São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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Bacalhau português aporta na serra

DA ENVIADA ESPECIAL

"Podem beliscar a sua filha, mas nunca o bacalhau", brinca a mulher do proprietário e chef do restaurante Sr. Bacalhau, Adriana Carnieri de Pinho Martins, para mostrar o cuidado que o marido tem com o carro-chefe do restaurante. O português José Maria de Pinho Martins comenta que chega a devolver as caixas de bacalhau importado quando ele não vem com textura, cor e umidade adequadas.
O resultado está no sabor dos bolinhos de bacalhau (R$ 1,75 cada um), da casquinha de bacalhau (R$ 5) e do bacalhau à moda do Porto (R$ 65, serve duas pessoas), que vem com lascas de alho frito, azeite, batata e brócolis. Ainda acompanham o peixe pãezinhos de cebola e alho e um patê de anchovas que lembra uma sardela menos apimentada.
Nascido no Porto, Martins tem uma paixão antiga pela culinária: "Cozinho desde os cinco anos, sempre incentivado pela minha mãe, que jogava fora o que não ficava bom e sugeria que eu fizesse de novo". Comandando o único restaurante português da região, o modesto chef afirma que talvez não tivesse tanto êxito se servisse comida italiana, devido à concorrência (há muitos descendentes de italianos em Serra Negra).
Porém o proprietário da cantina italiana San Marco, Fernando Braga, não reclama da clientela. Servindo delícias como lasanha a três queijos (R$ 13 para uma pessoa e R$ 24 para duas) e canelone com ricota (respectivamente R$ 13 e R$ 24), ele diz manter as receitas da família, embora às vezes adapte seus pratos. "Aqui é o cliente quem manda."
Preocupado em preservar a tradição, Braga explica por que não tem um sobrenome italiano: "Quando meu avô chegou ao Brasil, caiu um pouco de tinta nos documentos de imigração, e Bragatto virou Braga".

Tira-gosto
Para beliscar no fim da tarde ou levar para casa quitutes mineiros, o café Coisas da Fazenda é um ambiente bem agradável. Após bater perna pela cidade, o visitante pode descansar no local, que fica um pouco afastado da muvuca, para degustar patês de ricota com alho ou de beringela preparados pela própria proprietária da casa, Silvana Siqueira. Cada pote de patê com 250 ml custa R$ 3.
Ela e o namorado, José Ricardo Tomazeli Campos, também comercializam queijo frescal -comum (R$ 3) ou temperado (R$ 4) com, por exemplo, orégano e calabresa- fabricado na própria fazenda da família, bolos como o de aipim com coco (R$ 5, cerca de 500 g) e doces comprados no sul de Minas, como geléia de goiaba (R$ 8 o vidro de 500 ml), preparada, segundo Campos, em tachos de cobre, com colher de pau.
(MARISTELA DO VALLE)


ONDE COMER - Cantina San Marco: r. 7 de Setembro, 145, tel. 0/xx/19/3892-2844; Coisas da Fazenda: r. José Bonifácio, 282, tel. 0/xx/19/3892-3146; Sr. Bacalhau: r. 14 de julho, 511, tel. 0/xx/19/ 3842-1342.


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