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Ouro brasileiro brilha em igreja local
DO ENVIADO ESPECIAL
Em Portugal, o Porto é tradicionalmente o início para o chamado
Caminho do Norte até Santiago
de Compostela, já em território
espanhol. O itinerário começou a
ser usado logo após a descoberta
do túmulo de Santiago (séc. 9º).
Os caminhos "astur-galáicos",
como eram chamados, foram
pioneiros em trazer peregrinos a
Santiago e tinham vitalidade semelhante aos demais trajetos jacobeus tradicionais. Isso foi antes
que os monarcas espanhóis decidissem privilegiar o caminho
francês, cujo apogeu, entretanto,
não tornou as rotas "astur-galáicas" decadentes.
No Porto, a igreja de São Francisco impressiona. Construída em
estilo gótico, com algum remanescente românico, de linhas sóbrias, a igreja pertenceu ao convento dos frades de são Francisco.
A fachada do templo, cujas
obras começaram em 1383, tem
um grande portal dos séculos 17 e
18 em estilo jesuítico.
O contraste está na decoração
interior, de estilo barroco, onde
predomina o dourado, dando luz
a formas arredondadas.
O ouro vindo das colônias, incluindo o Brasil, cobre praticamente todo o interior da catedral
e calcula-se que ali exista entre
500 kg e 600 kg do metal. Infelizmente não é permitido fotografar
seu interior, sabe-se lá por qual
razão. Alegam direito de imagem.
A torre dos Clérigos, integralmente construída em cantaria,
com 75 metros de altura, situa-se
entre o campo Mártires da Pátria
e a rua dos Clérigos. É o mais célebre projeto de Nasoni e o verdadeiro ex-libris da cidade do Porto.
Faz conjunto com a igreja homônima, uma construção do século
18 em estilo barroco. A nave é decorada com talha barroca-rococó.
No museu da Santa Casa de Misericórdia, destaca-se a pintura da
escola flamenga "Fons Vitae"
(fonte da vida), onde figuram monarcas portugueses assistindo à
crucificação.
Também vale a pena fazer uma
caminhada pela ponte Dom Luís
1º, construída em 1886 e projetada
por Théophile Seyrig, antigo colaborador de Eiffel. Seyrig havia se
separado do seu mestre justamente para tentar sair da sua
sombra, porém seu cuidado foi
em vão, já que muita gente atribui
a autoria da ponte ao criador da
Torre Eiffel, de Paris. A ponte é o
caminho para o mirante do mosteiro da Serra do Pilar, de onde se
tem uma vista das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia.
Mas Gustave Eiffel também deixou sua marca na cidade, a ponte
Dona Maria Pia, inaugurada em
1877, com 61 m de altura e 354 m
de comprimento.
O Porto é também o local para
se cometer pecados. Hospedado
às margens do rio Douro, o visitante cede à tentação do vinho.
A vista noturna da cidade de
Nova Gaia, perto do Porto, convida ao romance e à contemplação,
seja da sacada de um quarto de
hotel ou dos pequenos e graciosos
restaurantes localizados nas margens do rio, saboreando alguns
pratos regionais.
Além de andar pelas vielas da
Ribeira -bairro histórico da cidade-, que lembram as do Pelourinho, em Salvador, um passeio pelo rio nas pequenas embarcações ao estilo das gôndolas de
Veneza dará um prazer especial à
viagem.
(ORMUZD ALVES)
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