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DE OLHO NA PARAÍBA
Comunidade hippie mostra seu modo de vida a turistas que mergulham na argila e são rebatizados
Passeio bicho-grilo termina com todos nus
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA PARAÍBA
O clima é meio "bicho-grilo" e
não tem nada a ver com praia,
embora o tradicional banho não
fique de fora. Só que, em vez da
água, entra o banho de argila
branca e, no lugar do mar, entram
piscinas de água límpida.
A visita à fazenda Aldeia Flor
D'Água, onde vivem 16 famílias,
na vila Gurugy (um antigo quilombo), a 4 km da praia de Jacumã, é uma atração inusitada.
O ponto de partida é a oca erguida pelo paraense Julio Lisboa
de Magalhães, o Julíndio, morador do local e guia da "aldeia".
As paredes são de madeira e
barro com garrafas. O telhado é
de palha de coqueiro. Na entrada,
uma rede faz as vezes de porta. O
chuveiro é uma panela furada.
Na oca, acontece, à noite, o ritual de iniciação ao naturismo,
prática comum por ali, com fogueira, incenso, velas e danças.
"Cada participante tem que atirar um pedaço de si (unha, cabelo,
etc.) ao fogo para se libertar da
matéria. Depois todos caminham
pelados pela mata e se pintam
com argila e urucum", explica Julíndio. O ritual não está incluído
no passeio, que é de manhã.
Dá para seguir uma trilha longa
ou uma curta. Ambas passam pela mata ciliar e levam ao banho de
argila. O solo se torna mais úmido, por conta das nascentes de
água pura. Na primeira parada,
Julíndio pede a todos que fiquem
de cócoras e de olhos fechados para ouvir a mata. O passeio intensifica o contato com a natureza.
Chega-se à "piscina" de argila
branca. Depois de pisar a "lama",
o grupo se lambuza à vontade.
Então é a hora de tirar a argila do
corpo em um lago. A parada seguinte é um cajueiro. Uma placa
avisa: a partir desse ponto, só se
pode prosseguir sem roupa.
Se não se sentir à vontade, o visitante pode esperar a turma voltar.
Após o cajueiro, fica a Panela da
Vida, lago que alterna água gelada
e morna, e o banho do Beija-flor,
junção de todas as águas da fazenda. Lá os participantes são batizados com nomes indígenas. A professora italiana Beta Romano, que
mora em João Pessoa, virou Iauí,
que significa "gota de orvalho".
Ao longo do passeio, Julíndio
fala sobre plantas como a tiririca,
utilizada pelos índios para cortar
os cabelos, e o cajueiro-bravo, cuja folha serve de lixa de unha.
Para o passeio, é possível solicitar um almoço regional ou vegetariano. Em um roteiro criado pelo bugueiro George Jales, o itinerário segue com uma visita à cachaçaria Tambaba, onde aprende-se como é feita a cachaça e degustam-se licores, acompanhados
de frutas regionais. Tudo na companhia dos proprietários Antônio
Chagas, 72, e Carmita da Silva, 37.
A garrafa de 700 ml da cachaça
custa R$ 10.
(AUGUSTO PINHEIRO)
Onde - Contatos para o passeio: Julíndio
(tel. 0/xx/83/9108-3278) e o bugueiro
George Jales (tel. 0/xx/83/9304-7379)
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