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ESTÂNCIA ACIMA
Degustação da bebida em pequenas propriedades da região é acompanhada de bate-papo descontraído
Prosa de produtores dá mais sabor ao vinho
DA ENVIADA ESPECIAL A SERRA NEGRA
O vinho tinto preparado pelos
pequenos produtores descendentes de italianos de Serra Negra
ajuda a levantar a temperatura do
corpo, mas fica mais saboroso
quando acompanhado dos causos contados pelos produtores,
como Décio Girardi Cilotto, mais
conhecido como Neno, ou os
membros da família Carra.
Ambos compram as uvas no Sul
do país, principalmente da região
de Bento Gonçalves, e, junto com
outros produtores da região, pensam em montar a Confraria do
Vinho, com o objetivo de minimizar os preços dos fornecedores.
Proprietários do sítio Bom Retiro, os Carra explicam para o visitante o processo de produção da
pinga, do vinho e da rapadura que
fazem e depois lhes oferecem degustação das bebidas.
Para os apreciadores de cachaça, há preciosidades de longa data, como uma produzida em 1978,
e outras surpresas raras.
Em relação ao vinho, o envolvimento com a bebida é tamanho
que Laércio Carra garante que a
primeira palavra falada pelo seu
filho foi "vinho". A família produz
vários tipos da bebida, e o comprador pode encomendar vinhos
com características específicas.
Normalmente a garrafa de 750 ml
custa R$ 5 (uva isabel), R$ 7 (merlot) e R$ 12 (cabernet).
Embora tenham herdado a técnica dos antepassados, os irmãos
Carra pesquisam em livros e revistas sobre o setor e nunca foram
à Itália. "Quem sabe um dia nossos filhos poderão conhecer a terra de nosso bisavô. Nossa família
sempre foi muito sofrida, meu
avô era marceneiro e fez com as
próprias mãos a capota do seu jipe", diz Clóvis Carra, acrescentando que o forte do sítio é a produção de mangas.
O patriarca, Dalcin, 72, lembra
bem do avô, o italiano que trouxe
a família ao Brasil. "Ele morreu
aos 84 anos sem ter rugas. Dava
para ver até as veias do seu rosto",
comenta, lembrando-se de uma
foto que foi tirada um ano antes
da sua morte, em 1931.
Dalcin tem uma prosa animada. "Todo ano faço 400 litros de
vinho do meu jeito." Casado há
48 anos com a mesma mulher, ele
diz tomar vinho todo dia e costuma receitar vinho de laranja com
café como remédio até para as
crianças da família. "É melhor
que xarope." Já a cachaça não parece fazer sua cabeça, embora, segundo ele, os filhos costumem
brincar: "A gente faz pinga para
nosso pai e só vende o que sobra".
(MARISTELA DO VALLE)
Sítio Bom Retiro - Tel. 0/xx/19/3892-3574.
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