São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

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FIM DE SEMANA / GONÇALVES (MG) - 190 KM DE SP

Na cidade mineira, circula-se por estabelecimentos que recebem a alcunha dos donos; doces e tour a cavalo recheiam o dia

Em MG, visita chama morador pelo nome

LUIS DÁVILA
EM GONÇALVES (MG)

A mineira Gonçalves é desses lugares que, quando a gente volta de lá, quer contar sobre a viagem sem dar o endereço, para não estragar. Fica a 190 km de São Paulo, na serra da Mantiqueira, entre Campos do Jordão (SP) e Camanducaia (MG). Apesar das cachoeiras, dos passeios a cavalo e da comida, o melhor é a tranqüilidade.
Em dois dias, o turista fica sabendo como muitos moradores se chamam. Ali os estabelecimentos ganham o nome dos donos, que recebem alcunhas ligadas a seu ganha-pão: "seu" João dos Cavalos, Marcelo do Bar, dona Jovina das Geléias e "seu" Venâncio e dona Lázara das Verduras.

Nome e sobrenome
Tudo passa pelo bar do Marcelo. Durante todo o dia, entra gente ali atrás de petiscos e de um dos muitos tipos de cachaça à venda. No local funciona um dos poucos orelhões da cidade e dois computadores com internet.
No domingo, a pedida é visitar o paulistano André do bar Quero Quero, onde a saborosa comida é servida em meio a obras de artistas plásticos. O quintal é o melhor da festa: é lei ver o pôr-do-sol ali.
Dona Jovina vende suas geléias -de amora, kiwi, goiaba, framboesa e laranja- e seus doces - de leite, ameixa e pêssego- enquanto conta histórias.
"Seu" José, o marido de dona Jovina, não passa batido: gosta de arqueologia, jura que existe ouro e onça na região e conhece grutas, cavernas e cachoeiras.
"Seu" Venâncio e dona Lázara vendem os produtos sem agrotóxicos de sua horta orgânica. Na cidade funciona a associação Orgânicos da Mantiqueira, que reúne pequenos produtores de frutas e verduras sem agrotóxicos. A produção chega a São Paulo através de uma rede de distribuidores.

Água abaixo
As cachoeiras de Gonçalves são do tipo simples e eficiente. Nem bonitas nem feias, prestam para um mergulho. Na do Simão, a água é cristalina e bem gelada. Um pedaço de rocha se transforma em solarium. Essa queda-d'água é um dos pontos visitados durante os passeios a cavalo do "seu" João. Ele tem mais de 40 animais. Tesouro é o mais rápido; Jóia, a mais mansa. Todos são dóceis e podem ser montados por visitantes de qualquer idade.

Pedra acima
Gonçalves é cercada de montanhas. Há a pedra de São Domingos, a Bonita e a da Balança. Mas, dentre todas, uma tem algo a mais. É a pedra do Forno, a 1.970 metros de altitude. Como o nome diz, o algo a mais é gastronômico.
No pé dessa pedra fica o restaurante do "seu" Ovídio, onde a comida mineira reina, mas não brilha só: divide o centro das atenções com mais de 20 tipos de doce. Por mais que caminhe o dia todo, uma parada na mesa de doces causa aumento no peso (mesmo que seja só da consciência).
A subida da pedra do Forno é íngreme, mas de fácil acesso. O cansaço pode levar o visitante a desistir. Mas uma pausa e uma olhada ao redor reativam os ânimos. A vista alcança São Bento do Sapucaí, Campos do Jordão (SP) e Camanducaia (MG). Depois do esforço, o algo a mais dessa pedra se torna magnífico: com fome, nada melhor do que já estar no restaurante de "seu" Ovídio.


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