São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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ARTE PELA PROA

Culto a Veneza une diversas cabeças e uma só sentença

Capital do Vêneto ostenta 150 canais e perto de 400 pontes

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Destino de 12 milhões de turistas anualmente, Veneza (www.turismovenezia.it e www.enit.it), capital do Vêneto, é tão ecumênica que viajantes, artistas e escritores de vários estilos, origens e épocas rendem a ela o seu culto.
Até o navegador Cristóvão Colombo, criado na rival Gênova, capital da Ligúria, chamou de "venezuelanos" índios que habitavam palafitas nas costas da atual Venezuela, em 1498.
O arquiteto Oscar Niemeyer, 101, diz que o projeto do palácio Ducal, reconstruído nos séculos 14 e 15 para ser a sede do governo dos doges, "antecipa a arquitetura moderna". Niemeyer, cuja obra filiada à arquitetura moderna foi exposta na Bienal de 1996, afirma que o palácio Ducal, cujas linhas arrojadas são atribuídas ao projeto de 1309, de Felipe Calendário, é inovador: "Tem a estrutura de apoio cheia de arcos e de curvas e, no alto, o contraste da fachada quase cega; no interior, o grande salão não tem colunas e o vão livre enorme".
Ao lado do palácio Ducal, a basílica de San Marco foi erigida no século 11, quando Veneza era a República Sereníssima -e comerciava com Bizâncio, aliás Constantinopla, aliás Istambul, de cujo hipódromo vieram os cavalos de bronze exibidos nessa igreja. San Marco incorpora tantas influências bizantinas que o escritor francês Stendhal, autor de "O Vermelho e o Negro" (1830), afirmou ser essa basílica "a primeira mesquita que se vê andando na direção do Oriente".
Complementando o conjunto da praça San Marco -salão de visitas dessa cidade que irradia ruelas (ou "calles") e cuja teia urbana compreende 150 canais e quase 400 pontes,- fica a Piazetta. Diante do Grande Canal, essa pracinha tem duas colunas encimadas por estátuas: uma traz o leão alado, símbolo do evangelista Marcos; a outra, são Teodoro e o jacaré.
Ali também estão a torre do Relógio, do século 15, e o Campanário, torre de de 98,5 m do século 16 que colapsou em 1902 -e, refeita, foi reaberta em 1912. Nesse mesmo ano, 1912, o romancista alemão Thomas Mann publicou "Morte em Veneza", romance que chegou às telas em filme de Luchino Visconti (1970).

Mergulho nas origens
A alcunha de Sereníssima foi possivelmente cunhada em oposição ao nome República Soberba, atribuído à região da Ligúria, cuja capital é Gênova. Ambas guerrearam em 1380, na batalha da Chioggia.
Ávidos comerciantes, os venezianos inspiraram o inglês William Shakespeare (1564-1616). Em "Otelo", ele criou um personagem para quem Veneza vira as costas mesmo depois dele resistir à invasão turca à ilha de Chipre, trampolim para a sua expansão mercantil no Oriente. Já "O Mercador de Veneza", mostra o agiota judeu Shylock, que quer se vingar daqueles que o desprezam.
Além das escaramuças -reais!- com os genoveses e com os turcos, Veneza foi tomada em 1797 pelo imperador francês Napoleão e dominada pela Áustria, até ser devolvida à Itália, em 1866. Suas origens mergulham numa região lagunar onde os longobardos encontraram refúgio, em 570, após Átila, o Huno, saquear o Vêneto, em 452.


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