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DA SAVANA AO JARDIM
Em 316 km, turista mistura passeios por vinícolas com esportes radicais
Rota costeira extrapola lado safári
Gustavo Chacra/Folha Imagem
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Família de elefantes é observada em safári na reserva Shamwari, a cerca de uma hora de Port Elizabeth |
GUSTAVO CHACRA
ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL
A África do Sul permeia o imaginário de muitos viajantes pelas
savanas, pela diversidade de línguas e de tribos, pela multiculturalidade e pela história intrincada.
Leva vantagem, sem dúvida, pela variedade da fauna, com a presença daqueles personagens que,
desde pequenos, relacionamos ao
reino animal e que só podemos
ver enjaulados em zoológicos.
O safári, embora seja o grande
atrativo sul-africano, não é o único. Na região do Cabo, há um trajeto de 316 quilômetros, batizado
de Garden Route (rota jardim),
entre Port Elizabeth e a Cidade do
Cabo, que passa por parques e cidades costeiras e vai bem além de
uma viagem que só tem os "big five" (os cinco animais mais procurados em safáris: elefante, rinoceronte, leão, leopardo e búfalo) na
mira. O roteiro mescla praias, ondas, esportes radicais, shoppings
e vinícolas.
Única estrada de todo o mundo
que costeia os oceanos Atlântico e
Índico, a Garden Route pode ser
considerada o equivalente da rodovia Rio-Santos para os brasileiros ou das estradas costeiras da
Califórnia. É o trecho mais caro
do litoral sul-africano, com condomínios de luxo e praias recortadas por montanhas, além de ser o
destino de verão das elites de Johannesburgo e Cidade do Cabo.
Não é à toa que a Garden Route
ganhou esse nome. O verde recobre quase todo o percurso, em um
país marcado pela paisagem de
savanas. Ao longo de toda a estrada, há desfiladeiros que se tornaram alvo fácil dos praticantes de
esportes radicais. Há trilhas e
bungee jumps de quase cem metros, além de rios propícios para a
prática de canoagem e de algumas
das ondas mais perfeitas de todo o
mundo, como as de Jeffrey's Bay.
Mas o safári não fica de fora. A
reserva de Shamwari, a 72 km de
Port Elizabeth, cumpre a função.
Para saber como funciona o safári
não é preciso se deslocar até o
Kruger, o maior parque nacional
da África do Sul, no norte do país.
Shamwari é uma das reservas
mais modernas do país e tem lodges de alto padrão.
Além dos safáris e das praias,
não há como escapar de três temas durante a permanência na
África do Sul: a questão racial, a
criminalidade e a Aids. Assim como as correntes marítimas que
chegam do Atlântico e do Índico
têm dificuldade para se misturar
na costa da África do Sul, o mesmo ainda ocorre com brancos e
negros 11 anos depois do fim do
apartheid.
Pesquisa do Instituto Justiça e
Reconciliação da África do Sul indica que 59% dos brancos e 24%
dos negros desaprovam o relacionamento de um parente próximo
com um membro de outra raça.
Ademais, o país enfrenta enormes complicações para combater
a criminalidade, que, em Johannesburgo, chega a ser maior do
que no Brasil, e para lutar contra a
Aids. Para os sul-africanos, boa
parte das mazelas poderá ser superada com a realização da Copa
do Mundo de 2010, na qual depositam a expectativa de que, além
de conquistar o título, conseguirão aquecer a economia e colocar
o país como um dos principais
destinos turísticos do mundo.
Gustavo Chacra viajou a convite da
South African Tourism e da companhia
aérea South African Airways
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