|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTE PELA PROA
Culto a Veneza une diversas cabeças e uma só sentença
Capital do Vêneto ostenta 150 canais e perto de 400 pontes
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Destino de 12 milhões de turistas anualmente, Veneza
(www.turismovenezia.it e www.enit.it), capital do Vêneto, é tão ecumênica que viajantes, artistas e escritores de vários estilos, origens e épocas
rendem a ela o seu culto.
Até o navegador Cristóvão
Colombo, criado na rival Gênova, capital da Ligúria, chamou
de "venezuelanos" índios que
habitavam palafitas nas costas
da atual Venezuela, em 1498.
O arquiteto Oscar Niemeyer,
101, diz que o projeto do palácio
Ducal, reconstruído nos séculos 14 e 15 para ser a sede do governo dos doges, "antecipa a arquitetura moderna". Niemeyer, cuja obra filiada à arquitetura moderna foi exposta na
Bienal de 1996, afirma que o palácio Ducal, cujas linhas arrojadas são atribuídas ao projeto de
1309, de Felipe Calendário, é
inovador: "Tem a estrutura de
apoio cheia de arcos e de curvas
e, no alto, o contraste da fachada quase cega; no interior, o
grande salão não tem colunas e
o vão livre enorme".
Ao lado do palácio Ducal, a
basílica de San Marco foi erigida no século 11, quando Veneza
era a República Sereníssima -e
comerciava com Bizâncio, aliás
Constantinopla, aliás Istambul,
de cujo hipódromo vieram os
cavalos de bronze exibidos nessa igreja. San Marco incorpora
tantas influências bizantinas
que o escritor francês Stendhal,
autor de "O Vermelho e o Negro" (1830), afirmou ser essa
basílica "a primeira mesquita
que se vê andando na direção
do Oriente".
Complementando o conjunto da praça San Marco -salão
de visitas dessa cidade que irradia ruelas (ou "calles") e cuja
teia urbana compreende 150
canais e quase 400 pontes,- fica a Piazetta. Diante do Grande
Canal, essa pracinha tem duas
colunas encimadas por estátuas: uma traz o leão alado,
símbolo do evangelista Marcos;
a outra, são Teodoro e o jacaré.
Ali também estão a torre do
Relógio, do século 15, e o Campanário, torre de de 98,5 m do
século 16 que colapsou em 1902
-e, refeita, foi reaberta em
1912. Nesse mesmo ano, 1912, o
romancista alemão Thomas
Mann publicou "Morte em Veneza", romance que chegou às
telas em filme de Luchino Visconti (1970).
Mergulho nas origens
A alcunha de Sereníssima foi
possivelmente cunhada em
oposição ao nome República
Soberba, atribuído à região da
Ligúria, cuja capital é Gênova.
Ambas guerrearam em 1380, na
batalha da Chioggia.
Ávidos comerciantes, os venezianos inspiraram o inglês
William Shakespeare (1564-1616). Em "Otelo", ele criou um
personagem para quem Veneza
vira as costas mesmo depois
dele resistir à invasão turca à
ilha de Chipre, trampolim para
a sua expansão mercantil no
Oriente. Já "O Mercador de Veneza", mostra o agiota judeu
Shylock, que quer se vingar daqueles que o desprezam.
Além das escaramuças
-reais!- com os genoveses e
com os turcos, Veneza foi tomada em 1797 pelo imperador
francês Napoleão e dominada
pela Áustria, até ser devolvida à
Itália, em 1866. Suas origens
mergulham numa região lagunar onde os longobardos encontraram refúgio, em 570,
após Átila, o Huno, saquear o
Vêneto, em 452.
Texto Anterior: Pacotes Próximo Texto: Arte pela proa: Veja endereços obrigatórios em Veneza Índice
|