São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

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ROMARIA LUSA

Caminhos convergem para cidade banhada pelo rio Douro, que percorre 927 km da Espanha ao Atlântico

No Porto, vinho licoroso edificou riquezas

DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL

Ouro e prata abundantes, muitas madeiras de lei, cerâmicas e tapeçarias raras. São sinais de riqueza que chamam a atenção do turista que, no Porto, visita igrejas e museus. Embora sua história remonte à Idade do Bronze (século 8º a.C.), a cidade enriqueceu a partir do século 15, com o comércio de mercadorias das terras anexadas por Portugal. Do Brasil vieram o ouro e a madeira que edificaram igrejas e palácios, hoje transformados em museus.
Assim ocorre com a igreja de São Francisco, na qual o ouro cria querubins, guirlandas e animais. O ponto alto é a árvore de Jessé, de madeira dourada e pintada, esculpida entre 1718 e 1721 por Filipe da Silva e António Gomes. O tronco e os galhos apóiam uma coleção de figuras bíblicas, culminando, no topo, em Jesus ao lado da Virgem Maria e de são José.
Ao lado da igreja, no lugar do mosteiro de São Francisco, está o palácio da Bolsa de Valores, construído por comerciantes da cidade em 1842. O destaque do prédio é o salão Árabe, repleto de arcos e de intrincados arabescos.
Fora do centro, o Museu de Arte Contemporânea Serralves, construído nos anos 30 em estilo art déco e rodeado por um jardim, exibe mostras temporárias de artistas portugueses e estrangeiros.
Já o museu do Carro Eléctrico conta a história dos bondes. Entre os exemplares conservados, estão o nº 22, de 1895, primeiro bonde elétrico da península Ibérica, e o nº 8, de 1872, puxado a mula.
Terra de Pero Vaz de Caminha, autor da carta que relatou a descoberta do Brasil, o Porto ganhou status de cidade cosmopolita com o tratado de Methuen (1703), firmado entre Portugal e Inglaterra.
Naquele período, a prosperidade foi garantida graças à exportação de vinhos, especialmente do vinho do Porto, que era trazido do Alto Douro, em cujas encostas está a região vinícola demarcada mais antiga do mundo, nos barcos de madeira-os rabelos.

Douro
Há várias maneiras de percorrer a região vinícola do Douro, demarcada em 1756 pelo marquês de Pombal, e conhecer as quintas que promovem degustação de vinho do Porto.
Régua, centro administrativo da produção do vinho, é o ponto de partida para seguir de ônibus, carro ou trem. As estradas e a ferrovia tortuosas acompanham muitas vezes o traçado do rio Douro, onde barcos também levam turistas. Entremeada por cidadezinhas históricas de casario caiado, com as montanhas salpicadas de pequenas igrejas barrocas, a região também prima pela fabricação artesanal de queijos, azeites e pães.
E, se você quiser se tornar um "especialista" em vinhos, aproveite e pare em Pinhão, localizada a 120 km do Porto.
O Hotel Vintage House (www.hotelvintagehouse.com) possui uma "academia do vinho". Lá, cursos revelam a história do vinho do Porto, ensinando a diferenciar os vários tipos e indicando as combinações gastronômicas possíveis, em provas comentadas. O vinho do Porto, que herdou seu nome porque era exportado a partir de Vila Nova de Gaia, na região da cidade do Porto, remonta ao vinho que era produzido pelos franciscanos já nos séculos 11 e 12.
No século 15, com os descobrimentos portugueses, os navios eram abastecidos com esse vinho, que muitas vezes chegava alterado ao seu destino. No século 18, a aguardente vínica passou a ser adicionada à bebida para estabilizá-la, interrompendo a fermentação e originando um vinho quente e licoroso.
(CLÁUDIA COLLUCCI)


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