa, pinturas italianas e holandesas do século 17, óleos
de Van Dongen e de Paul
Gauguin, pintor que, em
1890, achou nas ilhas do Taiti luzes mais intrigantes que
as que os amigos impressionistas viam na Normandia.
O uso da biblioteca é livre
dentro do museu, cuja entrada custa 5 e que tem livraria, loja e restaurantes.
HORA DAS COMPRAS
Depois de visitar o museu
e de caminhar à beira-mar, a
dica é ir ao novo centro de
compras Docks Vauban
(www.docksvauban.com),
que reúne 60 lojas e restaurantes, além de 12 cinemas.
Exemplo de regeneração
urbana semelhante às de Gênova, Lisboa e Buenos Aires,
essas docas viraram local de
lazer encerram lojas de marcas como Esprit, City Docks,
Quiksilver e Foot Locker.
VELHA MANSÃO
Para não dizer que em Le
Havre não há locais antigos,
quem gosta de assuntos náuticos deve visitar a mansão
do Armador (3, qui L'îlle, perto do mercado de peixe).
Edificada em 1790 por
Paul-Michel Thibault, arquiteto de fortalezas e engenheiro hidráulico, o espaço pertenceu ao mercador Pierre-Martin Foache e é ricamente
ornamentado.
Além de mobiliário de época, há exemplares de louças
chinesas, cristal holandês do
século 18, minimodelos de
navios e globos. Aberto às segundas, terças, sextas, sábados e domingos das 11h às
18h e, às quartas, das 14h às
18h, cobra entrada de 2. Exceto no primeiro sábado do
mês, quando a entrada é gratuita.
(SILVIO CIOFFI)
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