São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Arquitetura moderna marca Le Havre

Destruída durante a Segunda Guerra Mundial, cidade portuária foi reconstruída e tombada pela Unesco

O brasileiro Oscar Niemeyer assina complexo que leva seu nome; espaço funciona como centro cultural


DO ENVIADO À NORMANDIA

No estuário do rio Sena, o porto de Le Havre (www.lehavretourisme.com), cidade de 200 mil habitantes, remonta a 1517. Mas rigorosamente nada por ali lembra o passado medieval, nem pode ser reconhecido nos quadros dos pintores impressionistas.
E o curioso é que Eugène Boudin e Claude Monet, de certa maneira pais desse movimento artístico, se conheceram em Le Havre, onde o primeiro tinha uma papelaria. Monet, aos 16 ou 17 anos, ganhava a vida como chargista nos jornais locais, e, para tanto, comprava lápis e material na loja de Boudin.
Ocupada pelos nazistas e bombardeada pelos aliados, em 13 de setembro de 1944, a essa grande cidade portuária foi destruída na Segunda Guerra -80 mil pessoas ficaram desabrigadas.
Reconstruída no pós-guerra em concreto armado, material então em voga, acabou tombada pela Unesco em 2005 pelo significativo conjunto de prédios contemporâneos -nem todos um consenso em termos de estética.
O passeio pela metrópole não deixa, entretanto, de ser agradável. Na costa, as marinas de veleiros atestam a vocação marítima de Le Havre -e há quem aproveite o mar para praticar kitesurfe.
Perto dos jardins públicos e diante da prefeitura há fontes modernas e calçadas largas para caminhar.
A igreja de São José, uma torre de concreto, é bonita por dentro, onde refletem as luzes das janelas retangulares. Projetada por August Perret, em 1957, tem cem metros e lembra um farol.
Outro marco moderno, o complexo que leva o nome de Oscar Niemeyer é chamado de "Vulcão" e faz as vezes de centro cultural.
O projeto tem as linhas que caracterizam o arrojo do arquiteto, mas poderia estar mais conservado: a escultura metálica em forma de mão onde havia uma fonte estava desligada na visita.

ARTE NA VEIA
Já o ponto alto do passeio, o Museu de Belas Artes André Malraux (http://musee-malraux.ville.lehavre.fr), esse sim, tem estreita relação com os impressionistas -e vale por si só a viagem.
Prédio de vidro e concreto no boulevard Clemanceau, 2, abre de segunda a sexta, das 11h às 18h, e, aos sábados e domingos, das 11h às 19h. Além de uma imensa coleção de quadros do pioneiro Boudin, tem obras de Monet, Sisley, Pissarro, Dufy etc.
Artista múltiplo -impressionista, fauvista e seguidor de Cezànne-, Raoul Dufy, que nasceu em Le Havre, em 1877, teve, após sua morte, em 1963, 70 de suas obras doadas a esse museu.
A coleção reunida pelo político e pensador André Malraux (1901-1976), que lutou na China e na Guerra Civil Espanhola, não se atém, entretanto, ao impressionismo.
Estão ali esculturas de proa, pinturas italianas e holandesas do século 17, óleos de Van Dongen e de Paul Gauguin, pintor que, em 1890, achou nas ilhas do Taiti luzes mais intrigantes que as que os amigos impressionistas viam na Normandia.
O uso da biblioteca é livre dentro do museu, cuja entrada custa 5 e que tem livraria, loja e restaurantes.

HORA DAS COMPRAS
Depois de visitar o museu e de caminhar à beira-mar, a dica é ir ao novo centro de compras Docks Vauban (www.docksvauban.com), que reúne 60 lojas e restaurantes, além de 12 cinemas.
Exemplo de regeneração urbana semelhante às de Gênova, Lisboa e Buenos Aires, essas docas viraram local de lazer encerram lojas de marcas como Esprit, City Docks, Quiksilver e Foot Locker.

VELHA MANSÃO
Para não dizer que em Le Havre não há locais antigos, quem gosta de assuntos náuticos deve visitar a mansão do Armador (3, qui L'îlle, perto do mercado de peixe).
Edificada em 1790 por Paul-Michel Thibault, arquiteto de fortalezas e engenheiro hidráulico, o espaço pertenceu ao mercador Pierre-Martin Foache e é ricamente ornamentado.
Além de mobiliário de época, há exemplares de louças chinesas, cristal holandês do século 18, minimodelos de navios e globos. Aberto às segundas, terças, sextas, sábados e domingos das 11h às 18h e, às quartas, das 14h às 18h, cobra entrada de 2. Exceto no primeiro sábado do mês, quando a entrada é gratuita. (SILVIO CIOFFI)

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