São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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ACIMA DO TEJO

No caminho para o ponto mais alto de Portugal, vale a pena uma escala em Belmonte

Queijo é estrela da serra da Estrela

DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL

Foi-se o Alentejo. Não é difícil perceber, já que o caminho até a serra da Estrela é bastante sinuoso e cheio de coníferas e guarda sobretudo a expectativa dos queijos dessa região, especialidades que chegam a custar 25 o quilo. É o ponto mais alto do país, com quase 2.000 metros de altura, pontuado por estações e pistas de esqui.
Com um pouco de tempo sobrando, antes de se embrenhar serra acima, vale a pena fazer uma primeira escala em Belmonte, terra de Pedro Álvares Cabral e também a única produtora de azeite kasher do país -a cidade tem uma forte tradição judaica e é sede da Rota das Antigas Judiarias, com um roteiro de comunidades sefarditas de outrora em Portugal.
Uma vez na serra da Estrela, é possível visitar uma fábrica de queijos típicos e ali mesmo se hospedar. Os queijos também estão sujeitos à certificação -assim como a cerâmica de Flor da Rosa, vila vizinha a Crato, os porcos alentejanos e o azeite do norte alentejano. Todos querem ser D.O.P. (denominação de origem protegida). Segundo o queijeiro José Matias, as condições para um queijo receber a certificação é ser feito com leite cru de ovelha bordaleira -uma raça levada pelos romanos à península Ibérica-, sal e flor do cardo. Hoje apenas três marcas têm o selo.
Matias, um jovem engenheiro que transformou o negócio de duas gerações da família de pastores em um empreendimento que exporta para EUA, Espanha, Itália e Canadá, conta que as exigências para a D.O.P. são dificilmente cumpridas por quem não tem a certificação. "Muitos usam leite em pó ou leite de ovelha comum. Além disso, é difícil achar empregados para o pastoreio, mesmo com 500 mil desempregados no país", conta o empresário.
Mas as dificuldades não freiam os negócios que envolvem o queijo da Serra da Estrela. Na região onde é produzido o queijo de Matias, a vila de Carragosela, que nem está no mapa -fica ao lado da cidade de Seia-, ele construiu um pequeno hotel-fazenda, a Quinta do Chão da Vinha, com preços nada ruins ( 70 o casal).
(ALEXANDRA MORAES)


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