São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

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Ouro brasileiro brilha em igreja local

DO ENVIADO ESPECIAL

Em Portugal, o Porto é tradicionalmente o início para o chamado Caminho do Norte até Santiago de Compostela, já em território espanhol. O itinerário começou a ser usado logo após a descoberta do túmulo de Santiago (séc. 9º).
Os caminhos "astur-galáicos", como eram chamados, foram pioneiros em trazer peregrinos a Santiago e tinham vitalidade semelhante aos demais trajetos jacobeus tradicionais. Isso foi antes que os monarcas espanhóis decidissem privilegiar o caminho francês, cujo apogeu, entretanto, não tornou as rotas "astur-galáicas" decadentes.
No Porto, a igreja de São Francisco impressiona. Construída em estilo gótico, com algum remanescente românico, de linhas sóbrias, a igreja pertenceu ao convento dos frades de são Francisco.
A fachada do templo, cujas obras começaram em 1383, tem um grande portal dos séculos 17 e 18 em estilo jesuítico.
O contraste está na decoração interior, de estilo barroco, onde predomina o dourado, dando luz a formas arredondadas.
O ouro vindo das colônias, incluindo o Brasil, cobre praticamente todo o interior da catedral e calcula-se que ali exista entre 500 kg e 600 kg do metal. Infelizmente não é permitido fotografar seu interior, sabe-se lá por qual razão. Alegam direito de imagem.
A torre dos Clérigos, integralmente construída em cantaria, com 75 metros de altura, situa-se entre o campo Mártires da Pátria e a rua dos Clérigos. É o mais célebre projeto de Nasoni e o verdadeiro ex-libris da cidade do Porto. Faz conjunto com a igreja homônima, uma construção do século 18 em estilo barroco. A nave é decorada com talha barroca-rococó.
No museu da Santa Casa de Misericórdia, destaca-se a pintura da escola flamenga "Fons Vitae" (fonte da vida), onde figuram monarcas portugueses assistindo à crucificação.
Também vale a pena fazer uma caminhada pela ponte Dom Luís 1º, construída em 1886 e projetada por Théophile Seyrig, antigo colaborador de Eiffel. Seyrig havia se separado do seu mestre justamente para tentar sair da sua sombra, porém seu cuidado foi em vão, já que muita gente atribui a autoria da ponte ao criador da Torre Eiffel, de Paris. A ponte é o caminho para o mirante do mosteiro da Serra do Pilar, de onde se tem uma vista das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia.
Mas Gustave Eiffel também deixou sua marca na cidade, a ponte Dona Maria Pia, inaugurada em 1877, com 61 m de altura e 354 m de comprimento.
O Porto é também o local para se cometer pecados. Hospedado às margens do rio Douro, o visitante cede à tentação do vinho.
A vista noturna da cidade de Nova Gaia, perto do Porto, convida ao romance e à contemplação, seja da sacada de um quarto de hotel ou dos pequenos e graciosos restaurantes localizados nas margens do rio, saboreando alguns pratos regionais.
Além de andar pelas vielas da Ribeira -bairro histórico da cidade-, que lembram as do Pelourinho, em Salvador, um passeio pelo rio nas pequenas embarcações ao estilo das gôndolas de Veneza dará um prazer especial à viagem. (ORMUZD ALVES)

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